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Apropriação Cultural? Rita Pereira quebra silêncio após polémica

A Televisão
6 min leitura

Rita Pereira quebrou o silêncio após ter sido criticado devido ao penteado que adotou.

Rita Pereira viu-se envolvida numa polémica, após ter sido criticada por vários seguidores nas redes sociais. Em causa estava a publicação de um vídeo em que a atriz mostrava uma transformação de visual, após o fim das gravações da novela ‘Quero é Viver’, e a adoção de tranças em estilo africano.

Querida, essa descrição da música não faz sentido nenhum. Tu não és preta para os brancos, vocês nunca vão ser pretos, nunca, e nunca vão saber o que é ser preta principalmente aqui em Portugal“, atirou uma internauta, acusando a artista de ‘apropriação cultural‘.

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Agora, Rita Pereira decidiu reagir publicamente à situação, com a publicação de um longo texto (e desabafo). “Ponderei escrever este texto porque acho sinceramente que, diga o que disser, não vai ser ouvido, comentado ou tido em conta por quem me criticou ou por quem simplesmente escreveu títulos polémicos procurando cliques. E também porque não é um assunto que se consiga resumir num post de Instagram”, começa por dizer.

Desde que me conheço como gente que sou contra a desigualdade, a segregação racial, a discriminação social, o racismo. Desse que faço televisão que me manifesto contra o mesmo publicamente. São 18 anos a ‘chegar-me à frente’ no que diz respeito ao racismo“, contínua a estrela da TVI.

Fui das primeiras pessoas (não afro descendente) a falar de racismo em televisão, sem medo do que isso implicaria. Apenas com o propósito de levar informação às pessoas certas. Em Portugal o racismo é assunto tabu. Poucos querem discutir, poucos querem opinar, muitos querem ignora. Não sou eu, uma branca privilegiada, que devo falar sobre isto, mas tendo consciência plena deste privilégio e da influência que tenho no meu país, não posso ficar calada, deixando que me apontem o dedo como ‘desinformada’“, acrescenta.

De seguida, Rita Pereira revela a história de uma amiga sua que foi recentemente despedida do local de trabalho por se ter apresentado com o mesmo tipo de tranças. “Há uns meses, em conversa com uma amiga afro descendente, ela contou-me que foi despedida do seu trabalho por ter aparecido de tranças. Sim, por usar tranças. Isto ainda acontece em Portugal. E porquê?! Porque o cabelo de um africano, as tranças, a afro, é visto (por estes racistas) como sujo, impróprio, pouco profissional, não é digno. Em muitos lugares do país os cabelos afro não são aceites”, explica.

“As mulheres de etnia africana são obrigadas, sim obrigadas, a esticar o cabelo ou usar laces/ perucas para que possam trabalhar em determinadas empresas. Em muitas escolas as crianças afro descendentes são “aconselhadas” a não usar tranças ou afro. Crianças que já crescem sem liberdade de serem como quiserem”, diz ainda.

Ora, se isto me causa revolta, imaginem às pessoas que sentem isto na pele há centenas de anos. E depois vem uma branca privilegiada com tranças e é sinónimo de exótica, moderna, linda, tudo de positivo, algo pelo qual os afro descendentes lutam há anos, equidade étnica, cultural e capilar“, afirma.

Rita Pereira explica a sua mudança de visual: E agora a questão: se sei disto tudo porque fiz na mesma as twists?! Porque, após questionar o meu marido, amigos, familiares e activistas afro descendentes. Cheguei à conclusão que, devido à minha história de vida em relação à cultura africana, o facto de respeitar, admirar e honrar a cultura, sendo ativista em relação ao racismo, faz com que não seja uma apropriação cultural, mas sim admiração cultural. Apropriação cultural é, entre outras coisas, usar algo da cultura de um povo sem o valorizar, frisa Rita Pereira.

“Acham mesmo que eu, perante toda a minha história, estou a desrespeitar, desvalorizar ou apoderar-me da cultura africana?! O facto de eu usar tranças ou twists é no meu ver uma valorização, admiração, respeito e acima de tudo parte da globalização. Espero que esta polémica tenha ajudado pelo menos a trazer à praça pública esta questão da cultura capilar para que seja aceite em qualquer lugar, qualquer empresa, qualquer comunidade“, afiança.

E termina: “Porque se 1 terço dos meus seguidores tiver refletido sobre isto, já valeu a pena ser protagonista deste ataque e polémica”.

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