Susana Areal, especialista em comportamento humano, esteve num debate promovido pelo A Televisão sobre “o que se passa com Cristiano Ronaldo”. A discussão, moderada por Duarte Lago, contou também com a participação da psicóloga Júlia Machado e ainda de António Carvalho, que já passou por uma depressão.
O que se passa com Cristiano Ronaldo? Esta foi a questão central de um debate promovido pelo A Televisão e que misturou dois campos distintos, mas que se complementam: a psicologia e o profiling.
“Nós não fazemos qualquer tipo de terapia, mas quando identificámos alguém que precisa de terapia eu encaminho para a Júlia Machado. O profiler identifica, diz qual é o perfil comportamental, qual é a forma de estar da pessoa, em que fase é que está da vida, como é que se motiva… Quando nós percebemos que há algo a ser tratado, e que na minha opinião é o que se passa neste momento com o Cristiano Ronaldo, eu acho que ele precisa de ajuda, e aí entra na área da psicologia“, explicou Susana Areal, especialista em comportamento humano que é fã de CR7 e que criticou muito a postura de Fernando Santos para com o jogador ao longo deste Mundial.
“A mim, chocou-me muito o que se passou neste Campeonato do Mundo. Eu até postei um texto no Facebook… Eu tracei o perfil do Ronaldo antes do Mundial, duas ou três semanas antes, e até sugeri à família que o impedisse de ir a essa competição, porque acho que ele merece todo o carinho, toda a gratidão, de todos nós, e eu temia que acontecesse o que aconteceu“, lamentou.
“Ele está a passar uma fase extremamente dura na sua vida, que faz com que não esteja a tomar as melhores atitudes… E sendo ele o profissional que é, devia sair já, em grande. Mas saiu a chorar, que é tudo aquilo que eu não queria que acontecesse ao melhor do mundo. Dificilmente surgirá alguém com as características dele“, referiu.
“Ele, aos 12 anos, começa a trabalhar. Aos 12 anos, já só jogava futebol. O que é o Cristiano Ronaldo? Ele construiu a sua identidade só como jogador. Ele nunca fez mais nada. Ele saía do treino e continuava a treinar no ginásio, ia para a banheira de gelo, ia comer o que era recomendado. Toda a sua vida era isto. E o que é que acontece? Ele percebe que já não está na forma que ele próprio não quer aceitar que não está. Ele já não consegue estar na mesma forma. E ao não estar nessa forma, ele precisava que todos os portugueses estivessem lá para o apoiar. E se estivessem lá ele saberia que seria o último Mundial e saía em grande. Mas as pessoas não estiveram lá“, criticou.
“E ao não estarem lá, ele sente-se empurrado por todos aqueles a quem tanto deu. Ele foi criticado por muitos jornalistas e comentadores, foi uma vergonha, uma ingratidão (…) Ele está a ser empurrado para a reforma, mas ele não sabe o que é viver sem o futebol“, acrescentou ainda Susana Areal.
A especialista em comportamento humano lembrou ainda que, atualmente, “toda a gente sabe onde Portugal é no mapa graças ao Cristiano Ronaldo“, mas sublinhou ainda que o craque deve pendurar as chuteiras e sair do futebol da forma mais digna possível. “A partir daqui, vai ser sempre a descer […] Vamos ter um Cristiano Ronaldo a oferecer-se a clubes? Não pode ser“, rematou.
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