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O ‘Você na TV’ contou a história de Fábio: um sem-abrigo a quem foi devolvida a vida

André Vilar
5 min leitura

Esta segunda-feira, dia 11 de fevereiro, o Você na TV recebeu mais uma história de vida absolutamente surpreendente. A história de Fábio chegou às mãos da TVI depois da experiência social vivida por Pedro Carvalho no mundo dos sem-abrigo.

Fábio de 28 anos é natural de Abrantes mas viveu, toda a sua vida, entre cidades à procura de um lugar para dormir. O pai morreu quando ele tinha sete anos e a relação com a mãe nunca foi a melhor. Acabou por ser institucionalizado, adotado mas acabou nas ruas, mais propriamente num prédio abandonado em Vila Franca de Xira. “Tinha medo, não há palavras. Foi duro”, contou a Manuel Luís Goucha explicando que, nesse mesmo prédio, sobrevivia ao lado de outros sem-abrigos e que se entregou ao mundo do álcool, do tabaco e das drogas.

Em conversa no Você na TV, Fábio chegou mesmo a confessar ter passado fome e, por diversas vezes, ter ponderado o suicídio: “Tive mesmo, mesmo, para acabar com a vida… Acredito em Deus, Deus pôs a mão e disse ‘não vale a pena matares-te’. Pensei em suicídio desde cortar braços, tenho aqui a marca…”, confidencia.

Em estúdio esteve Paula Fernandes, a mulher que terá ajudado Fábio e lhe dado uma nova vida. “Fui trabalhar para um café na zona de Vila França onde ele fazia biscates. Por sinal, somos os dois da mesma terra. Eu ralhava muito com ele porque ele fumava, bebia, por muitas coisas assim. Entretanto, como eu trabalhava na parte da cozinha e precisava de recados, pedia-lhe e ele ia direitinho. Pusesse eu dinheiro para pagar faturas nas mãos dele que o Fábio regressava sempre certinho…À socapa dava-lhe uma sandes ou um prato de sopa. Entretanto, eu saí do restaurante, fui despedida, talvez por isso e por outras coisas…”, contou a senhora.

Certo dia chegou aos ouvidos de Paula a necessidade de um pintor e foi nessa altura que se terá lembrado de Fábio. Como o emprego era em Lisboa e só durante a semana, o jovem acabou por dormir numa cama durante os dias úteis e nas ruas, de novo, durante o fim-de-semana. Esta situação fez com que a senhora, depois de um conselho de uma amiga, acolhesse o sem-abrigo em sua casa mesmo que com algum receio. “Na primeira semana ficou em casa de uns amigos e correu tudo bem. Na segunda semana, voltou e eu disse-lhe ‘vou dar-te uma hipótese, tenho um quarto, tens comer, tens roupa lavada, tens um sítio para comer, mas os vícios de drogas, álcool acabaram e existem regras… vens para cá e a regra que há é ‘até às 23h tens de estar em casa’.”. E assim foi…já lá vão 7 anos.

Mesmo perante as suas próprias dificuldades financeiras, Paula nunca deixou de ajudar Fábio. O mesmo fez Laura, a filha de 14 anos da bem-feitora, que acolheu o jovem como se de um irmão se tratasse. A família de acolhimento do ex-sem-abrigo admite encontrar-lhe várias valências como o seu talento para a cozinha, o seu jeito para tocar guitarra, e um nono ano feito: “Costumo dizer que é uma pedra que está ali para se lapidada, mas leva muito tempo…”, disse Paula acrescentando que, a par do seu sucesso, deseja que este a veja como a mãe que nunca teve.

O momento mais emotivo de toda a entrevista deu-se quando Fábio decidiu deixar uma mensagem de agradecimento à mulher que o tirou da rua e lhe devolveu a vida. A mensagem foi ouvida, por Paula, de lágrimas nos olhos: “Olá Paula, obrigada por me teres aberto a porta, teres-me ajudado nos momentos que mais precisei, por teres feito com que deixasse a droga e o álcool e por tudo o que me tens feito até agora. Eu gosto muito de vocês, nunca me vou esquecer, não me esqueço de vocês nunca. São a minha família. Errei muito também. Peço desculpa pelas minhas falhas, pelas minhas chatices… No fundo fizeram-me homem e agradeço. Se não fosse ela, a esta hora já estava lá nas grades há muito tempo, era algum bandido. Obrigada do coração”.