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Pedro Chagas Freitas: “Quando perdemos alguém que amamos, não voltamos ao que éramos”

"Quando morre alguém que amamos, morre aquele Eu que viveu com aquela pessoa."

Ana Ramos
3 min leitura
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Pedro Chagas Freitas partilhou, esta quinta-feira, nas redes sociais, uma reflexão nas redes sociais, após o falecimento do seu pai há cerca de um mês.

“O luto não passa. Tem fases, estádios, ciclos. Em todos eles estamos despenhados, derrocados, ruídos, arruinados. Em nenhum deles há um alívio, uma paz, que nos ampare”, começou por escrever no Instagram.

“Quando perdemos alguém que amamos, não voltamos ao que éramos. O mundo era com aquela pessoa. Sem ela, será outra coisa, outra espécie de mundo. Deixa de haver a felicidade absoluta. Pode existir felicidade, muita felicidade, mas assim que existe passa a ser saudade. Lembra-nos de como seria bem mais feliz aquela felicidade se aquela pessoa que amamos ali estivesse”, continuou Pedro Chagas Freitas.

“Depois da morte de alguém que amamos profundamente, temos de nascer profundamente, reencontrar o berço noutro berço, descobrir como se chega à normalidade possível. Não vale a pena tentar compor os cacos, muito menos tentar remendar, reconstruir quem éramos. É fundamental deixar ir, entender que o que fomos não voltaremos a ser. Ninguém volta de um luto. Quando morre alguém que amamos, morre aquele Eu que viveu com aquela pessoa”, comentou Pedro Chagas Freitas.

“Não é o fim do mundo; é o fim daquele mundo, com aquelas características, com aquelas rotinas, gestos, sons, cheiros, toques, precisões, vícios, sonhos, expectativas, futuro. A partir dali, não há alegria sem saudade, não há conquistas sem um vazio ao lado. Quando venço, já não venço completamente; venço com a sensação de que falta um pedaço de mim na vitória que venci”, considerou ainda Pedro Chagas Freitas.

“Sei que vou ganhar muitas vezes, sorrir muitas vezes, rir bem alto muitas vezes, agradecer infinitamente a felicidade de estar vivo, mas sei também que em cada um desses momentos de felicidade terei uns instantes, mais ou menos curtos, mais ou menos insuportáveis, em que serei um buraco sem fundo, uma avenida deserta por onde a imagem, a pele, o olhar, de quem perdi caminha, a olhar-me, a acenar-me, a dizer-me: como seria tão melhor a vida se eu ainda aí estivesse com vida”, sublinhou Pedro Chagas Freitas.

“O luto não passa. O tempo não o apaga. Pode, no máximo, transformá-lo, alternar o lugar onde a ferida abre, mas não voltaremos a viver sem aquela ferida. Nada no luto nos melhora, por mais que por vezes queiramos acreditar nisso. Nada no luto é positivo. É mau, horrível, excruciante, dilacerante — e sobretudo desconcertante: o que se faz com o que não temos?”, questionou Pedro Chagas Freitas.

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