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Ruben Aguiar confessa estar “bastante arrependido”: “Nunca tentei magoar ninguém”

Ruben Aguiar vai recorrer da decisão do tribunal.

Ana Ramos
10 min leitura

Ruben Aguiar deu uma entrevista, esta sexta-feira, ao programa “Linha Aberta”, na SIC, após saber a decisão do tribunal e ainda depois de serem conhecidas declarações da vítima e imagens do ocorrido. O cantor confessou estar “bastante arrependido”.

“Estamos a falar de uma situação muito delicada, em que a vítima esteve hospitalizada quase um mês e foi sujeita a algumas cirurgias devido ao atropelamento. Eu, sinceramente, estou bastante arrependido do que fiz e, inclusive, é importante salientar isto, que eu, por várias vezes em audiências de julgamento, em tribunal, olhei para a vítima, mostrei todo o meu arrependimento, pedi desculpas”, começou por dizer o artista.

“Inclusive, quando o julgamento acabou, eu dirigi-me ao pé do senhor para lhe dar uma mãozada e pedir-lhe desculpas, o mesmo, infelizmente, não aceitou a minha mãozada, mas que fique bem claro que eu nunca tentei magoar ninguém. Este nunca foi o meu desejo. Infelizmente, aconteceu, tive um azar, eu errei, deveria ter mais precaução, sim, é verdade, mas nunca desejei”, sublinhou Ruben Aguiar.

“Aliás, repito e volto a dizer, as minhas mais sinceras desculpas à vítima e à família. Eu tive um azar, porém, o senhor Carlos teve um azar ainda maior, porque, efetivamente, ficou gravemente ferido”, considerou Ruben Aguiar.

Ruben Aguiar referiu que não ouviu a entrevista completa de Carlos Sales, mas disse estar “muito triste com esta situação”: “Isto nunca foi a minha intenção magoar ninguém e esta situação é uma situação muito delicada”.

Ruben Aguiar negou não ter mostrado arrependimento: “Eu, publicamente em tribunal, olhei para o senhor Carlos, frente a frente, e pedi desculpas e nunca, nunca desejei este desfecho. Infelizmente, aconteceu”.

“No meu ponto de vista, era muito importante a dra. juíza ir ao local, verificar, porque, na hora em que eu arranco, eu olho para a minha esquerda, que é de onde vem o perigo. Ao olhar para a minha esquerda, perco o ângulo de visão do senhor Carlos. Portanto, eu acho que era muito importante para a dra. juíza ir lá ao local e verificar se, ao olhar para a esquerda, perdia ou não o ângulo de visão do senhor Carlos”, explicou Ruben Aguiar, que foi condenado a cinco anos e seis meses de prisão efetiva.

“Eu sinto-me muito em baixo, acho que é uma pena bastante pesada e acho que errei, claro que errei, não estou a dizer que não errei. Eu devia ter tomado as devidas precauções, só que isto foi tudo um misto de emoções. É preciso estar presente que aquilo era a primeira vez que eu estava naquele posto de estabelecimento”, comentou Ruben Aguiar, referindo que o local está “bastante mal sinalizado”.

“Estava a seguir o meu GPS, infelizmente, segui pelo caminho errado, aconteceu tudo isto e eu acho que, sinceramente, não desejei nunca atropelar este senhor. Errei, sim, não tenho dúvidas de que errei, só que eu acho que mereço uma segunda oportunidade. É só isso”, continuou Ruben Aguiar.

Ruben Aguiar afirmou que a pena foi “maior do que estava à espera” e que pediu para que fossem retiradas as “tarjas” pretas que aparecem na parte superior do vídeo das câmaras de videovigilância e que cobrem os seus rostos e ainda as imagens de outra câmara.

“Em primeiro lugar, porque foi um acidente, não propositado. Eu não desejei isto, ou seja, foi um atropelamento negligente e é consoante isso que eu estou a referir agora e consoante o que eu acredito no que estou a dizer”, acrescentou Ruben Aguiar.

Acerca da conversa tida com Carlos Sales quando sai do carro, Ruben Aguiar contou: “Lembro-me vagamente. Tenho a plena certeza que não tratei mal o senhor Carlos. Simplesmente, só queria sair do carro para efetivamente perceber o que se tinha passado, qual era a razão daquilo, porquê que ele tinha dado um murro no carro, porquê que me estava a fechar a porta e não me estava a deixar sair”.

“Eu estava assustado, não estava a perceber toda aquela situação. É preciso relembrar novamente que era a primeira vez que eu estava naquele sítio, era uma zona que eu não conheço, não costumo frequentar, bastante longe da minha área de residência”, indicou ainda Ruben Aguiar.

Ruben Aguiar contou que, durante essa conversa, “o senhor só estava a falar alto, estava agressivo na maneira de falar, estava a dizer que ia em contramão”: “Eu saí a perguntar ‘mas é preciso tudo isto? É preciso dar um murro no carro? Porquê isto? Bastava apenas me dizer que eu estava no sentido contrário, não precisava de fazer nada disto’. Eu nunca tratei mal o senhor Carlos, nunca sequer empurrei, agredi. Da minha parte, eu não fiz nada, nem eu me senti ameaçado alguma vez pelo senhor Carlos. Simplesmente, fiquei assustado e, depois, foi todo um misto de emoções”.

Mais à frente, Ruben Aguiar referiu que nunca entrou em contacto com a vítima por via telefónica, mas que, em tribunal e no seu exterior, pediu desculpa a Carlos Sales e perguntou “como é que ele estava de saúde”.

“Nunca desejei este desfecho, infelizmente, aconteceu. A única vez que eu falei com o senhor Carlos foi mesmo em tribunal e nos exteriores do tribunal. Disse que estava completamente arrependido, que aquele não era o melhor desfecho. Acho que foi basicamente a nossa conversa, foi só nesse sentido e também porque, efetivamente, eu quero saber como é que a vítima está e se ela vai ter sequelas no futuro”, completou Ruben Aguiar.

Recordando o momento em que arrancou com o carro, naquele dia, em abril de 2023, Ruben Aguiar lembrou: “Eu, quando arranco, sinto barulhos do meu lado direito, o que me leva a pensar que o senhor estava a esmurraçar o carro novamente. Era abanões. Eu ouvi barulhos do lado direito, mas como isto foi tão… com um misto de emoções tão forte, é preciso referir também que eu tinha estado na noite anterior em gravações em estúdio. Dormi pouco, tinha acabado de fazer três horas em viagem, vim do Porto para Alcochete, parei nas bombas para ir ao Burger King comer. Estava cansado, estava exausto e, depois, foi toda esta confusão em torno disto, o que me fez… eu só queria sair dali”.

“Eu não queria conflitos com ninguém! Naquela hora só me apetecia sair dali, não sabia que mais o homem podia fazer. Infelizmente, eu, ao olhar para a esquerda, perco o meu ângulo de visão do senhor porque, quando ele passa à frente do meu carro, o meu cérebro, automaticamente, interioriza que o senhor já foi embora”, descreveu ainda Ruben Aguiar.

Ruben Aguiar revelou que vai recorrer da decisão e que está a trabalhar no recurso, juntamente com o seu advogado: “Baixou, mas, mesmo assim, nós achamos que ainda é elevada para efetivamente o que aconteceu, porque eu nunca quis atropelar ninguém”.

“Espero que possa ter uma segunda oportunidade e, principalmente, que a vítima não tenha sequelas no futuro e que isto tudo não passe de um pesadelo. Isto não se pode apagar, existiu uma vítima, existiu uma pessoa que foi sujeita a várias cirurgias e, efetivamente, isto nunca foi desejado por mim”, rematou Ruben Aguiar.

“É vergonhoso, é horrível. Imagine agora os meus filhos pensarem que o pai é um indivíduo que anda para aí a atropelar pessoas… Isso é uma situação horrível. Eu nunca desejei nada disto”, lamentou Ruben Aguiar.

“Uma pena justa para mim era uma pena em que pudesse ficar suspensa, que eu pudesse trabalhar para eu conseguir pagar ao senhor Carlos toda a indemnização que a juíza porque, efetivamente, ele merece”, clarificou Ruben Aguiar, acrescentando que está disposto a responsabilizar-se por consultas de psicólogo e medicamentos que Carlos Sales necessite.

Veja aqui a entrevista.