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João de Carvalho sobre esgotamento nervoso: “O corpo foi dando sinais, não liguei”

“Há uma altura em que temos de saber dizer que não e eu não tinha aprendido isso”, afirmou João de Carvalho.

Ana Ramos
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João de Carvalho teve um esgotamento nervoso no final do ano passado e, esta segunda-feira, foi um dos convidados de Manuel Luís Goucha, na TVI.

O ator explicou que, numa peça sobre o centenário de José Saramago, se esqueceu das falas. “Eu não fujo do palco, fiquei com um ar risonho”, recordou, referindo que uma falha podia acontecer, mas “uma branca total” não era normal. “Quem estava comigo no palco era o Diogo e o Victor Espadinha. Não estavam à espera que eu falhasse ou que não conseguisse encontrar saída, mas não consegui”, continuou, indicando que, na altura, estava com três espetáculos ao mesmo tempo.

“O corpo foi dando sinais, eu não liguei”, sublinhou João de Carvalho, referindo que um deles foi “alguma dificuldade para colocar o texto cá dentro”, algo que “nunca” teve. “Essa dificuldade atribuí, provavelmente, a uma certa rejeição, à forma de escrita do Saramago, que é muito complicada, e pensei que fosse alguma rejeição que tivesse”, disse.

João de Carvalho, de 68 anos, esteve nove dias internado na Neurologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Depois de perceber o que teve, ficou com receio de “não ficar capaz” e isso foi “a coisa mais complicada de lidar”.

“Não gosto de falhar, acho que nenhum de nós gosta. Então, quando temos estas profissões públicas, não gostamos de falhar a uma pessoa importante que é o público”, afirmou, indicando que foi “difícil” lidar com a fragilidade. “Não sabia que tinha esta faceta tão fraca. Não podemos ser sempre fortes o resto da vida. Não consigo ser e tenho de me habituar a isso”, continuou.

“Há uma altura em que temos de saber dizer que não e eu não tinha aprendido isso”, acrescentou. “Depois, não temos tempo para nós, não temos tempo para a família, para os amigos, para as namoradas… Abdicamos da nossa vida pessoal, que é importante para nos mantermos estáveis, e agarramo-nos ao trabalho, como se o dinheiro fosse tudo”, completou o ator.

Para João de Carvalho, esta situação foi uma chamada de atenção para que abrandasse o ritmo, para “ter tempo para viver”. “Nós vivemos para a nossa profissão constantemente e há mais vida, com quem estamos, os nossos filhos, os nossos netos, as árvores que temos plantadas no jardim que continuam a crescer”, disse.

A recuperação foi rápida e, quando regressou aos palcos, usou auricular, mas garante que não precisou dele “para nada”.

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