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Ljubomir Stanisic: “Cada vez que venho a Lisboa, o que me faz mais confusão é a pobreza”

"Acho que é preciso sermos mais solidários, ajudarmos mais pessoas."

Ana Ramos
3 min leitura
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Ljubomir Stanisic esteve à conversa com ‘As Três da Manhã’, na Rádio Renascença, esta terça-feira, e falou sobre aquilo que lhe faz mais confusão em Portugal.

“Eu vivo mais no mato, no Alentejo, do que na cidade de Lisboa e, geralmente, nestes meses de novembro, dezembro, passo um pouco mais em Lisboa. Venho para Lisboa trabalhar diariamente durante o resto do ano, ou três ou quatro vezes por semana – já não trabalho todos os dias no restaurante e seria mentira se dissesse que sim, porque já estou há 31 anos na cozinha”, começou por dizer o chef.

“Cada vez que venho a Lisboa, o que me faz mais confusão é a pobreza, o que me faz mais confusão é as pessoas que estão na rua”, sublinhou Ljubomir Stanisic.

“Eu tenho um hábito com os meus filhos: Todas as semanas, às quartas-feiras, vamos para uma associação, todos juntos, onde fazemos sandes, embrulhamos, cortamos queijo e fiambre para ajudarmos os sem-abrigo”, contou Ljubomir Stanisic.

“Nós ouvimos na política, ouvimos no jornal da noite, na crítica diária muitas pessoas sem casas na cidade, não só em Lisboa, mas em todas as cidades, imagino, em Portugal, mas o que me faz confusão é mesmo na cidade onde eu vivo, que eu escolhi para viver, no bairro onde eu vivo, que é Anjos, que é bairro de imigrantes. Sinto-me imigrante e gosto de viver lá porque um bairro vive de várias culturas, religiões, estruturas. Não é um bairro de extrema-direita, é um bairro natural, como todo o mundo devia ser, que é mestiço e bonito. E há muitas pessoas mesmo a passarem fome, a dormirem na rua”, continuou Ljubomir Stanisic, sublinhando que essas pessoas não “fazem mal, não são perigosas”.

“As pessoas passam mesmo muito mal. Acho que está na altura um pouco de nos preocuparmos um pouco com os outros, não só connosco e com o nosso umbigo, nesta esfera e nesta altura do ‘new age’”, declarou Ljubomir Stanisic.

“Não digo dar dinheiro, porque acho que isso já é um ato de caridade superior, mas dar banho, dar roupa, dar de comer às pessoas. Nesta altura, está difícil”, acrescentou Ljubomir Stanisic.

“Eu venho de uma cidade, de Sarajevo, da Jugoslávia… anos de guerra e, depois, quando volto, não existe tanta desgraça que vejo na rua como vejo hoje em dia em Portugal. E também temos o hábito mais de ajudar as pessoas, somos mais humanos, embora andemos à pancada e à guerra uns contra os outros nas religiões, mas existe mais o lado humano e aqui vejo pouco. Acho que é preciso sermos mais solidários, ajudarmos mais pessoas”, considerou Ljubomir Stanisic.

Veja aqui uma parte da conversa.