Faz esta quinta-feira, dia 4 de março, 23 anos que desapareceu Rui Pedro. Manuel Luís Goucha esteve à conversa com Filomena Teixeira que confessa que continua a ter esperança de reencontrar o filho.
Rui Pedro desapareceu há 23 anos. Filomena Teixeira esteve à conversa com Manuel Luís Goucha e confessa que continua a ter esperança de reencontrar o filho.
Filomena Teixeira começou por revelar que todos os dias 4 de março acende velas, fica sozinha, pede para ninguém a incomodar e revive tudo o que viveu com ele em solidão. “Sofro, sofro muito. Mas este dia é especialmente diferente, eu recordo como é que foi. Foi uma montanha que desmoronou sobre mim“, começou por dizer a mãe de Rui Pedro.
“Podem-me chamar louca, mas ainda não perdi a esperança. Pelo menos, saber o que aconteceu. Tenho momentos que acho que está morto e depois penso que pode estar vivo. É isso que me alimenta”, acrescentou a mãe de Rui Pedro, referindo que sonha muitas vezes com ele, tanto com a imagem da criança de 11 anos, como de adulto.
Afirmou ainda que não esquece os abraços constantes que recebia do filho e as palavras de carinho. “Torturo-me a mim, a minha família toda e as pessoas que me conhecem. Eu tive quatro internamentos. O primeiro eu ia mais morta que viva, deixei de conhecer as pessoas, não conhecia a minha filha, que não me perdoou até hoje de não ter reconhecido a minha filha”, desabafou.
Lamentou que as investigações na altura não tenham sido feitas como deviam e confessou guardar muita mágoa. Criticou a falta de meios e o facto de nunca terem acreditar que o filho podia estar vivo. “Eles não investigaram nada”, criticou.
O marido refugiou-se no trabalho e o quarto do filho mantém-se igual há 23 anos atrás. Nunca mais viu Afonso Dias e acredita que ele sabe mais daquilo que aconteceu. “No último julgamento ele remeteu-se ao silêncio”, recordou, não tendo dúvidas que ele agiu sozinho.
“Um filho é nosso para sempre. Não é nosso é para o mundo, mas no nosso coração fica sempre”, disse, acrescentando que desistiu de uma parte de si. Para sobreviver agarra-se à filha e às memórias de Rui Pedro: “A minha filha é a luz dos meus olhos”. Filomena Teixeira rematou a entrevista com um desabafo: “Não queria morrer sem saber dele”.
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