fbpx

Maria do Céu Guerra: “Gostava que as pessoas de idade olhassem para a Corcovada como os miúdos olham para o Peter Pan”

"Eu não gosto do tempo", disse Maria do Céu Guerra.

Ana Ramos
3 min leitura
Instagram

Maria do Céu Guerra foi uma das convidadas de Manuel Luís Goucha no programa desta terça-feira, na TVI, e falou sobre a passagem do tempo e da personagem que interpreta na novela “Festa é Festa”.

“Tenho medo de morrer antes de envelhecer. Eu descobri a Corcovada através dessa frase. Um dia, disse essa frase e disse: ‘Eu gostava que as pessoas de idade olhassem para a Corcovada como os miúdos olham para o Peter Pan. É um miúdo que pode fazer tudo, que não tem limites, que voa… Aquilo foi o meu lema, aquela coisa de agora vai andar de carro, depois, vai andar de mota, depois, vai não sei o que. Eu gosto muito desse lado”, comentou a atriz de 80 anos.

Maria do Céu Guerra afirmou que procura “não pensar muito na velhice” e que olha para o tempo como “um intruso” e como algo que lhe causa “tristeza”: “Falta-me ler muitos livros… Falta-me tudo”. “Há muita coisa para ver. A vida é maravilhosa! Falta-nos fazer tudo. O que cabe numa vida? Não cabe muita coisa. Eu tenho feito tudo o que posso”, afirmou.

“Eu não gosto do tempo. Não uso relógio. Eu usei um único relógio e é uma história triste. Tinha morrido o José de Castro e eu adorava o José de Castro, era muito amiga dele e eu ia ao funeral dele. O funeral dele era em Paço de Arcos e eu fui a correr para poder ir ao funeral dele. Cheguei e disseram-me que já tinha saído e que eu já não apanhava”, contou Maria do Céu Guerra.

“Fiquei tão triste, tão triste e olhei para o outro passeio e vi um relojoeiro e disse: ‘Vou comprar um relógio! Nunca mais chego atrasada a lado nenhum’. Durou-me aí uns cinco anos. Estragou-se aquele, nunca mais quis mais nenhum. Mas foi de raiva. A minha falta de compromisso com o tempo obrigou-me a falhar uma coisa que eu gostava tanto. Tenho de ter um relógio e tive”, recordou ainda Maria do Céu Guerra.