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Toy esclarece polémica com médico: “Acho que vou começar a fazer desenhos…”

Íris Neto
5 min leitura
Imagens: Instagram

Toy marcou presença no ‘Extra’ do ‘Big Brother’ da passada terça-feira e foi autor de polémicos comentários sobre a depressão.

O cantor disse que as doenças mentais são “doenças jovens” e mostrou-se desagradado com o uso de químicos para as tratar. “É extremamente inacreditável que a cannabis seja proibida e que os antidepressivos, super agressivos, sejam autorizados“, atirou.

É uma vergonha que a cannabis seja proibida, que é uma forma de nós podermos libertar a nossa ansiedade“, acrescentou ainda o conhecido artista.

Tais declarações chocaram Gustavo Jesus, psiquiatra no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central. Para ele, foi “extremamente inacreditável” aquilo que foi dito por Toy.

Recentemente, Toy decidiu esclarecer em direto toda a polémica: “Nós aqui, por vezes, dizemos coisas que podem ser mal interpretadas ou mal entendidas, acho que vou começar a trazer um papel e fazer desenhos porque as pessoas não percebem aquilo que eu digo”.

Eu falei aqui na cannabis e falei aqui nos antidepressivos e não tem nada a ver uma coisa com a outra… Quero dar um abraço ao Gustavo Jesus, ao psiquiatra que primeiro criticou e depois percebeu afinal que não era assim porque eu expliquei o que eu tinha dito”.

No final, Toy concluiu: “É muito triste que as pessoas tenham um problema de mau entendimento ou um problema de otorrino… Estou completamente a favor da liberalização da cannabis, sempre. Porque acho que é uma hipocrisia não ser liberalizada. A questão das doenças mentais é outro assunto”.

Recorde aqui o texto de Gustavo Santos:

Extremamente inacreditável! Um programa de grande visibilidade, como é o caso do ‘Big Brother’, deve servir também para «passar mensagens importantes à sociedade». É precisamente isso que o Toy diz neste vídeo, extraído de uma emissão de ontem [terça-feira].

Infelizmente, apesar de sempre ter tido a minha simpatia e de merecer a homenagem de todos os que já cantaram e dançaram toda a noite, toda a noite, ao som da sua música, o Toy não escolheu as mensagens certas.

Ao contrário do que diz:

– a depressão não é uma doença nova; sempre existiu e é descrita nos mais antigos manuais da medicina, muito antes de existirem medicamentos para a tratar;

– as pessoas não têm depressão por falta de outros problemas em que pensar, como a falta de dinheiro ou de comida. A depressão é uma doença do cérebro que resulta de fatores biológicos e ambientais (que incluem, aliás, os socioeconómicos, como a pobreza). Aqueles que reúnem um conjunto maior de fatores de risco têm mais probabilidade de desenvolver a doença;

– os antidepressivos não são «super agressivos», são hoje em dia medicamentos seguros, eficazes e com poucos efeitos adversos, e além disso salvam vidas. Por isso, afirmações como esta são de grande irresponsabilidade, porque podem influenciar quem as ouve no sentido de abandonar o tratamento ou de recusar iniciá-lo (isto partindo do pressuposto de que já ultrapassaram o estigma para ir ao psiquiatra).

O Toy finaliza dizendo que estes problemas (referindo-se à depressão) existem. Lá nisso acertou. Mas diz também que «é preciso ter muito cuidado com os químicos», não se lembrando certamente de que todas as substâncias que têm algum efeito sobre o cérebro são ‘químicos’.

Isso inclui as moléculas ativas da cannabis, da qual falou como possível tratamento, o que é absurdo à luz da evidência que existe. Não confundir efeitos psicoativos imediatos de uma substância com o tratamento de uma doença. Portanto, e não excluindo a óbvia importância dos tratamentos psicoterapêuticos, está na altura de arranjar outro argumento para falar mal dos antidepressivos. Porque esses ‘químicos’ salvam vidas.

E essa foi a razão pela qual foi tão preocupante ouvir o Toy. Aliás, mais do que preocupante, foi extremamente inacreditável“.

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