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José Milhazes sobre a guerra: “A Rússia está nas mãos de pessoas sem sanidade mental”

"Fico surpreendido com aquelas pessoas que têm ideias acabadas para toda a vida", afirmou José Milhazes.

A Televisão
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Reprodução/Redes sociais

Neste sábado, a SIC decidiu repetir a entrevista feita a José Milhazes para o programa “Alta definição”. O jornalista e comentarista falou sobre a sua vida pessoal e profissional, e fez algumas confissões sobre os 38 anos em que viveu na União Soviética.

Eu queria ser padre. Um dia sonhei que Deus me disse para ir embora. No dia a seguir, levantei-me, e fui embora“, começou por contar.

Se o paraíso vem depois da morte, no comunismo é construida na terra. Fui para a União Soviética, e o paraíso não existia. Aqui também não existe, porque o ser humano tem um problema: pensa. Isso é positivo, mas ao pensarmos, conseguimos fazer o mal, conseguimos criar a maldade, ao contrário dos animais, e isso faz com que sociedade não consiga criar uma perfeição que nos faça ficar descansados. O poder absoluto, é mau“, explicou, recordando que, quando viajou para a Rússia, sonhava com um mundo melhor.

Essa crença que tiveste chega a ser para ti tempo perdido?“, questionou Daniel Oliveira. Ao que o entrevistado, respondeu prontamente: “Acho que mudar de ideias é normal, e eu posso reconhecer que estou errado. Eu fico é surpreendido com aquelas pessoas que têm ideias acabadas para toda a vida. Ser consequente no mal, não é nenhuma virtude. Se não concordo com uma sociedade, eu vou encontrar outra sociedade“.

Era cegueira ideológica, podem chamar assim, não fico zangado. Havia um tempo em que ainda queria acreditar, mas rapidamente se entendeu que aquilo não tinha ponta por onde se pegar“, acrescentou.

Quando questionado sobre a sua fé, pelo facto de ter estudado para ser padre, José Milhazes afirmou ter as suas dúvidas e ser, por isso, bastante cético: “Será que Deus pode tolerar esta loucura humana? Agora estou muito mais precavido sobre ideais absolutos. Eu vivi em duas ditaduras e escolho a democracia, não há dúvida. Portugal é um mais maravilhoso, mas muito mal tratado por nós“.

Tencionas um dia la voltar?“, perguntou Daniel. “Sem Putin. Esta não é a Rússia que eu conheço, 38 anos lá, foi tempo de mais. Distraí-me. Os meus filhos vieram antes. Deixei-me levar pelo jornalismo“, declarou o jornalista.

Sobre o futuro da guerra, José Milhazes afirmou ainda: Sou muito pessimista. A Rússia esta nas mãos de pessoas sem sanidade mental. Tenho receio dos paranoicos que chegam ao poder e o que podem fazer com ele. A vida que tivemos até dia 23 de fevereiro acabou, a guerra veio mexer com o mundo todo“.

Para terminar, Daniel Oliveira fez a clássica pergunta: “O que dizem os seus olhos?

Queria que os meus olhos não vissem aquilo que hoje se passa. Daria tudo para que não víssemos a maldita guerra. Tenho amigos russos, ucranianos, que podem não sobreviver“, rematou.

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