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Júlio Isidro falha “Natal dos Hospitais” por motivos de saúde: “Tirou-me o chão debaixo dos pés e fiquei em casa”

"Um recluso com boa mão para a letra, deu-me este cartão que guardo para sempre."

Ana Ramos
5 min leitura
Reprodução RTP1

Júlio Isidro partilhou nas redes sociais, esta sexta-feira, o motivo que o levou a falhar a apresentação do “Natal dos Hospitais”.

“Ontem iria apresentar um breve momento do ‘Natal dos Hospitais’. Ao fim da tarde, ali estaria a abraçar os que sofrem, a minha participação desde há 59 anos… sim, 59 anos! Gosto de contas certas e a emissão de ontem seria a 65.ª desta iniciativa que põe muitos milhares de portugueses à volta da árvore solidária que é o Diário de Notícias e a RTP”, começou por dizer.

“Fiz 58 vezes e ontem faltei. Uma crise de síndrome vertiginoso que nunca tinha sentido, tirou-me o chão debaixo dos pés e fiquei em casa. Estou triste, mas na esperança/certeza que, se Deus quiser, farei 60 vezes o Natal dos Hospitais antes de me retirar das lides”, assegurou Júlio Isidro.

“Já fiz esta maratona na companhia de vários apresentadores ao longo das longas horas do programa mais antigo e de maior audiência da televisão em Portugal. Agora, piso o palco da RTP 1 durante três minutos para palavras de carinho e apoio a todos aqueles que não terão Natal junto das famílias. Já sou tão antigo que ainda fiz o Natal numa cadeia sem televisão, nem rádio, nem fotógrafos a flashar o evento. As redes sociais ainda não existiam para serviço de promoções pessoais”, continuou Júlio Isidro.

“Um telefonema do diretor da cadeia de Sintra… senhor Júlio Isidro, gostava de o convidar para a festa de Natal do nosso estabelecimento prisional… Engulo em seco e lembro-me dos concertos nas prisões de Johnny Cash… tenho muito…. gosto… mas qual é a minha participação? Era para animar a festa dos nossos reclusos apresentando os UHF e o D. Vicente da Câmara… vamos buscá-lo onde quiser”, recordou Júlio Isidro.

“Subi ao palco entre aplausos e vivas que quase me emudeceram. Falei do Natal e segui em terrenos de humor com umas piadas brejeiras q.b. até apresentar os UHF. Grande concerto do António Manuel Ribeiro e seus pares, onde fui metendo umas larachas para animar, ainda mais, a malta. Agora a minha função era sair do rock para o fado. Tudo fácil porque o público estava aberto a tudo”, lembrou ainda Júlio Isidro.

“Acabou o espetáculo, gritei ‘Boas Festas’ para todos, sem saber bem o que são estas quadras limitadas no espaço e no tempo. Saí por entre os espectadores que me saudavam, muitos com palmadas nas costas, algumas fortes… G’anda Júlio, és o maior… dás na televisão e na rádio… até um que me pediu a brincar… tira-me daqui”, relatou Júlio Isidro, referindo que, no regresso, “a meio do percurso”, o seu estômago “não resistiu às emoções vividas”.

“Pedi ao condutor para parar e ali mesmo na berma da estrada… foi tudo fora! Saía de mim a angústia do que será a liberdade quando a perdemos. Passados estes tantos anos, sinto na memória o ar que respirei numa tarde, onde fomos recebidos com evidente gratidão de todos”, comentou Júlio Isidro.

“Um recluso com boa mão para a letra, deu-me este cartão que guardo para sempre. Esse Natal numa prisão, como tantas dezenas de outros vividos em hospitais, onde estive em frente de gente a sofrer, a dor é comum… a vida está lá fora e nós aqui. Sonho a utopia de que um dia exista uma sociedade de portas abertas à felicidade”, confessou Júlio Isidro.

“Foi isso que senti hoje, sem o meu tempo de antena… pedir saúde, física e espiritual para o maior auditório do ano. Agora vou tomar os remédios e andar direito, o que tenho feito toda a vida”, rematou Júlio Isidro.

FALHEI O NATAL DOS HOSPITAISOntem iria apresentar um breve momento do Natal dos Hospitais. Ao fim da tarde ali estaria…

Posted by Julio Isidro on Friday, December 15, 2023

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