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Jornalista da TVI emociona-se ao comentar contornos violentos do caso Valentina

Íris Neto
5 min leitura

Miguel Fernandes, jornalista, e a advogada Suzana Garcia comentaram, esta quinta-feira, no programa “Você na TV” o caso de Valentina e explicaram o contexto de violência a que a menina foi submetida.

O jornalista trouxe três citações do despacho do ministério público sobre este crime.

Água muito quente no corpo todo. Palmadas no rabo. Mãos no pescoço chegando a asfixiá-la”, “Pancada com muita força na cabeça que lhe provocou uma hemorragia e a queda na banheira” e “A menor tinha os olhos abertos, olhava fixamente para ela [arguida] com olhar de pedido de ajuda”.

“A Valentina, depois de ter sido agredida, torturada, há um momento em que olha para a pessoa que estava na casa de banho que não lhe estava a bater, que na cabeça dela poderia ser a pessoa que a podia ajudar”, explicou Miguel Fernandes.

A criança foi “depois retirada da casa de banho pelo pai e esteve no colo deste homem. Ele tentou reanimá-la porque, entretanto, ela perdeu os sentidos outra vez. Ela depois foi colocada no sofá, ali foi deixada durante horas e acabou por morrer”, acrescentou.

Suzana Garcia, advogada, também teceu alguns comentários sobre este caso. “Nós não estamos a ter acesso às fotos da autópsia porque era inqualificável revelarmos às pessoas, mas permitia-nos ter a dimensão da monstruosidade daquilo que foi cometido contra esta miúda durante quatro dias”, começou por referir.

“A primeira agressão foi no dia 1. A menina foi sujeita a diversas e múltiplas agressões no dia 1 de maio e neste dia, da agressão final, a madrasta vai com o pai para dentro da casa de banho, fecham a porta e está a auxiliar os pais nas agressões e quando não está a auxiliar, está parada a olhar para uma menina, ela mesmo mãe de 2 meninas e de um menino??!”, complementou.

“Isto é animalesco. É dantesco. Esta menina foi metida na banheira com água a ferver”, defendeu.

A avogada prossegue na sua avaliação do caso. “Eles pensaram somos aqui da aldeiazinha e vamos dizer que a menina desapareceu e isto fica aqui, morre em águas de bacalhau… mas a solidariedade da sociedade civil perante uma tragédia destas foi tanta que lhes saiu das mãos, por isso a angústia dele de ir ao posto da GNR. Não ia ajudar a sociedade civil, os militares e a PJ. Ia sim perguntar onde é que eles estavam com medo de que descobrissem que isto tinha acontecido”.

“Eu queria que nós percebêssemos a maldade que esteve naquele local. Esta menina quando era pequenina, por volta dos 3 anos, teve um incidente com água quente e, portanto, tinha uma fobia com água quente. Sempre que a água estava muito quente, era algo que lhe fazia confusão. E este homem meteu a menina na banheira com água a ferver e os pés dela ainda apresentavam no auto pericial a pele queimada”, revelou.

“Ele usou esta fragilidade contra a própria filha. É animalesco”, concluiu.

Recorde-se que Valentina, de 9 anos, foi dada como desaparecida na passada quinta-feira de manhã. Foi o pai quem comunicou às autoridades o seu desaparecimento.

A população juntou-se às buscas, durante vários dias, para tentar encontrar Valentina, no entanto, as autoridades detiveram o pai e a madrasta por suspeitas de homicídio e ocultação de cadáver, na manhã deste domingo. O progenitor levou as autoridades até uma zona de eucaliptal, na Serra D’el Rei, em Peniche, local onde deixou o corpo da menina.

A Polícia Judiciária revelou ainda, em conferência de imprensa, na tarde do passado domingo, que no momento em que a criança foi morta, estavam três crianças em casa e que o depoimento do filho mais velho da madrasta teria ajudado a desvendar o crime.

A autópsia confirmou, esta segunda-feira, que Valentina foi morta num cenário de agressões violentas.

Veja o vídeo: