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José Alberto Carvalho confessa: “O jornalismo tornou-se um bocadinho vítima de si próprio”

Íris Neto
7 min leitura
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José Alberto Carvalho foi um dos convidados especiais de Manuel Luís Goucha no programa “Você na TV” desta segunda-feira, 18 de abril. O jornalista confessou vários aspetos da sua vida pessoal e profissional.

O jornalista começou por fazer um balanço da sua carreira. “Sinto que já vivi várias vidas e que se calhar vou vivendo uma todos os dias. Isso é um privilégio. Não há nada mais antigo do que o jornal de ontem porque as notícias perdem a sua relevância muito rapidamente”, começou por dizer.

“Tudo isto faz parte do passado, mas na verdade faz parte do meu presente. Eu gosto de encontrar justificações naquilo que me acontece em cada dia. Gosto de encontrar uma justificação em tudo aquilo que está para trás e, portanto, olho com satisfação, mas com alguma neutralidade com a satisfação de uma vida bastante recompensadora”, acrescentou.

Manuel Luís Goucha disse ao jornalista que existe uma sempre consensualidade em relação a ele. “No início, eu próprio acreditava que podia ambicionar essa própria consensualidade […] Havia alguém que dizia que as qualidades das pessoas também se medem pelos seus inimigos”.

José Alberto Carvalho é natural da zona de Coimbra, mas cresceu em Viseu

José Alberto Carvalho é natural de uma aldeia situada no concelho de Coimbra. “A minha mãe teve uma gravidez com algum risco e eu acabei por nascer numa maternidade no concelho de Penacova porque era a maternidade mais próxima da aldeia”, salientou.

O profissional foi surpreendido por um dos chefes dos escuteiros de Viseu, local que frequentou na infância. “Foi para nós uma honra ter-te por cá. Também levaste daqui muitos ensinamentos para a tua vida. Como se costuma dizer, escuteiro uma vez, escuteiro para toda a vida. Uma forte canhota de todos nós. Abraço”, salientou o responsável.

O jornalista também falou sobre o escutismo. “Independentemente da ligação religiosa que na altura eu já tinha pouco, há ali um conjunto de valores que ficam que é o ‘o forte protege o mais fraco”.

Esses valores “ficam e fica-se com uma noção de interdependência uns dos outros, para além de tudo aquilo que se aprende do ponto de vista de coisas que eu acho que, se calhar, fazem muita falta às pessoas hoje em dia: um maior respeito pela natureza, uma capacidade de conviver com ela, tirar partido dela sem a danificar, além de um conjunto de conceitos de sobrevivência”.

O jornalista foi ainda surpreendido pelo padre Zé Morojão. “Quero dar-te um abraço de parabéns pelo teu trabalho. Valeu a pena passares por aqui para chegares aí”, afirmou.

“É maravilhoso ter uma pessoa como o padre Zé na minha vida. Isto não tem a ver com religião, tem a ver com as pessoas”, explicou o jornalista.

José Alberto Carvalho teve uma educação religiosa, mas é ateu

“Não tenho nada contra quem crê. Pelo contrário, tenho um profundíssimo respeito e, na verdade, tenho alguma inveja porque a fé salva”, reforçou.

O jornalista confessa que aquilo que o “salva” é a fé que tem noutras “dimensões da vida, noutras questões”.

“Cheguei ao pé da minha mãe e de uma forma muito franca e muito crua, que ela não gostou mesmo nada disse-lhe: Mãe, tenho uma coisa muito importante para te dizer. Não vou conseguir voltar a ir à missa porque eu acreditava mais naquelas palavras que eram muitas vezes ditas do que acreditava nas atitudes das pessoas que as diziam ao meu lado na missa. Não queria confundir com algumas dessas pessoas”, explicou.

José Alberto Carvalho confessou que a mãe teve medos quando lhe confessou que queria ser jornalista. “Todas as grandes decisões da minha vida foram ao contrário da opinião de quem me rodeava. Num primeiro momento. Os meus pais sempre foram pessoas extraordinárias no sentido de confiarem em mim”, salientou.

O profissional decidiu que queria ser jornalista no 12º ano. “Eu chumbei a matemática no 12º ano. Não tenho nenhum orgulho nisso […] Houve alguns excessos na adolescência, aos quais sobrevivi felizmente”.

Quando chumbou a matemática, o jornalista ficou com muito tempo livre. “Coincidiu com o altura das rádios piratas. Descobri nessa altura também que tinha uma voz que desconhecia que tinha, mas as pessoas valorizavam. Eu não tinha noção”.

Aos 18 anos, o profissional da comunicação, foi estudar para o Porto. José Alberto foi surpreendido por Mário Augusto, também jornalista. “Lembro-me perfeitamente de quando o conheci pela primeira vez. Veio ter comigo à Antena 1, nos estúdios da rádio”.

“O jornalismo que se faz é o mesmo que se fazia quando começaste ou nos últimos 20 anos?”, questionou Manuel Luís Goucha.

“Não, tem coisas melhores e piores. As coisas melhores é que se desempoeirou. Deixou de falar de coisas que eram só “supostamente importantes”, mas que tinham pouca relevância na vida das pessoas. Esse é o lado bom, entre outros aspetos. O lado mau é que se tornou um bocadinho vítima de si próprio, que se afastou bastante das pessoas ao longo desse processo”, referiu.

O jornalista teceu ainda vários comentários sobre esta área. “Nenhum jornalista gosta de dar uma informação errada. É apunhalar-se a si próprio. É o contrário de tudo o que deve ser, mas quando isso acontece, pedir desculpa é um sinal de credibilidade e idoneidade que merece a atenção das pessoas”, defendeu.

José Alberto Carvalho falou ainda sobre a sua vida amorosa e confessou estar apaixonado. “Como é que vai isso de amores?”, perguntou Manuel Luís Goucha.

“Estamos bem”, confessou o jornalista, mas a resposta não agradou o apresentador, que voltou a insistir: Mas mora alguém, atualmente, no teu coração?”.

“Mora, mora. Está devidamente ocupado”, respondeu José Alberto Carvalho, a sorrir, sem revelar, mais pormenores.

Recorde-se que o jornalista é pai de Rita, de 25 anos, de Joana, de 22, de Duarte, de 15 e de Maria de 11 anos, frutos de relacionamentos anteriores.