Esta segunda-feira, Florbela Queiroz esteve à conversa com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz no programa ‘Dois às 10’, da TVI.
Florbela Queiroz marcou presença no ‘Dois às 10’ e em conversa com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz, recordou o filho, Manuel, que morreu no passado mês de maio.
A atriz falou sobre uma zanga que teve com o filho. “E o que aconteceu não teve a ver com ele propriamente, teve a ver com outra pessoa. Ficou tudo sanado. Ele foi ter comigo ao teatro em 2019 e pediu-me desculpa. Foi muito bonito”, recordou.
Em seguida, confessou que falavam todos os dias e que continua a mandar-lhe mensagens para o Facebook a relatar o seu dia a dia. “Falávamos todos os dias e eu continuo a mandar à mesma as mensagens para o Facebook dele a contar a história do dia, como foi. Ontem à noite escrevi que vinha cá. Faço porque eu acredito que isto é uma passagem”, afirmou. “Acredito que ele lê, só que não me responde assim, responde de outras maneiras. E responde”, confidenciou.
Atualmente, é o teatro que lhe dá vida. “Se nós não nos agarrarmos a alguma coisa, o que é que estamos aqui a fazer? Não tenho ninguém. Se não tiver o teatro, quero mais é ir-me embora”, contou Florbela Queiroz, frisando que “nunca foi uma pessoa feliz”.
Florbela Queiroz celebra, em novembro deste ano, 65 anos de carreira, e acabou por revelar qual foi a sua reação ao receber o telefonema com a notícia da morte do filho.
“Quem me telefonou foi a minha enteada, era muito amiga do irmão. O pai tinha sido operado no Canadá, e ela telefonou-me e disse que tinha uma notícia chata para me dar. Perguntei-lhe se o pai estava pior e ela disse: ‘Não, o Manel morreu’. Fiquei [sem reação]. Não chorei, não fiz nada. [Contactei] os meus colegas do teatro e em dez minutos não sei como é que aquela gente toda apareceu em minha casa. E o meu irmão [que vive em Inglaterra] que estava na casa de férias que tem cá em Torres Vedras, apareceu passado uma hora e meia, que foi o tempo de chegar aqui [a Lisboa]. Dormiu cá as duas noites e foi comigo ao funeral”, relatou.
“Já fiz tudo o que tinha para fazer nesta vida, já plantei árvores, já tive um filho, já escrevi, a única coisa que tenho neste momento é o teatro e se me tiraram isto, então mandem-me embora”, frisou Florbela Queiroz, acrescentando: “E tenho o testamento vital. Se me der alguma coisa, ninguém me pode acordar. Não quero. Não quero cá ficar. Já que não há eutanásia para as pessoas que sofrem, que é um grande disparate, ninguém tem o direito a sofrer. Não me assusta minimamente a morte, assusta-me é estar numa cama dependente ou numa cadeira dependente. E isso é que eu não quero”.
O filho Manuel completaria 45 anos esta terça-feira, dia 13 de setembro e Florbela Queiroz desabafou: “Tenho de mandar beijinhos para o céu. Mas tem lá os meus pais que lhe dão beijinhos, e o Nicolau [Breyner], que o adorava”.
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