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Diana ficou tetraplégica após ser baleada pelo pai: “Condenou-me a prisão perpétua e está solto”

Vanessa Jesus
6 min leitura
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Diana tinha 26 anos quando foi baleada pelo próprio pai e ficou tetraplégica. Dez anos depois, foi entrevistada por Manuel Luís Goucha onde recorda o fatídico dia.

Foi no dia 9 de abril de 2011 que a vida de Diana mudou radicalmente. A convidada de Manuel Luís Goucha contou como tudo aconteceu numa conversa emocionante.

Diana não consegue dizer hoje a palavra ‘pai’, prefere ‘progenitor’. Os pais divorciaram-se, mas a mãe deu uma nova oportunidade ao marido quando ela tinha apenas dois anos.

Durante os 2 anos e os 13 recorda-se das muitas discussões que havia em casa. A convidada lembrou o dia em que o progenitor deu um tiro num quadro, de quando partia os móveis em casa e até um dia em que chegou a empurrar a mãe após uma discussão e ela assistiu tudo.

Os avós maternos tentaram sempre protegê-la, mas faleceram os dois no mesmo ano quando ela tinha apenas 8 anos. Aos 13 anos o pai saiu de casa.

“Optei por ir viver com ele. Naquela altura dava-me melhor com ele. Sentia-me mais próxima dele”, disse, referindo que a mãe ficou magoada.

O pai tinha uma filha de uma relação anterior, 8 anos mais velha que ela, mas vivia com a mãe e visitava o pai só de vez em quando. Ficaram, portanto, os dois a viver sozinhos até porque o progenitor não refez a sua vida com ninguém.

“Foram um misto de partes boas e más. Era muito atencioso mas muito controlador. Só estava contente quando eu estava em casa a estudar. Não gostava que saísse com as minhas amigas à noite e não gostava que usasse algumas roupas“, recordou.

Diana confessou sentir-se privada da sua liberdade. Contudo, o pai ficou eufórico dela ter seguido medicina. Em 2011, quando tinha 26 anos, foi estudar para Évora para fazer uma especialidade propositadamente para não estar perto do pai e conseguir ter a liberdade que tanto sonhava.

Foi lá que conheceu um namorado e não podia ficar mais feliz, mas tentou esconder do pai no início. “Era uma relação tensa, queria controlar a minha vida e eu já não queria tolerar isso”, desabafou, relembrando de seguida a Manuel Luís Goucha o fatídico dia.

Era para ir almoçar com o progenitor no dia 9 de abril de 2011, num sábado. Porém, atrasou-se e foi comer com o namorado e os ‘sogros’, que eram os seus senhorios. Telefonou a avisar o progenitor que ia comer por lá, por Évora, e ia chegar mais tarde.

 Assim que chegou a casa, o progenitor começou a dizer-lhe que estava a trocar os senhorios por ele e confirmou que a filha estava a namorar.

“Disse-me: ‘Mato-te já'”

“Disse-me: ‘Mato-te já’ e quando retorna já vem com a arma. Dispara 3 tiros. Quando dou por mim estava numa poça de sangue na cozinha. Ele chega ao pé de mim e diz: ‘Pronto, matei-te’ e sai porta fora. (…)  Apesar de tudo ele amava-me. Um amor obsessivo. Estragou a minha vida”, recordou.

“Não sentia o meu corpo, eu pensei logo: ‘a modula foi atingida. Se sobreviver a isto vou ficar numa cadeira de rodas'”, lembrou. Enquanto isso, o progenitor ligou à outra filha a dizer que tinha matado Diana.

Um mês em coma

Ficou um mês em coma e depois em recuperação. Decidiu colocar um ponto final na relação com o namorado, pois não quis ser “um fardo” para ele.

O pai ainda falhou um quarto tiro e hoje Diana chega a pensar que gostava que lhe tivesse acertado que assim “podia ter acabado com isto”. Ficou tetraplégica e, por isso para casa da mãe de quem é dependente a 100%.

“É frustrante, querer fazer as coisas e não poder, nem sequer conseguir agarrar um copo de água“, desabafou a Manuel Luís Goucha. Quanto ao pai está livre, foi condenado, mas já recorreu 4 vezes.

Diana confessa que não tem medo dele e já se chegou a cruzar com ele em tribunal. Hoje, pede apenas justiça. “Condenou-me a prisão perpétua e está solto“, disse, salientando que gostava de um pedido de desculpa para ficar com paz interior.

“Espero que prendam e o privam da liberdade como ele me privou a mim. Sinto uma profunda mágoa. Falhou da pior maneira que um pai podia falhar”, lamentou Diana.

“Muitas vezes pergunto-me: ‘o que será de mim? Sobretudo quando não tiver vá a minha mãe’. O meu maior medo é passar o resto da vida numa instituição. O meu maior desejo é que faça justiça e depois logo verei o que faço com a minha vida. Não é aceitável que as vítimas tenham um papel secundário. As vítimas têm que ser protegidas não os arguidos”, rematou a convidada de Manuel Luís Goucha.

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