fbpx

Marinho e Pinto recorda afastamento do pai por divergĂȘncias polĂ­ticas

Marinho e Pinto esteve afastado do pai durante cerca de 17 anos.

Ana Ramos
3 min leitura
Facebook

AntĂłnio Marinho e Pinto esteve, esta segunda-feira, Ă  conversa com Manuel LuĂ­s Goucha, na TVI, e falou sobre as divergĂȘncias polĂ­ticas que tinha com o pai.

O seu “batismo político” decorreu no Porto, numa manifestação: “Aparece a polícia de vários lados, à pancada. Abriram-me a cabeça em dois sítios. Eu tinha 17/18 anos e, a partir daí, não houve regresso”.

Marinho e Pinto recordou o tempo que passou em Coimbra, quando era jovem e tinha uma “vida cultural intensa”. “Foram tempos em que nós, jovens, sentíamos que devíamos intervir e devíamos atuar”, sublinhou.

“A polĂ­cia ocupou a associação acadĂ©mica e, a dada altura, um chefe da polĂ­cia diz: ‘Todos vĂŁo ter de sair e vĂŁo ter de se identificar Ă  saĂ­da’. Dei um passo em frente, virei as costas para a polĂ­cia e disse aos colegas: ‘NĂŁo temos nem de sair nem de nos identificarmos! Isto Ă© nosso! Isto Ă© a nossa associação”, recordou, referindo que, de seguida, a polĂ­cia espancou-o e levou-o para a esquadra.

“O meu pai era uma pessoa que gostava do regime. Foi um choque enorme quando soube que eu tinha sido preso pela PIDE, em Coimbra, por ser comunista. E não falámos mais durante quase 17 anos”, lembrou Marinho e Pinto.

Certo dia, Marinho e Pinto decidiu viajar atĂ© ao Brasil, onde o pai vivia, para resolver-se com ele: “Pensei ‘sĂł tenho este pai, este Ă© o meu pai’”. “Apresentei-me lĂĄ de surpresa e demos aquele abraço de pai e filho, aquele abraço de 17 anos de ausĂȘncia”, disse.

“Não foi uma coisa um contra o outro. Ele não respondeu à minha carta, eu não respondi à dele. Mas ele nunca deixou de ser o meu pai, eu nunca deixei de olhar para ele como meu pai e ele nunca deixou de olhar para mim”, explicou Marinho e Pinto a Manuel Luís Goucha.

“Eu achava que ele nĂŁo tinha razĂŁo. Achava que aquilo que ele acreditou no tempo dele estava a desmoronar-se e tinha de se desmoronar, porque, por todo o mundo, era esse o sinal”, disse ainda Marinho e Pinto, referindo que, por vezes, Ă© preciso “este esforço” de se colocar “no lugar do outro”.

Veja o momento aqui e aqui.

Relacionado: