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Virgílio Castelo: “Parece que o cinema português está sempre a tentar ensinar o espectador a viver”

"Há sempre umas citações filosóficas extraordinárias que serão plausíveis para 5% da população que vê filmes", disse Virgílio Castelo.

Ana Ramos
3 min leitura
Imagem: Caras

Virgílio Castelo esteve à conversa com Bárbara Guimarães no programa da SIC Mulher “Irresistível” e falou sobre o cinema português.

O ator começou por falar das dificuldades de fazer cinema em Portugal e das qualidades da série “Rabo de Peixe”: “Gostei imenso exatamente porque é o contrário de tudo o que se fez até agora em Portugal”.

“Sobretudo, nota-se uma coisa que é: Para quem esteve do outro lado a produzir, a realizar ou a escrever, um dos nossos dramas que os nossos realizadores e os nossos guionistas têm é que escrevem um filme, uma série, o que for, depois, quando aquilo chega à produção, o que a produção faz, sistematicamente, é cortar 50% do que está escrito”, comentou Virgílio Castelo.

“Porquê? Porque não há dinheiro. E o que acontece em ‘Rabo de Peixe’ é que há dinheiro e, como há dinheiro, as cenas que são necessárias para a compreensão da narrativa estão lá todas”, explicou.

Virgílio Castelo referiu que uma das dificuldades “quando se escreve uma história que tem a ver com a vida das pessoas” é que “tem de partir da realidade e esta partiu da realidade”.

“Se fizeres uma coisa apenas baseada na realidade estás a fazer um documentário. Aquilo tem de criar esperança. No fundo, a dramaturgia tem de lidar com as emoções. Se fazes apenas um apelo ao raciocínio, que é o que acontece na maior parte do cinema português, que é muito pouco emotivo e é muito racional e faz um apelo sistemático a uma espécie de tentativa de compreensão da vida que as outras pessoas não entendem”, afirmou Virgílio Castelo.

“Há uma coisa terrível no cinema português. Parece que o cinema português está sempre a tentar ensinar o espectador a viver. Há sempre umas citações filosóficas extraordinárias que serão plausíveis para 5% da população que vê filmes, mas os outros não”, rematou Virgílio Castelo.

Para o ator, a série “Rabo de Peixe” tem “um tipo de inteligência emocional que chega a muita gente”: “Daí o êxito e não só em Portugal”.