O programa ‘Passadeira Vermelha’ analisou a entrevista de Judite Sousa a Daniel Oliveira, no ‘Alta Definição’.
Zulmira Ferreira partilhou a sua experiência e a dor que enfrenta, após ter perdido o único filho, o DJ Eddie Ferrer. Foi no programa Passadeira Vermelha, exibido na passada segunda-feira, dia 13 de janeiro, durante a análise à entrevista de Judite Sousa no Alta Definição, que a comentadora demonstrou o seu apoio à jornalista e fez confissões sobre como está a lidar com este que afirma ser o pior momento da sua vida.
“Eu sinto que ela não está bem. Tal como ela disse, nós ficamos amputados. Revolta, essencialmente, muita revolta. Eu penso que ela, em determinadas coisas, tem muita razão. Houve um aproveitamento muito muito muito grande da morte do André”, começou por afirmar.
A comentadora confidenciou ainda que tinha falado com a jornalista e que a conversa entre as duas foi de poucas palavras. “Eu falei com ela, ela falou comigo. Aliás, não falamos, nós chorámos as duas. Nem sequer conseguimos falar, choramos“, confessou.
Em seguida, Zulmira Ferreira contou que Judite Sousa “reconheceu que a maior parte das pessoas se terão afastado por culpa dela”. “Eu percebo-a, eu, por acaso, tenho tido a particularidade de ter muitos bons amigos, que não se cansam de estar ao pé de mim, comigo a chorar horas a fio e comigo a falar sempre no mesmo assunto e estou muito mais azeda do que aquilo que eu era“, admitiu a comentadora do ‘Passadeira Vermelha’.
“Irrita-me ver pessoas felizes, irrita-me ver pessoas contentes, irrita-me ver pessoas a rir“, acrescentou.
“Nós perdemos a vontade de viver”
Desde a morte do único filho, a socialite só tem conseguido dormir com a ajuda de comprimidos. “Todas as minhas noites são assim, eu só durmo, pouco mas bem, quando tomo os maravilhosos comprimidos que a Liliana me deu”, confessou.
Joana Latino acredita que a terapia pudesse ajudar Judite Sousa a superar o trauma, e deu o seu exemplo do processo de cura pelo qual passou devido à morte do pai, mas Zulmira Ferreira explicou: “Eu perdi o meu pai. Eu perdi a minha mãe. Eu amava-os. Eu sou filha única. Eles eram tudo o que tinha. Agora vêm-me dizer assim “perder um filho é a mesma dor”? Não é. Nós perdemos a vontade de viver. Acho que muitas vezes é um alívio pensar assim (…) acho que não tinha coragem para me suicidar, agora o morrer, realmente, não tenho medo. Para mim, a morte, neste momento, se eu for acreditar em tudo o que me dizem, é o ir ter com ele [com o filho]. Acaba por ser um alívio e uma esperança voltar a estar com ele”, desabafou.
“Há medida que o tempo vai passando vai sendo pior. Vai-se dando conta da realidade. Eu própria não aceito. Eu não acredito. Por mais terapias que se façam, a cura não existe”, continuou mais à frente na conversa.
“Penso que a Judite Sousa está pior”
Zulmira Ferreira referiu que “Judite fez um retiro espiritual onde esteve só com pais que perderam filhos, onde ela disse que todos choravam”. “Estavam todos unidos pela mesma dor. Até já isso fez para apaziguar a dor dela e para melhorar e o facto é que não melhora. Eu não vejo a Judite melhor. O André morreu há oito anos e eu penso que ela está pior“.
Confrontada com os conselhos que podem ser dados ou terapia que possa ser feita, Zulmira Ferreira afirmou: “Uma coisa é a teoria, outra coisa é a prática. Eu também percebo tudo aquilo que as pessoas dizem. Mas só que depois fico “mas para que é que me estão a dizer…” Eu sei, até fico enervada. Não têm de me estar a dar lições de que o tempo atenua, que não me posso isolar. E não. Aquilo que ela [Judite Sousa] disse é verdade. Eu penso que à medida que o tempo vai passando, vai sendo pior. Vai-se tomando conta da realidade. Há um tempo enorme em que as pessoas não aceitam. Eu própria não aceito. Eu não acredito. Há momentos do meu dia (…) “eu vou acordar, ele vai chegar, ele vai estar aqui”.
“Eu acho que por mais terapias que se façam, a cura não existe. Não acredito que exista”, disse ainda.
