José Cid é um monárquico assumido e decidiu abordar, em entrevista à Nova Gente, a crise política em Portugal.
O músico atacou as ideologias extremistas, nomeadamente as de André Ventura. “Este espertalhão que está no Chega aproveita todos os erros do sistema democrático português para convencer o português médio que tem razão. Estes novos sistemas de pessoas de extrema-direito, que não respeitam os direitos humanos, não são aquilo de que nós precisamos para uma humanidade mais justa e melhor“, começou por afirmar.
José Cid prosseguiu: “Se eles ganharem, se se portarem mal, faz-se uma nova revolução“. Sobre as comparações constantes que fazem com Elton John, e sem papas na língua, o artista atirou: “Dizem-me ‘tu és o Elton John português’ só porque uso óculos, porque sou cego de uma vista e toco plano. Devo dizer que toco piano muito menos que o Elton, mas a cantar sou de outro campeonato vocal. E não esquecer que eu sou poeta, eu escrevo 80 por cento das minhas letras. O Elton John tem um poeta a escrever para ele“.
Com quase 82 anos de vida, o compositor continua a encher recintos com fãs de todas as gerações. “Não paro, a minha ideia é continuar a gravar, a produzir novos projetos, gente nova, e essa longevidade consegue-se com muito perseverança, algum sofrimento gastronómico, não fumando… Porque vejo os cantores de 80 anos lá fora e estão muito atrapalhados, já não são aquilo que eram. O Bob Dylan está a lazer uma digressão mundial com uma único corda vocal e de platina. É patético. Eu não faria nunca”, confessou.
O tema da inimizade com Amália Rodrigues também foi abordado na conversa à referida publicação: “Eu tinha uma paixão artística muito grande pela Amália (..) [ela] nunca dizia: ‘Olá, Zé, como é que estás? Dizia: ‘Olhe…’ E eu ficava… Ela achava que me intimidava, mas não, porque eu sou um poeta. Ela não me tratava bem. Isso deixava-me triste.“.
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