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Lourenço Ódin Cunha contou ao pai sobre vontade de mudar de sexo através de carta: “Foi entregar e fugir”

"Eu tive muita sorte em relação à parte da família", disse Lourenço Ódin Cunha.

Ana Ramos
3 min leitura
TVI

Lourenço Ódin Cunha foi o primeiro transexual a entrar num reality show em Portugal, na “Casa dos Segredos 4”, e falou, esta terça-feira, no “Dois às 10”, na TVI, sobre a mudança de sexo.

“Eu já sabia há muitos anos, desde pequenino, que alguma coisa era diferente. No entanto, sempre tentei procurar as respostas por mim mesmo até porque foi precisamente por isso que eu emigrei. Fui para o Luxemburgo à procura de respostas quando estavam aqui em Portugal”, contou.

“Só quando eu tive certeza absoluta tanto do processo todo do que sentia e do que ia passar, do que o processo iria ser é que eu decidi contar ao meu pai em primeiro”, disse Lourenço Ódin Cunha, referindo que decidiu contar ao pai através de uma carta.

“Foi do género entregar e fugir. Pensei que vinha uma bomba”, recordou Lourenço Ódin Cunha, explicando que, afinal, contou com todo o apoio por parte da família. “Eu escrevia muito ao meu pai. Eu gostava muito de escrever e, então, foi a forma que eu encontrei de lhe dizer, mas não o encarar diretamente”, continuou.

“Sempre estiveram comigo desde o início. (…) Eu tive muita sorte em relação à parte da família. Tinha o apoio total, essa parte nunca me preocupou. O problema foi encontrar respostas na medicina, encontrar orientação nos médicos, porque estava tudo assim a nadar, não sabiam muito bem para onde é que nos iam encaminhar”, acrescentou Lourenço Ódin Cunha.

Lourenço Ódin Cunha sublinhou que foi “um processo longo” e no qual “se vai crescendo”. Quando entrou no programa, tinha sido nesse ano que tinha realizado a operação da mudança de sexo: “Acho que esse sempre foi um bocadinho o meu papel, foi tentar descomplicar e normalizar uma coisa que é normal”.

Após a transformação, a reação foi de “uma felicidade enorme, de liberdade”: “O meu corpo conseguia corresponder à minha mente! É como se nascêssemos e, finalmente, nos vemos como devíamos ter nascido”.

A primeira vez que foi à praia, em tronco nu, foi: “Um alívio! É uma liberdade! Acho que foi das primeiras vezes que eu fui à praia com tanta vontade”. Em relação às cicatrizes, não é algo que preocupe Lourenço Ódin Cunha: “O meu pai costuma dizer que quem tem cicatrizes são só guerreiros, por isso, as cicatrizes não me incomodaram nada”.

Para Lourenço Ódin Cunha a cirurgia mais complicada foi a reconstrução peniana: “A colocação no sítio é mais doloroso”.

Veja aqui e aqui uma parte da conversa.