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Conselho Deontológico dos Jornalistas condena reportagem de Ana Leal

A. Oliveira
3 min leitura

Depois da emissão da reportagem de investigação de ontem, no Jornal das 8 da TVI, sobre um caso de violência doméstica, o Conselho Deontológico dos Jornalista veio a público condenar a identificação do menor envolvido no caso, Dinis Maria.

Em comunicado, o Conselho Deontológico dos Jornalistas “condena os termos em que uma reportagem, apresentada como sendo sobre violência doméstica, mas suportada exclusivamente num caso, identificando intervenientes e vítimas, foi exibida ontem [quinta-feira] no Jornal das 8, da TVI, e depois retomada no programa Ana Leal, da TVI24, incluindo uma entrevista telefónica com um dos envolvidos no caso, que usou um filho menor de idade nessa conversa”.

“O jornalista não deve identificar, direta ou indiretamente, menores, sejam fontes, sejam testemunhas de factos noticiosos, sejam vítimas ou autores de atos que a lei qualifica como crime. O jornalista deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor”, relembra o Conselho Deontológico, recorrendo-se ao ponto 8 do código pelo que se rege.

Desta forma, o órgão considera que não há justificação para a identificação do menor e diz que “Tão-pouco o recurso à ocultação/dissimulação do rosto é suficiente para contornar tal efeito: desde logo porque filhas de protagonistas sociais são facilmente reconhecíveis; mas também porque jamais estas imagens deixarão de estar presentes no espaço público e ninguém tem o direito de impor às vítimas que se confrontem com elas no seu futuro”.

No comunicado pode ler-se também que “Apesar de uma tímida reserva inicial, a jornalista acabou por interrogar e manteve ainda no ar uma conversa com um dos menores, em direto, sem que ninguém tivesse o cuidado de desligar imediatamente a chamada”.

“Os jornalistas devem ter em conta que, em circunstâncias muito específicas e devidamente ponderadas, lhes é lícito, e porventura aconselhável, ouvir crianças, salvaguardando sempre escrupulosamente a sua identidade. Mas só devem fazê-lo quando estão plenamente capazes de conduzir a entrevista em condições de absoluta salvaguarda do interesse superior da criança”, conclui.

Na reportagem, a equipa de Ana Leal apresentou imagens inéditas onde se vê Manuel Maria Carrilho a ser agressivo com os menores, que são seus filhos e de Bárbara Guimarães.