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Wilson Teixeira relata o pesadelo que viveu no Irão

Pedro Vendeira
7 min leitura

O ex-concorrente da terceira edição da Casa dos Segredos aceitou uma proposta em julho para treinar o Qashquai Football Clube, da segunda liga do Irão. Mas o sonho virou pesadelo. Wilson Teixeira ficou com salários em atraso, foi ameaçado e esteve em risco de prisão. Apenas lhe restou a fuga para o seu país. Três semanas depois de chegar a Portugal, conta tudo o que aconteceu.

«O presidente do Qashqai estava à procura de um treinador estrangeiro, de preferência português. Fizemos entrevistas por Skype no início de junho. Tinha renovação acertada com o Carregado, mas vi ali credibilidade. Acordámos ir no final do mês ao Irão para nos conhecermos», começa por contar Wilson à revista TV Mais.

Desde a recepção no aeroporto, bem como o tratamento no hotel, fizeram com que Wilson Teixeira vivesse um sonho. «Fui recebido no aeroporto com flores e de uma forma apoteótica pela direção e pelos fãs. Conheci o clube e era tudo aquilo que tínhamos falado: condições de trabalho top, estádio municipal a estrear – foi inaugurado por mim e pelo meu adjunto, Marco Almeida – e fiquei maravilhado com aquilo tudo. Assinei no dia 1 de junho o contrato com os valores ao nível dos treinadores da nossa I Liga», revela o treinador, que de seguida chamou o treinador adjunto, Marco Almeida para junto de si. «Ficámos num hotel de quatro estrelas, éramos tratados como reis! Durante um mês foi tudo impecável!».

Wilson Teixeira foi enganado e abandonado no Irão

E os resultados estavam à vista de todos. Em seis jogos na pré-temporada, a equipa somou 6 vitórias… Mas foi então que as coisas se prepararam para mudar. Wilson e Marco ficaram desconfiados: «acordámos dois salários adiantados e estávamos à espera de receber esse dinheiro. O presidente Askan Najafpoor diz-nos que não consegue levantar o dinheiro, devido ao embargo com os Estados Unidos. No Irão só é permitido 400 dólares por dia e ele comprometeu-se a levantar essa quantia até chegar ao nosso valor…», disse Wilson.

O ex-concorrente do reality show da TVI e o adjunto não conseguiam arranjar maneira de receber o seu dinheiro. «Acertámos o dia 3 de agosto, depois da apresentação da equipa para o pagamento desses dois salários». Mas nesse dia, não havia sinal do presidente. O diretor desportivo falou com os dois técnicos e garantiu-lhes que recebiam no dia seguinte. «Chegámos ao treino preparados para iniciar os trabalhos e qual é a nossa surpresa quando somos apresentados a um novo treinador! Ele disse que íamos ser adjuntos, e o presidente justificou que era importante ter um iraniano à frente da equipa por causa dos fãs e patrocinadores!».

Wilson Teixeira e Marco ficaram incrédulos com o que se estava a passar. «Não aceitámos bem, até que o Marco disse que íamos tentar, porque o novo treinador garantiu que continuávamos a dirigir o treino e a decidir a equipa. Aceitei as condições desde que o presidente nos pagasse naquele dia os dois salários» E o presidente aceitou. «O presidente diz que tem os valores no carro, mas que não nos ia pagar naquele momento porque íamos para o treino e o dinheiro podia desaparecer. No final pagava!».

Wilson Teixeira revela mais detalhes do drama que viveu no Irão

O treino começa e acontece o inesperado: «Começa uma discussão entre os jogadores e o presidente, porque eles não perceberam a troca de equipa técnica. Os jogadores agarraram nas coisas deles e foram-se embora, não houve treino! O presidente, chateado, disse que nós é que tínhamos feito a cabeça aos atletas. Acrescentou que não queria falar mais connosco nesse dia e ficámos pendurados com o dinheiro». Os dois técnicos viram a oportunidade de receberem os salários ir por água abaixo. Wilson acabou por descobrir mais tarde que o novo treinador era uma pessoa muito rica na cidade e que terá pago para ter o cargo.

Foi então que surgiu outro pesadelo. Voltaram para o quarto e receberam uma chamada.

«Fomos para o quarto e quem nos liga é o tradutor a dizer que tínhamos de sair rapidamente do país, porque o presidente, além de não nos ir pagar, também não tinha tratado do nosso visto, que era para 30 dias e tinha expirado! Avisou que ou saíamos do Irão ou ele ia chamar a polícia porque estávamos ilegais e podíamos ser presos!», relembra o ex-concorrente.

«Ficámos desesperados, não quisemos contar logo às famílias porque tentámos negociar a bem», mas sem sucesso. Quem acabou por ajudar foi o treinador adjunto do Sepan, Miguel Teixeira. «Ele fez-nos chegar o contacto do Consulado português, que nos ajudou com o prolongamento do visto. Com a ajuda de alguns jogadores e do tradutor, arranjaram-nos uma viagem para Barcelona, mas o trajeto dali para Lisboa era mais caro do que de Teerão para a cidade espanhola; por isso, disseram-nos que não iam pagar e tivemos de ser nós a chegar-nos à frente! Entretanto, soubemos que quem pagou a viagem para virmos embora foi o treinador principal, porque se sentia ameaçado», atira.

Os dois técnicos pensam em processar o clube iraniano. Já o presidente do clube, bloqueou o telemóvel. «O presidente bloqueou-nos em todo o lado, ao contrário dos jogadores, que me pedem para os trazer para outros clubes. Enfim, até dia 3 de agosto estava a viver um sonho que virou pesadelo!»

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com