fbpx

Duck recorda fim dos Excesso: “Fui-me abaixo à grande”

Os Excesso despediram-se dos palcos em 1999.

Ana Ramos
5 min leitura
SIC

Duck, dos Excesso, foi um dos entrevistados desta terça-feira, no programa de Júlia Pinheiro, na SIC, e recordou o fim da banda.

Duck foi um dos membros mais afetados com o fim deste sonho e explicou que nunca pensou que tal acontecesse. “Foi aquela agitação toda, o cansaço… nós não parámos. É quase como um casamento ou como uma amizade”, disse.

“Tínhamos os nossos arrufos, as nossas zangazitas, muitas vezes até resolvidos em palco, nos espetáculos e as coisas iam andando para a frente, só que nós não percebemos é que tínhamos de parar e quem estava connosco também não percebeu. Atenção que eu não estou aqui a culpar ninguém, mas devíamos ter – olhando agora para trás – parado um pouco”, sublinhou Duck.

“Logo a meio do caminho, parámos, fomos de férias uma semana ou 15 dias, cada um para seu lado. (…) Mas devíamos ter parado mais tarde outra vez para descansar. Podíamos estar juntos, mas devíamos era ter-nos afastado dos palcos, desta azáfama toda, do estrelato e tudo mais e descansar. Não o fizemos, acabou por entrar em rutura”, continuou.

“Acho que eu e eles nunca pensamos, nem nunca olhámos para o fim dos Excesso, mas ele chegou”, acrescentou, referindo que, na altura, tinham “imensas coisas para fazer a seguir” e que o clima era “de continuar”. “Íamos fazer mais coisas para além da música. Havia, na altura, se não estou em erro, a possibilidade de fazer televisão para um de nós e outras coisas, a nível de produção de outros artistas… Era normal que pensássemos em continuar e em desenvolver as coisas”, recordou Duck.

No entanto, confessou que percebeu “perfeitamente bem o porquê da saída do Carlos”: “Era o cansaço, era o estarmos esgotados de tudo e mais alguma coisa e nós os cinco somos muito diferentes… E aconteceu”.

“Ainda houve uma tentativa de o Gonçalo e de o Melão, de continuarmos, depois, os três e fazermos um casting para meter mais uma ou duas pessoas. Foi uma ideia que surgiu, mas, para mim, não, porque os Excesso somos nós os cinco, comentou Duck.

Com o término da banda, Duck viveu um período complicado: “Fui-me abaixo à grande, porque isolei-me. Não percebi o que é que estava a fazer e não deixei que ninguém à volta percebesse. Enfiei-me em casa, se bem que saía, mais à noite, parecia um morcego, muitas vezes para o bar de um amigo meu que era perto da minha casa. Estava ali com a malta a conviver, bebia uns copos, mas aquilo, basicamente, era para me distrair porque, depois, quando chegava a casa, entrava aquele vazio, entrava a solidão, montes de coisas a passarem-me pela cabeça… a saudade”.

Duck explicou que tinha “saudades deles, de tudo”: “Era o querer que as coisas voltassem a acontecer e não sabia como é que elas poderiam voltar a acontecer”.

Certo dia, com a cabeça que parecia “que queria rebentar, era muita coisa dentro da cabeça”, Duck “chorava compulsivamente, desalmadamente” e percebeu que “não estava bem”. Sentiu-se a perder “as forças” e ligou para os bombeiros e para o pai.

No dia em que acordou, já no hospital, fez uma reflexão interior: “‘O que é que se passa? Há qualquer coisa que não está bem’. E comecei a olhar para dentro e a falar comigo e disse ‘Não, tens de sair daqui. A vida é isto? É isto que tu queres? Não, segue’”. Duck contou que começou a ir dando alguns “passinhos só durante alguns anos” e, aos 31 anos, é que começou “a reconstruir” a sua vida.

Duck acredita que ganhou “uma força interior” e que, hoje em dia, procura “olhar sempre para coisas positivas”: “Sempre que tenho um dia menos bom, volto atrás esses anos todos e lembro-me daquele dia e isso dá-me força”.

Veja aqui uma parte da conversa.

Relacionado: