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Maria João Luís lembra tragédia que matou 30 familiares

Sofia Chaves Frias
2 min leitura
Reprodução TVI

A atriz vai levar ao palco a tragédia das cheias do Ribatejo, onde perdeu 30 familiares. Maria João Luís partilhou a experiência com Manuel Luís Goucha no ‘Você na TV’. 

A peça ‘Ermelinda Rio’, de João Monge, obrigou a atriz a recuar à infância. “Eu tinha três anos, estava a fazer os quatro em dezembro, e lembro-me de ter ficado num quarto logo. Vivia em Alhandra, numa zona alta de Alhandra, portanto, não passamos por isto”, começou por partilhar nas manhãs na TVI onde antecipou a estreia.

“A minha mãe falava-me de 30 pessoas da minha família que tinham desaparecido. Foram sendo encontrados mortos depois. Foi uma catástrofes. Não tenho memórias. A única memória que tenho é de estar fechada dentro de um quarto onde iam umas tias ter comigo de volta e meia, davam-me de comer e os gritos. Esses nunca mais saíram da minha cabeça. Nem os gritos, nem o cheiro”, relatou emocionada.

 “O meu pai esteve três dias com a cabeça entre as mãos, na sala. Cada vez que passava para ir à casa de banho via o meu pai na mesma posição. E as pessoas que iam chegando a casa em gritos, primeiro a dizer o que se tinha passado e depois a dizer que se tinham encontrado os corpos”, lembrou a tragédia que acabou por lhe marcar a vida em 1967.

Agora, uma das maiores catástrofes de que Portugal tem memória vai subir aos palcos. Maria João Luís partilhou que há dias foi contactada por uma pessoa que participou no resgate às vítimas. “Houve um senhor que me ligou há dias, não sei se isto será assim ou não, a dizer-me: ‘Maria João, eu estive lá a recuperar corpos. Às vezes tínhamos que ir buscar os carros acima das árvores’, onde estavam as pessoas mortas lá dentro. Imagina o que isto foi. Ele falou-me de 890 pessoas, que foram os que foram contabilizados”, desabafou.

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