Cerca de quatro anos depois de ter acusado André Carvalho Ramos, com quem trabalha na TVI, da prática do crime de violência doméstica, Emanuel Monteiro recordou o tema numa entrevista que deu a Diogo Assunção no podcast “Lugar Marcado”, disponível no YouTube.
“Foi uma fase super negra. Talvez a pior fase da minha vida, sem dúvida. Foi super difícil, passei super mal. Tudo foi um choque. Na verdade, quando aquilo aconteceu, e quando eu venho falar… Falei porque se arrastava há muito tempo“, confessou, lembrando que chegou a ter muito apoio por parte de um subdiretor da TVI, António Prata.
“Ligou-me a perguntar se eu precisava de alguma coisa, veio ter comigo para falar sobre isso e ver se eu estava bem. Senti uma figura super paternal nele em relação a isso“, admitiu.
Emanuel Monteiro e André Carvalho Ramos, que acabou por ser condenado no final de 2020, trabalhavam e continuam a trabalhar juntos na TVI.
“Não nos cruzamos muitas vezes, hoje é uma ferida sarada. Mas à época foi difícil (…) Tínhamos vários amigos em comum e perdi-os, por escolha minha. Eu percebo a posição deles. Disseram que iam continuar a ser amigos dos dois. Não queriam magoar nem um, nem outro. Mas senti-me desconfortável, porque ia desabafar com eles e iam ouvir de um e de outro e decidi afastar-me… Agora olho para trás, não guardo mágoa“, garantiu, recordando ainda que alguns amigos foram a tribunal dizer que “não viram nada“, embora Emanuel assegure “que presenciaram” algumas situações.
“Não sei o que faria se estivesse na mesma situação“, assumiu, sem querer condenar essas pessoas pela decisão que tomaram então.
Emanuel Monteiro, que atualmente já olha para o caso com a devida distância, lembrou ainda que sentiu uma certa homofobia por parte da juíza responsável pelo caso.
“Eu fui uma vez ouvido em tribunal para contar o que já tinha contado ao Ministério Público e senti imenso preconceito do princípio ao fim (…) A juíza disse coisas do género: você tem 1,80 metros e deixa-se agredir por uma pessoa que tem 1,68 ou 1,69 metros… Eu senti homofobia“, lamentou.
André Carvalho Ramos foi condenado no final de 2020
O jornalista da TVI André Carvalho Ramos foi condenado a uma pena de multa de 400 dias, convertida em 2 800 euros, devido à prática de crimes de ofensa à integridade física do ex-companheiro Emanuel Monteiro.
A sentença, de acordo com a revista TV 7 Dias, foi lida na manhã de 16 de novembro de 2020, no Campus da Justiça, em Lisboa. A juíza Marta Gonçalves da Rocha deu como provada a prática de ofensa à integridade física simples em três dos mais de 50 factos apresentados na acusação de Emanuel Monteiro e declarou que o agressor teria de pagar ainda uma indemnização de 1 500 euros.
Ainda assim, a juíza sublinhou que houve “imensa falta de consistência e credibilidade” nas declarações feitas por Emanuel. Segundo a decisão do tribunal, e à qual a mesma revista teve acesso, “o assistente confirmou a relação amorosa com o arguido, as discussões permanentes, os ciúmes“.
No entanto, “foram encontradas várias incoerências/inconsistências e irrazoabilidades no conteúdo do mesmo que fragilizaram de forma irreversível a sua versão dos acontecimentos“. Uma delas prende-se com o facto de Emanuel Monteiro ter dito, em tribunal, que o último contacto que teve com o arguido foi em maio de 2018. Tal não é verdade, já que, depois disso, trocaram emails que evidenciam “intimidade” entre ambos.
Ainda de acordo com a revista TV 7 Dias, os três factos que ficaram provados foram os seguintes:
- Um puxão suficientemente forte para provocar a queda de Emanuel, em dezembro de 2016, na discoteca Jézebel;
- Um ataque de ciúmes de André, no centro comercial Colombo, depois de o namorado ter recebido uma mensagem no telemóvel: tirou-lhe o dispositivo, quis o código do mesmo, para a poder ler, e já em casa fechou o companheiro no quarto e atirou-o contra uma parede;
- E, por último, em outubro de 2017, na discoteca Trumps. André beliscou Emanuel, várias vezes, com o intuito de o ferir.
Todas as outras acusações feitas por Emanuel contra o ex-companheiro não foram provadas em tribunal.