«Vidas Opostas». Conheça as personagens

65 min leitura
Foto: SIC

A nova novela da SIC está quase a estrear. Apresentamos agora todas as personagens da novela, bem como a sua história.

Perfis de Personagens

Eva Lemos

32 anos
FUNCIONÁRIA NA AGÊNCIA Antidoping / EMPREGADA DE LIMPEZA NA MUVv

Joana Santos

O Marco vai saber que estou grávida depois de lhe fazer uma surpresa, mas a reação não vai ser a que eu esperava, e é o primeiro sinal de que, afinal, a minha vida não é tão perfeita como pensava. De um dia para o outro, ele desaparece. Vou procurá-lo por todo o lado e quando já estou a desesperar, a pensar o pior, a minha vida dá outra reviravolta: sou expulsa da minha própria casa!

Ainda sem perceber o que se está a passar na minha vida, e depois de descobrir que tenho as contas vazias, também sou afastada da Agência Antidoping. Acusam-me de passar informações preciosas sobre a agência, mas estou inocente! Nunca traí a minha pro ssão, os meus compromissos, mas o facto é que foi com o meu login que entraram na rede da Agência. Quem o poderia ter feito?

Caída em desgraça, desorientada, sem teto e sem dinheiro, vejo-me obri- gada a voltar para casa da minha mãe em Sintra. A minha reintegração na família não vai ser fácil.
Vou ser a sombra de Maria. Vou confrontá-la e acusá-la, a discussão irá su- bir de tom, tornar-se violenta e, mais tarde, o pior acontece. Ela roubou-me o marido, a vida.

Vou fazer com que a Maria e o Marco paguem pelo que me tiraram.

Maria Pinho

28 anos
PROF. EDUCAÇÃO FÍSICA / LOJISTA NA MUVV

Sara Matos

Tenho a minha família comigo: o meu pai, Vítor, que é o meu norte e por quem eu faria, sem exagero, qualquer coisa, e o meu irmão, o Hugo, com quem sempre posso contar, mesmo com o seu desprendimento e alguma inconsequência, típico dos irmãos mais novos. Não somos ricos, mas vi- vemos felizes e com uma segurança, que nem sempre a tivemos. E agora até consegui um emprego como vendedora da mais conceituada marca de roupa desportiva nacional, a MUVV.

Mas o que pensava ser perfeito, era ilusão: o Marco não é só um homem apaixonado e pai amoroso, é também um criminoso e… casado. Vou des- cobri-lo quando a mulher dele, a Eva, me bater à porta para me acusar de tudo, de lhe roubar o marido e o dinheiro, de lhe destruir a vida. Vai ser um choque, vou car perdida. Mas o Marco vai fazer de tudo para me conven- cer que o amor que sente por mim é verdadeiro e que as mentiras existiram para me proteger.

Mas não foi só a mim e à Eva que o Marco andou a enganar, durante o tempo em que trabalhou para a rede de doping roubou-lhes anabolizantes e ven- deu-os por conta própria, conseguiu com isso juntar 500 mil euros. A rede descobriu e agora tem a cabeça a prémio. Quando esse dinheiro me vier parar às mãos, vou car em pânico sem saber o que fazer com ele, e ainda mais pânico vou ter quando a mala onde o dinheiro está misteriosamente desaparecer. Quem o roubou?

 

55 anos
EMPREGADA NA PASTELARIA TROVÃO / COSTUREIRA NA MUvV

Maria João Luís

Em menina costumava pendurar-me nas montras das lojas de roupa e so- nhar que um dia era eu que estaria ali, atrás dos grandes balcões, a vender modelos feitos com as minhas mãos.
Apesar das di culdades, tenho tido uma vida preenchida… Um marido que amei, três lhos.

O meu marido Ernesto morreu de ataque cardíaco. Foi o pior momento da minha vida. Sozinha com três lhos, uma ainda de colo, pensei que nunca ia conseguir refazer-me da perda. Até conhecer o Artur. Ele era mais novo do que eu, homem bonito, de modos suaves e conversa interessante. Conhece- mo-nos quando ele me ajudou a mudar o pneu do meu 127 a cair de podre e nunca mais nos largámos. Não foi fácil deixá-lo entrar na minha vida, mas foi-me conquistando. Aos poucos, deitou abaixo a muralha que ergui ao redor do meu coração depois de enviuvar. Ele fez com que eu voltasse a gostar da vida e, a certa altura, pensei que podia mesmo ser o homem certo para apre- sentar aos meus lhos. Mas depois tudo se desmoronou… A fúria, a mágoa e a dor tomaram conta de mim. Um dia, vão saber de tudo…

A vida corre com normalidade até ao dia em que a Eva me irá aparecer à porta com uma mão à frente e outra atrás, a dizer que o marido a enganou com outra e fugiu com todo o dinheiro que tinham.
Entretanto, também entro no descalabro quando a pastelaria começa a vir por aí abaixo. Vou inventar doces e salgados para ajudar, mas não corre bem. Quando já não tiverem dinheiro para me pagar, despedem-me e vou ter de procurar outro emprego. O que vale é que vão precisar de uma cos- tureira na MUVV e aproveito logo o caminho que se abre à minha frente.

Joel lemos

23 anos
ESTUDANTE DE FISIOTERAPIA / HOMEM DOS NEGÓCIOS MIL / MODELO

Luís Garcia

Porquê?, perguntam vocês… Porque estudar requer dinheiro, tempo e paciên- ciaetenhomuitopoucodecadaumadessascoisas.AdoroFisioterapia,sempre quis fazer a faculdade, só que isto de trabalhar e estudar ao mesmo tempo é mais difícil do que parece.

Neste momento da minha vida, da vida da minha família e da minha mãe que se mata a trabalhar dia e noite para ter as contas em ordem, decidi que o dinheiro era mais importante. Não estou a tentar ser um herói. Estou a ser prático.
Se a morte do meu pai me revoltou, transformando-me num miúdo rebelde e arruaceiro, sempre pronto a arranjar problemas, a solidão da minha mãe fez nascer em mim um certo sentido de responsabilidade. É a dona Salomé que manda, mas eu sou o homem da casa, o que tem a missão de proteger, de ver se está tudo no lugar, de aliviar a cruz que ela carrega por ter cado com dois lhos a cargo e sem ajudas de ninguém.

Entre os biscates e a venda de acessórios desportivos à porta dos estádios, descobri que podia pôr o meu curso superior a uso e comecei a fazer massa- gens na praia. O Caio deixa-me usar uma barraca da concessão na praia e o meu corpinho toni cado faz o resto. As miúdas querem ver-me mais de perto, sentir estas mãozinhas suaves na pele e fazem la por um apertão aos músculos.

A ex-miss Cecília Candal vai-me descobrir na praia e achar que sirvo para mo- delo. Nunca digo que não a um desa o, muito menos quando mete guita da boa, por isso aceito. O pessoal na MUVV quer que seja a nova cara da marca. Apesar de estar focado no sexo oposto e na minha novíssima carreira como modelo, não vou esquecer o sonho de ser sioterapeuta, até porque uma pes- soa tem de pensar no futuro, certo?

 

Lucia Lemos – Lucinha

14 anos
ESTUDANTE / GINÁSTICA RÍTMICA

Beatriz Frazão

Tenho razões para isso. Na escola, os rapazes não me largam e as miúdas querem ser como eu. Até me imitam na maneira de vestir e falar. Nasci cool, sou cool e mantenho-me cool. Saio à Eva. É o que o Joel diz. A mãe nem quer ouvir falar disso. Ainda bem, porque foi ela que me ajudou a ser a pessoa que sou hoje: destemida, con ante e determinada.

Faço ginástica rítmica. Participo em competições nacionais e internacio- nais e tenho várias medalhas no meu quarto para provar que sou boa. Te- nho grandes sonhos na ginástica, por isso esforço-me e dou o máximo: sou super-regrada com os treinos e nunca falto. Nunca pensei que isto fosse um problema até conhecer o David. É a Bia, a minha melhor amiga, quem nos apresenta. Ele acaba de se mudar para o apartamento ao lado dela e é top! Giro que dói, corpo espetacular, joga vólei de praia e o sucesso entre as miúdas é descomunal. A Bia vai ter um fraquinho por ele, mas azar!

O David é diferente de todos os rapazes que conheci. É con ante, rebelde, domina as cenas. Gosto disso. Vou fazer tudo para o conquistar.

VItor Pinho

54 anos Fotógrafo Desportivo

Dinarte Branco

 

O meu outro amor a orou no dia em que meu pai me levou a ver o Sintrense jogar. Decidi ali que ia ser o próximo Eusébio! Infelizmente, descobri que tinha dois pés esquerdos e tive de recolher essa paixão para trás da objetiva. Encontrei a minha vocação e passei a minha vida a trabalhar como fotógrafo desportivo.

Isso, no entanto, custou-me outro dos meus grandes amores: a Cecília. Começá- mos a namorar bem jovens e sempre pensei que teríamos um futuro juntos, até as nossas ambições nos travarem o caminho. A Cecília era fascinada por moda e lu- tou por esse sonho, foi compensada ao tornar-se Miss Portugal! Fiquei orgulhoso, mas para mim as coisas não corriam tão bem. Tirei o curso técnico de fotogra a, mas o mercado de trabalho não me dava oportunidades na área do desporto, até que apareceu a proposta de ir para o estrangeiro. Foi um choque quando a Cecília recusou ir comigo. Fiquei muito amargo… Até conhecer a Simone, uma mulher e atleta extraordinária, que me fez amar novamente, a ela e aos dois lhos maravi- lhosos que tivemos, a Maria e o Hugo. O meu tempo com a Simone foi curto, tendo ela morrido num estúpido acidente de carro. A força fui buscá-la aos meus lhos e mudei-me com eles para o Luxemburgo.

Aos 40 anos dei por mim a precisar de um pacemaker, coisa que para a minha família foi a origem de todos os problemas. Comigo doente, o peso das responsa- bilidades abateu-se sobre a Maria, que tinha 20 anos. Se estou vivo hoje é graças a ela, mas isso custou-lhe o futuro e por causa de uma decisão ingénua tivemos fugir para Portugal e recomeçar a vida sem dar nas vistas.

Encontrei algum sossego ao ver a minha lha novamente feliz: foi mãe de uma menina linda, a Alice, e encontrou um homem bom, que lhe é completamente de- dicado e que nos ajuda a todos, o Marco. Pelo menos, era isso que pensava, até este homem nos trazer de novo a insegurança à porta.

 

Hugo Pinho

24 anos
TRIATLETA/ CONDUTOR DE MERCADORIAS DA MUvV

Diogo Lopes

 

Ela morreu tinha 6 anos e mudámo-nos para o Luxemburgo.

De um dia para o outro, o meu pai cou doente, precisou de ser operado e o nosso estilo de vida mudou radicalmente. Voltámos para Sintra, uma terra que só conhecia da infância. Não foi fácil. Tive problemas a adaptar-me na escola e não foi por acaso que me quei pelo 12.o ano, eu e a minha irmã abandonámos os treinos e deixei para trás as minhas referências e amigos. Comparando, a Maria perdeu mais do que eu, para cuidar do meu pai per- deu a hipótese de se tornar atleta pro ssional. Para mim, nem tudo está perdido, há um sonho que quero realizar: tornar-me o melhor triatleta na- cional vencendo a prova mais dura do mundo, o Ironman.
Nunca tinha pensado em doping até ver a confusão em que o meu cunha- do, o Marco, se meteu. O gajo era meu mano, mas enganou a minha irmã! Vou ler sobre o assunto e concluir que o crime do Marco não é dos piores. Muitas das substâncias do doping já são produzidas pelo próprio corpo, tipo a testosterona.
Quanto a mulheres, os objetivos também estão de nidos: gajas, muitas e variadas, sempre em rotação. Na escola era o eterno melhor amigo, mas as horas a ouvir desabafos ajudaram tanto como o ginásio, porque me ensi- naram sobre o universo feminino e instintivamente comecei a saber como me comportar para as sgar.
Vou-me divertindo, o problema é que há sempre uma louca que não quer perceber que o Tinder não é o lugar para se encontrar o amor, como a Joa- na. Ao princípio vai ser bom, como sempre, mas depois a miúda vai ipar e achar que isto é mais do que é.

Alvaro Candal

51 anos
DONO DA MUVv/ CHEFE DA REDE DE DOPING

Rui Morrison

Comecei por tirar o curso de Engenharia Civil, mas dois anos depois percebi que o curso de Gestão ia ajudar-me a levar para a frente o meu projeto de vida: um império de roupa desportiva de luxo.
Mover-me no meio desportivo foi útil para criar alguns contactos vantajosos. Eu e a minha mulher Cecília fazemos uma boa dupla: eu trato do “corpo” e ela da “alma” da MUVV. Mas o nosso percurso pro ssional nem sempre foi sólido. Dez anos depois de a termos criado, a empresa entrou numa crise nanceira grave e corremos o risco de fechar portas. A boia de salvação veio através de um co- nhecido ligado ao ciclismo que me propôs usar a frota da MUVV para distribuir doping vindo do estrangeiro. Rapidamente livrei a MUVV do buraco nanceiro… E encontrei uma nova oportunidade de negócio.

Na rede descobri que estava dentro de uma mina onde o ouro tinha o formato de anabolizantes que transformavam atletas em heróis medalhados. Ganancio- so, decidi que queria fazer parte deste universo. Hoje sou o dono deste universo. Atualmente, a minha rede já não compra doping a outros. A minha rede produz, vende e distribui o seu próprio doping. A testa de ferro, a face visível da rede, é a Aurora – uma pessoa da minha extrema con ança.

O caos começa quando o meu lho Fred morre ao consumir doping. Sim, o meu doping. À partida, o doping não mata ninguém, é certo, mas o Marco achou por bem vender-lhe uma substância nova que ainda estava a ser testada. Sim, era promissora, mas não estava pronta!

Além disso, o gajo estava a roubar-me! Só vou parar de pensar nele quando o vir preso ou morto.
A perda do Fred vai deixar a minha família à beira da destruição. Obviamente, vou manter-me em silêncio sobre ter sido indiretamente responsável pela morte do nosso lho, vou sofrer com isso.

 

Cecilia Candal

48 anos DIRECTORA CRIATIVA DA MUVv

Ana Padrão

O Vítor, o meu único namorado até ao início da vida adulta, não me impedia de perseguir o meu sonho, mas a pressão que eu me impunha de manter um namoro estável nunca me permitiu voar tão alto como ambicionei. E quando ele teve uma oportunidade de trabalho em França, encontrei a des- culpa perfeita para terminar a nossa relação.

Paralelamente, o Álvaro apareceu. Ele sim era um homem que podia dar asas às minhas ambições. Um empresário charmoso, rico, bem-sucedido e a preparar o lançamento de um império de moda desportiva. Ao lado do Álvaro tudo se vislumbrava idílico. Ele fazia-me sentir perfeita, amada, de- sejada.

Tornei-me parceira de negócios do Álvaro e juntos erguemos a MUVV. For- mei-me às custas dele, concluí um curso de Design de Moda, um MBA em Gestão e tornei-me a alma da MUVV.
Sempre fui uma mulher bem-sucedida a esconder as minhas verdadeiras emoções. Este traço vai ser muito visível quando o Fred morrer e eu mal conseguir chorar. Tenho muito medo de ser vulnerável, que me vejam as- sim.

Tudo vai mudar quando descobrir que o homem a quem dediquei a minha vida é um criminoso e um potencial assassino. Vou tornar-me uma mulher irreconhecível. Até para mim.

Ricardo Candal

28 anos
DIRECTOR DE MARKETING DA MUVv

João Jesus

Mas quem acha que eu vivo de rendimentos e grandes festas, engana-se. Formei-me e hoje sou o diretor de Marketing da MUVV. Sim, é a empresa dos meus pais, mas tenho um papel muito ativo no seu desenvolvimento… A MUVV tem 20 anos e ainda é uma empresa fresca graças aos meus inputs e à forma como trabalho a imagem do nosso império desportivo.

Mas a minha postura vai mudar drasticamente e o catalisador vai ser a morte do Fred. Além do choque brutal, vou sentir uma carga pesada de cul- pa por ter desencaminhado o meu irmão na véspera de um grande jogo e, consequentemente, tê-lo posto no caminho do doping. Vou apanhar o Fred a tomar umas ampolas antes da nal do Torneio Europa e não vou conse- guir impedi-lo. Cometo um erro crasso e vou acreditar que podia ter evitado uma tragédia que vai pôr em risco a integridade da minha família. Mas, para surpresa de todos, vou ser o responsável por juntar os cacos do clã Candal. Vou tornar-me o lho e pro ssional de con ança que ele sempre quis ver e eu nunca mostrei.

Se também vou ter momentos de fraqueza? Claro que sim, mas esses só o meu melhor amigo Caio é que vai ver e ajudar-me a ultrapassar. Mas este “novo Ricardo” não vai ser só feito de força… A raiva também vai estar mui- to presente dentro de mim e tem um nome: Marco. Quando eu descobrir que este pulha foi o responsável por vender o doping que matou o Fred, vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para o encontrar e o en ar na prisão. E vou ter dois alvos muito claros para alcançar este objetivo: a Maria e a Eva. Quando descobrir a história dramática destas duas mulheres, vou aproximar-me delas para tentar chegar ao Marco.

 

Iris Candal

22 anos modelo

Filipa Nascimento

Os meus pais já trabalhavam neste meio antes de eu conseguir dizer “sti- letto”… E eu segui-lhes os passos.
A moda pode ter-me caído no colo por herança, mas a minha carreira che- gou às estrelas graças ao meu empenho. Fiz formações em Nova Iorque, Paris e Milão com os melhores treinadores de passerelle e fotógrafos do mundo. Tornei-me uma it-girl, a modelo que os criadores têm de reservar com antecedência para os des les, uma pro ssional rigorosa, uma estrela. Além do Ricardo, o irmão que vou passar a admirar, a Débora também vai ter um papel fundamental no meu percurso. Ela é a minha melhor amiga e desperta o meu lado mais descontraído, que poucos conhecem e eu conte- nho. Normalmente, opto pela discrição.

Mas há uma pessoa que vai despentear esta minha… “peruca social”: o Joel. A minha relação com ele é a mesma que tenho com o “Despacito”. Ir- rita-me, mas as minhas ancas não lhe resistem. E o resto também não. Va- mos ser o típico caso de duas pessoas que implicam uma com a outra por tudo e por nada, que se irritam a toda a hora, mas na verdade só se querem despir e fazer sexo até de manhã. Eu vou apaixonar-me profundamente por este labrego, mas vou ser burra o su ciente para fugir deste sentimento.

Marco Vaz

31 anos
COMERCIAL NA MUvV/TRAFICANTE NA REDE DE ANABOLIZANTES

Renato Godinho

 

Mas nunca houve falta de dinheiro na família! Para que é que me ia estar a preocupar com o futuro? Também já estava farto das comparações com o Jorge (o meu irmão mais novo). O lho perfeito!

Nunca fui muito ligado à família e, depois da morte da minha mãe, a situação agravou-se. Quando cheguei a Lisboa, trazia algum dinheiro do meu pai… Ainda equacionei pedir-lhe emprestado, mas sabia que não lhe ia devolver. Portanto, decidi roubar-lhe da conta cinco mil euros para me orientar nos primeiros tempos. Em Lisboa, com o 12.o ano concluído, arranjei vários traba- lhos, mas fui sendo despedido. Não atinava com os horários e as obrigações. Até que cheguei à MUVV. Já lá vão seis anos. No primeiro ano, aguentei-me bem e mostrei-me ambicioso. Num curto espaço de tempo, passei para a área comercial da MUVV. A Aurora, que organiza os eventos da MUVV e que, por isso, passa algum tempo na empresa, percebeu o meu empenho, mas também que podia con ar em mim.

E um dia fez-me uma proposta, que mudou a minha vida para sempre: co- laborar numa rede de doping que usava a distribuição da roupa da MUVV para mandar os anabolizantes para outros países.
Para obter informações privilegiadas fui pressionado a relacionar-me com uma mulher que trabalha na Agência Antidoping – a Eva. Aceitei, mas, entretanto, conheci a mulher que realmente amo: a Maria. Foi amor à primeira vista.

Nem a Eva nem a Maria sabem da existência uma da outra e desconhecem totalmente o meu trabalho na rede. A Maria, tal como a Eva, compreende as minhas ausências. Vivo em ansiedade constante.
Quando o Fred morrer, o meu único objetivo é fugir com ela e a Alice, mas o caos vai instalar-se na minha vida… Até ao último dos meus dias.

 

Jorge Vaz

30 anos JORNALISTA FREELANCER

Diogo Amaral

Fiz um trabalho sobre o impacto da eutanásia no Canadá, que me valeu a nomeação para o Pulitzer no ano passado. Foi uma investigação que me deixou muito orgulhoso.
Já perceberam que sou um apaixonado pelo trabalho, mas também há es- paço para outras paixões, sobretudo, as que têm que ver com mulheres. Estou há dois anos com a Sílvia e vivemos juntos há quatro meses. Ela é uma mulher extraordinária, mas sei que isso não chega.

De resto, sou uma pessoa com sentido de humor (gosto muito de ironizar), frontal e decidido. Não tenho grande ligação ao dinheiro. Serve para o que serve. Visto-me de uma forma descontraída e não ligo nenhuma a marcas. Mas confesso que adoro gadgets!

Vou para Portugal quando a Maria me contactar por causa do desapare- cimento do Marco. Encaro a viagem como uma missão. Uma estadia tem- porária, pensava eu. Até porque nunca gostei de Portugal – mas isso vai mudar.

À medida que o tempo vai passando, vou começar a car mais preso ao país. Numa primeira fase, vou aproximar-me da Eva e da Maria para tentar encontrar pistas sobre o paradeiro do Marco.
Depois começo a fazer um trabalho de investigação sobre a rede de anabo- lizantes. No meio deste processo todo, vou ser o ombro amigo do Hugo (o irmão da Maria) e também vou tornar-me amigo do Lucas.

Caio Leal

36 anos
DONO DO BAR DE PRAIA
/ TREINADOR DE VOLEIBOL DE PRAIA

Martinho da Silva

Fiz carreira no voleibol de praia, uma paixão que partilho com o meu par- ceiro e grande amigo Benny. Tudo muda quando, a meio de um jogo, sofro uma lesão que acaba com a minha carreira.
Sou louco de paixão pela minha mulher Vera, além de bonito e torneado, sou casado e pai de uma miúda que amo mais do que a vida: a Bia. A nos- sa família completa-se: a Vera gosta de controlar, já eu tenho um espírito mais livre. Dois pesos de uma balança estável que funciona perfeitamente na educação da nossa lha.

A Vera quer que a nossa lha seja uma modelo de topo, eu achava piada e, muitas vezes, até lhe dei razão: a nossa lha é linda, tem boa gura, se ela quiser, porque não? E é aqui que o problema começa: a Bia não quer ser modelo, mas, sim, ginasta. A Vera não aceita e vai ignorar opiniões, atrope- lar vontades e ultrapassar todos os limites para fazer da Bia a sucessora da Sara Sampaio.

O Benny vai ser o meu amigo inquebrável. O David, o meu puto maravilha, vai inspirar-me com a sua garra e determinação para alcançar o sonho que eu já vivi: ser uma referência no voleibol de praia.

 

Vera Leal

33 anos MAQUILHADORA

Diana Chaves

O Caio ama-me profundamente e o sentimento é recíproco. Este amor des- medido passou para a nossa Bia, o meu maior orgulho, a lha perfeita com que sempre sonhei.
Adoro a minha pro ssão, sou uma maquilhadora conceituada e realizada. Nasci para viver no meio das produções de moda.

E é esse glamour, so sticação e elegância que sonho para a Bia. Ela tem tudo o que é preciso: é linda, tem talento, é perfeita… Só lhe falta a vonta- de. Mas isso é apenas um capricho, eu sei. Faz parte do currículo de qual- quer adolescente contrariar a mãe. Ela diz que não quer, que não gosta, mas vamos falar a sério: conhecem alguma miúda que não sonhe em vestir alta-costura, ser maquilhada e penteada pelos melhores pro ssionais e viajar pelo mundo?

A Bia vai fazer parte desse seleto grupo ‘Top’. Ela vai adorar, tenho a certe- za, por isso é que vou obrigá-la a inscrever-se numa agência. Obrigar, leram bem. A beleza não é tudo na vida mas é quase…. E a minha lha é linda, ela tem de aproveitar.

O Caio não compreende. E a diferença de opiniões vai interferir na nossa relação.
Quando a Bia estiver envolvida numa situação muito perigosa, vou ser eu quem a vai tentar proteger.

Beatriz Leal – Bia

15 anos estudante

Daniela Marques

Ao início, não vou ligar, mas ela está mesmo convencida que ser modelo é o meu futuro. Não é, nunca poderia ser, sou tímida, introvertida, envergo- nhada… Não sei o que são uns Louboutins, nem quero saber. Eu quero ser ginasta. E apesar de a competição me desa ar e me dar a con ança que preciso, é ela que vai pôr a nu toda a minha insegurança.

Na ginástica vou conhecer a Lucinha, vai ser a minha melhor amiga e tor- nar-se, mais tarde, na minha maior inimiga.
Entretanto, vou conhecer uma pessoa que me vai fazer sentir no paraíso. Ele chama-se Miguel e tem 16 anos. Nós vamos conhecer-nos numa aplica- ção de encontros, à qual vou ter muitas reticências em aderir mas, depois das insistências da Lucinha, vou acabar por ceder.

Depois de algumas conversas, vamos marcar um encontro… A minha mãe vai ser a primeira a lançar o alerta sobre o meu comportamento.

 

Aurora Teles

38 anos
DONA DA AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO
E PRODUÇÃO DE EVENTOS/ “TESTA DE FERRO” NA REDE DE ANABOLIZANTES

Paula Lobo Antunes

Sou uma líder nata que gosta de controlar tudo e todos. Há seis anos ganhei a MUVV como cliente e a relação de con ança que o Álvaro estabeleceu co- migo foi sempre crescendo. Ele conhece o meu empenho e o meu rigor. Tem sido uma espécie de padrinho. Tem estado sempre presente nas alturas mais difíceis da minha vida, especialmente quando o Lucas foi condenado e preso por fraude scal. Depois do escândalo, só quis limpar o nome do meu marido e pagar as dívidas. Nessa altura, recorri ao Álvaro na esperan- ça de que ele me pudesse ajudar com um empréstimo. Ele apresentou-me uma contraproposta: ajudava-me a arranjar dinheiro para pagar a dívida do Lucas em troca de trabalho, mas desta vez não envolvia a minha agência. Foi assim que acabei por entrar na rede de trá co de anabolizantes.

Sou a “testa de ferro” do Álvaro e lido com toda a estrutura da rede. Sou a face visível daquele negócio. Se vivesse apenas do ordenado que consigo tirar do meu trabalho, nunca mais conseguia libertar-me das dívidas que o Lucas acu- mulou nem conseguia proporcionar ao meu lho David a vida que temos.

O meu lho vive muito revoltado por ter o pai preso. Eu esforço-me para o compensar da ausência do Lucas.
Morro de saudades do meu marido, mas sei que já falta pouco tempo para ele estar de volta a casa e, nessa altura, vamos voltar a ser uma família feliz. Visto-me de uma forma so sticada, elegante e preocupo-me com a imagem. Sou amiga da Cecília e gosto genuinamente dela. No entanto, te- nho de ter muito cuidado para a manter afastada de tudo o que diz respeito à rede e ao Álvaro.

Lucas Teles

40 anos CONTABILISTA/ RECLUSO

Jorge Corrula

Houve uma denúncia e fui o único que não se safou, claro. Apanhei uma pena de quatro anos por burla quali cada e branqueamento de capitais e ainda fui condenado a pagar uma multa de trezentos mil euros. Tenho esperança de sair em liberdade condicional em breve.

Tem sido a minha mulher, com o trabalho dela, quem tem pago a dívida. A Aurora é uma mulher extraordinária. Tive a sorte da minha vida quando a conheci, num dia de surf, em Sagres. Ela perdoou os meus erros e tem lutado muito para que a nossa família se mantenha unida. Sei que a Aurora já passou por muito na vida e não merecia mais este golpe.

Quando sair daqui vou mostrar-lhe que sou uma pessoa diferente, que aprendi muito com a privação da liberdade e do conforto. Vou estar dispo- nível a cem por cento para a minha mulher e para o meu lho.
Sou uma pessoa sociável, con o facilmente nos outros e sou extrovertido. Descobri que o dinheiro é um vício, tal como a droga. Por isso, é preciso manter-me longe dele, do prazer que pode proporcionar. A prisão deu-me um banho de realidade e agora estou ciente de que preciso de muito pouco para ser feliz.

O que mais quero neste momento? Sair daqui, ir para a minha casa e estar junto da minha família. Quero reconquistar o meu lho David e provar-lhe que ainda estou a tempo de ser um bom pai. Ele nunca me veio visitar e isso é duro. Ambiciono ser o marido perfeito, que a Aurora merece.

Quando sair da prisão vou trabalhar como contabilista na academia da Maria.

 

David Teles

16 anos estudante

Henrique Mello

Por isso, vou chegar à casa nova contrariado. A minha mãe mudou-me de escola e tudo porque a outra agora ca fora de mão. Não me apetece ir às aulas, não me apetece conviver, não me apetece jogar vólei de praia nem fazer desporto – que é uma coisa que me dá pica e na qual sou bom. Já bastava ter de enfrentar a ausência do meu pai, que está preso.

Quando foi preso, lembro-me bem da vergonha que foi. Chumbei o ano e tudo. E depois começaram as ausências. Já não era ele que me levava aos treinos de vólei, nem à escola. E nos Natais começou a sobrar um lugar. Passaram dois anos e agora já me habituei. Só posso contar com a minha mãe. Coitada, ela faz tudo para que me sinta melhor e às vezes trato-a mal. O papel dela é lixado, mas sinto-me revoltado com estas cenas todas. Já imaginaram as tangas que tenho de dar quando me perguntam pelo meu pai? Ninguém merece passar por isto. Ele era o meu herói e, de repente, transformou-se no gajo mais miserável que conheço.

Os primeiros tempos na nova morada vão ser uma grande prova de fogo. Vou estar en ado em casa, a jogar virtualmente com os meus amigos da praceta. A Bia, uma vizinha da minha idade, vai entrar numa missão para me integrar na escola. Mesmo assim vou sentir-me perdido. Mas as coisas vão melhorar quando conhecer a Lucinha. Ela é linda, divertida, descon- traída e adora desporto – como eu!

Vou conhecer o Caio e voltar a jogar vólei de praia. Mais tarde, quando o Tomás chegar a Lisboa, vamos aproximar-nos e formar uma dupla de vólei de praia.

Artur Silva

45 anos
DONO E MECÂNICO DA LOJA DE BICICLETAS

Ricardo Carriço

Tive olho ao abrir a loja perto da MUVV, uma das maiores marcas de moda desportiva do país. É aqui que vou conhecer o Hugo e tornar-me seu trei- nador para o Ironman. Vou ajudá-lo a focar-se e ele vai evoluir, vou car orgulhoso.

Se disser a quem me conhece, que um tipo simpático, boa onda, com o om- bro sempre disponível, foi culpado da maior pulhice que um homem pode fazer, ninguém acredita. Foi numa das minhas temporadas em Portugal que a conheci. Ela tinha um ar tão vulnerável e perdido a olhar para aquele pneu furado à beira da estrada. Sempre fui cavalheiro e parei para ajudar. Foi assim que conheci a Salomé. Ela era mais velha e viúva e facilmente percebi que tudo aquilo eram defesas e que estava perante uma mulher cheia de vida, mas que por dor pela morte do marido se recusava a viver. Tornou-se minha missão resgatá-la e fazê-la sorrir.

Até inventei que gostava de dançar, era a paixão dela. Plantei-me à porta dos Alunos de Apolo e implorei que me ensinassem uns passos, tudo para a agradar e resultou. A nossa relação tornou-se séria e ela ganhou a coragem de me apresentar aos lhos.

Vai ser uma surpresa quando um dia der de cara com a Lucinha, a lha mais nova dela, que virá à minha procura porque me imagina como um mentor idílico, o homem que reconheceu o talento dela e que a inscreveu na ginástica quando ela ainda era criança.

Foi talvez a única coisa boa que z por aquela família.

 

Mónica Silva

26 anos PSICOTERAPEUTA

Joana Duarte

O trabalho com os miúdos obrigou-me a sair da minha concha, é difícil não nos envolvermos, não criar expectativas, não nos interrogarmos porque é que certas coisas acontecem, e o que posso fazer para ajudar os meus pa- cientes. Adoro o que faço. Ou adorava… Saí de Lisboa há dois anos, quando decidi abrir o meu consultório no norte do país.

Mais tarde deixarei de dar consultas. Não vou contar a ninguém o que aconteceu, nem sequer à minha melhor amiga, a Maria. Vou voltar a ter ambições, quando por acaso do destino o Benny, um antigo namorado da Maria, me pedir ajuda na gestão do negócio de comida para fora.

O Benny é um ás na cozinha, mas péssimo em organização. Vamos traba- lhar juntos e tornar-nos bons amigos. E é só amigos mesmo, porque ainda não esqueci e quase parece que adivinho que, mais tarde ou mais cedo, o passado vai voltar a aparecer para me assombrar.

Leonor Reis

60 anos
DONA E GESTORA DA AGÊNCIA MATRIMONIAL

Maria D’aires

O maior desgosto da minha vida é que os meus lhos não se deem. O Benny foi pai cedo. Responsável, decidiu assumir as responsabilidades e casar com a rapariga quando ela cou grávida. O pior é que, anos depois, ela se apaixonou pelo meu outro lho, Pedro, e os dois decidiram car juntos. O Benny ia morrendo de desgosto. Deixou-os ir, mas impediu que levassem o Tito, tinha o menino 10 anos.

Desde aí, nunca mais deixou que ela visse a criança. Não concordo com isso, mas o que posso fazer? O meu coração também me dói por estar se- parada do meu Pedro. Sei que o Benny teve razão em zangar-se com ele, também me zanguei, mas, com o tempo, comecei a sentir-lhe a falta. A ver- dade é que já há algum tempo que os visito às escondidas.

A Salomé é uma grande amiga e con dente, e é com ela que falo sobre as minhas preocupações, os meus lhos, principalmente em relação ao meu negócio. A minha agência tem cada vez menos clientes e vou ver-me pres- tes a ter de fechar as portas.

Mas com a ajuda do meu neto as coisas vão mudar. Ele percebe de tudo da internet e vai criar uma plataforma digital que vai relançar a minha agên- cia no século XXI. Nunca gostei muito da internet. Foi aquela geringonça moderna que afundou o meu negócio com os tinders, os second loves e ordinarices do género, mas eu não quero nada disso. Já deixei claro ao Tito que até pode criar uma app para a minha agência, mas é para ser coisa séria, com objetivo de casar, não para dar umas voltinhas. E vou ter o dedo nal a juntar casais. Esta é a minha especialidade e não vou abdicar dela.

 

Bernardo Reis – Benny

37 anos
JOGADOR DE VOLEIBOL / COZINHEIRO

Nuno Janeiro

Tenho encontros ocasionais com mulheres, mas sempre longe da vila e fora do meu ambiente. Não tenho tempo para relacionamentos. Depois da Andreia, deixei de con ar nas mulheres. A única que se escapa é a Maria. Foi a minha primeira namorada, depois do divórcio, mas as coisas não resultaram e o m da relação foi uma decisão mútua. Continuámos amigos e, com o passar dos anos, con dentes. Conheci a Andreia quando inscreveu o pai na agência de matrimónios da minha mãe. Queria encontrar uma namorada para o pai, que era um solitário e, além de achar que era a miúda mais querida do mundo, também a achei a mais gira. Começámos a namorar e numa noite que não tomámos precauções, engravidou. Disse-lhe que casávamos e pronto. Fomos felizes até ela se apaixonar pelo meu irmão. Foi um golpe muito grande, senti-me partido em dois. Ela queria deixar-me, levar-me o lho, mas não deixei. Nunca mais a deixei aproximar-se do meu lho. Foi há dez anos. Nunca mais quero ouvir falar daqueles dois.

Sou um bom pai. Faço tudo para que nada falte ao Tito. Quando ele nasceu, vendia bolas de Berlim na praia para pagar as contas. A minha mãe também me ajudou, mas o lho era meu e a responsabilidade também. Isto para dizer que aceitava qualquer biscate, desde que tivesse tempo para os meus treinos de voleibol. Hoje sou jogador pro ssional e faço parelha com o Caio, meu parceiro há mais de cinco anos. Somos pro ssionais em m de carreira, mas temos o sonho de chegar às Olimpíadas de 2018. Sonho que irá por água abaixo, quando o Caio sofrer uma lesão num dos jogos de apuramento. Ele vai car devastado e eu vou ajudá-lo no bar de praia, não podia car de braços cruzados. Como sempre adorei cozinhar, é lá que vou experimentar as minhas receitas e vou acabar por me dedicar à culiná- ria de corpo e alma.

Primeiro, vou começar um pequeno negócio de comida para fora, mas as coisas só irão ganhar asas quando a Mónica, a melhor amiga da Maria, me começar a ajudar. Juntos vamos formar uma dupla imbatível. Como eu era com o Caio, mas, agora, num jogo diferente.

Tito Reis

20 anos ESTUDANTE E NERD INFORMÁTICO

João Arrais

Sou um pintas da informática, mas não sou o típico introvertido atrás de um ecrã de computador. Pelo contrário, adoro divertir-me com a Débora e com o Joel. A Débora é a minha namorada, estamos juntos há quatro anos e as coisas não podiam correr melhor.

Estou a tirar o curso de Engenharia Informática e sou perito em computa- dores, por isso é que sou a pessoa ideal para ajudar a dona Leonor. Quando a agência começar a ruir, vou fazê-la ver que a melhor solução é criar uma aplicação de encontros, uma consequência da agência matrimonial que ela tem há décadas.

Vai ser um sucesso para ela… E para mim.
Até lá, vou arranjar outras formas de ganhar dinheiro.
Do que é que vou falar? De tudo. De informática, de como sacar miúdas, até posso cantar e fazer jogos.

 

João Trovão

59 anos Dono da pastelaria

António Durães

Um doce que o meu tetravô inventou e cuja receita passa em segredo de pais para lhos assim que fazemos 65 anos. Atualmente, só eu e o meu pri- mo sabemos a receita e um dos procedimentos de segurança, para preca- ver que esta passa de geração para geração, é garantir que nunca viajamos no mesmo carro, ou no mesmo avião. Se morrermos os dois, a Ribombinha acaba. Bom, vou completar 65 anos e está na altura de passar a receita adiante. A minha lha nem sequer sabe fritar um ovo e, além disso, está emigrada na Austrália… Portanto, resta-me a minha neta, que é pasteleira como eu.

Contudo, a vida dá muitas voltas e, com a ausência do meu primo e os nervos, acabo por me esquecer da receita antes de conseguir passá-la à minha neta.
Se vou voltar a amar outra mulher? Não sei. A Leonor é uma boa amiga e no futuro poderá tornar-se mais que isso. E depois há a Mariana, que me dá a volta à cabeça. Com esta idade ainda me faz o coração bater mais depressa.

Débora Trovão

22 anos chef de pastelaria

Raquel Sampaio

Vim para Sintra com 18 anos para ajudar o meu avô a lidar com a morte da minha avó. Também foi uma maneira de fugir à pressão dos meus pais que queriam que fosse para a faculdade, quando só queria cozinhar. A pastela- ria Trovão sempre foi a minha segunda casa. Adoro doçaria, tenho imensas ideias originais para criar doces e o meu avô é o meu ídolo.

Estou em pulgas para receber a receita da Ribombinha, o bolo de maior sucesso da família Trovão. Quando o meu avô se esquecer da receita, vai estar nas minhas mãos inventar um novo bolo que faça tanto ou mais su- cesso do que a original.

Também sou uma comunicadora nata. Adoro as redes sociais e vou ter um blogue de culinária. A minha quota de visualizações cresce de dia para dia, por isso sei que estou a ter sucesso.
Eu e o Tito namoramos desde que vim para Sintra e costumo dizer que temos a relação perfeita porque, antes de sermos namorados, somos me- lhores amigos. Num futuro próximo serei uma instagramer famosa, com patrocínio de marcas e ofertas de trabalho. A pergunta que terei de fazer a mim própria é se saberei conciliar isso com a pastelaria Trovão. O sucesso do meu blogue começa a ocupar-me demasiado tempo, com entrevistas a dar, pedidos para escrever livros de receitas, participações em programas de televisão, falar, escrever, falar, escrever. E quando é que faço aquilo que realmente gosto que é cozinhar? Quando é que posso ajudar o meu avô, que se sente cada vez mais sozinho à frente do negócio porque não tenho tempo para nada?

 

Mariana Dias

30 anos EMPREGADA DOMÉSTICA

Carolina Carvalho

Se o nosso apelido não fosse “Dias”, tudo teria sido melhor. Mas não vale a pena chover no molhado. Eu pre ro andar em frente e olhar para o alto. A minha aptidão para o desenrasque tornou-me uma empregada de sonho. Eu sou aquela empregada que não deixa cotão a voar, que aspira atrás dos móveis e que faz bolos para os patrões.

O meu grande sonho é ser atriz e vou fazer de tudo para o tornar realidade. O papel de mulher a dias exemplar é um ótimo laboratório, mas não é o meu único meio para atingir este m.
Depois de vários castings falhados, vou perceber que investir em forma- ção também é um caminho e vou ter aulas. Nesse momento, vou car mais motivada, mais con ante no meu potencial… E chegar mesmo a fazer uma websérie até acabar por me autoboicotar. Tudo por causa da minha perdi- ção: os homens.

Eu adoro homens, sobretudo mais velhos. Gosto deles loiros, morenos, al- tos… Até podem ser mais baixos que eu, desde que tenham experiência, maturidade. A verdade é que os homens vão ser o maior obstáculo no meu caminho até ao estrelato.

Tenho a certeza de uma coisa: aquela menina que papava as novelas todas enquanto a mãe engomava e, ainda hoje, sabe de cor as frases das suas personagens favoritas… Essa menina vai ser uma grande atriz.
Portanto, comecem já a decorar o meu nome: Mariana Nobre. Sim, leram bem. “Dias” é nome de empregada!

Soraia Dias

28 anos
EMPREGADA DOMÉSTICA/Estudante

Vera Moura

Tal como a minha irmã, também sou mulher a dias. Mas ao contrário da Ma- riana, sou o pesadelo de qualquer patrão. Em todas as casas que trabalho não há uma em que não tenha cometido um erro. Ou esqueço-me de limpar uma divisão, ou não levo o lixo para a rua, ou chego tarde e saio cedo, ou prendo o gato no armário sem dar conta… Estes são só alguns exemplos de desleixos com a minha assinatura.

Sou assim porque estou a dar o litro para acabar com distinção o meu cur- so de sonho: Contabilidade. O curso tem-se revelado muito exigente, o que me obriga a trabalhar sempre de auricular para conseguir fazer trabalhos de grupo com os colegas, ou ouvir algumas aulas a que não posso ir.

No meio de uma agenda atafulhada de trabalho ainda vou arranjar tempo para o amor. Namoro com o Joel e acho que somos almas gémeas. Eu ad- mito, sou uma romântica incurável e já pensei em tudo, onde vamos casar e em que escola podemos inscrever os nossos lhos. Com o tempo vou per- ceber que não há nada de mal em ser romântica… Quero ser contabilista, casar, ter lhos e uma família linda.

 

Simão Alves

30 anos
MODELO / TRAFICANTE DE ANABOLIZANTES

Ricardo Oliveira

Lembram-se daquele anúncio, para aquele refrigerante, onde estou numas obras, tiro a camisa e… Já sabem? Já estão a babar? Eu entendo. Logo em miúdo percebi que a beleza ia levar-me longe e cedo comecei a servir-me dela.

Para o público em geral, sou o atraente e espirituoso Simão Alves, o mode- lo que ganhou notoriedade com o tal anúncio memorável e, desde então, tem protagonizado campanhas, catálogos e alguns des les.
Mas hoje em dia, a moda não é a minha principal fonte de rendimento. Há cinco anos fui contactado pela Aurora, que conhecia de vários eventos da MUVV, e recebi um convite irrecusável de trabalho. A fazer o quê? A vender anabolizantes. Não é um trabalho de sonho, mas ganho bem.

Resumindo, sou um grande partido. Mas, como é óbvio, casar, ser el, amar e respeitar a mesma pessoa até ao m dos meus dias não faz parte dos meus planos…
Por poder e dinheiro, vou ser capaz de tudo. Até de matar.

Fausto Vidal

51 anos
DIRECTOR GERAL DA FÁBRICA DA MUVV

Rui Luís Brás

Foi o Álvaro que me deu a mão e um salário. Não me arrependo de nada no meu percurso, porque foi ele que me levou à minha Anabela.
Raça da mulher que me dá a volta à cabeça até hoje. Temos os nossos altos e baixos, claro, somos um casal: “Fausto, a roupa suja, Fausto, os sapatos, Fausto, os empregados merecem um aumento, Fausto, estamos a traba- lhar muitas horas”… Reclamar devia ser o apelido da Anabela. No trabalho, sou eu que mando, mas em casa… Já tive de dormir no sofá por causa da obsessão dela pelo Vitória de Guimarães. Ela vive para aquele clube e quer que a acompanhe, mas sou do Braga e nem gosto assim tanto de futebol. O que me motiva mesmo são as escavações arqueológicas…

Vou explicar: os antepassados da Anabela eram muito ricos, mas com as invasões francesas tiveram de fugir para o Brasil e, para não perderem tudo e na esperança de voltar, enterraram os tesouros da família em Gui- marães. Esta busca foi passando de geração em geração e ia acabar na Anabela, que não acredita em nada disso, se não fosse eu. Depois de o meu sogro morrer, quei encarregado de procurar o património da família dela. A nossa vida podia melhorar, se calhar, até podia comprar um carro como o do Álvaro, mas a Anabela não quer saber.

A minha companheira nestas andanças é a Joana, a minha lha. Vejam lá que ela até tirou Arqueologia. O meu orgulho. Juntos fazemos expedições e vamos atrás de pistas enquanto a Anabela revira os olhos. Ela só vai acredi- tar no dia em que nós encontrarmos alguma coisa e nós vamos encontrar, tenho a certeza.

 

Anabela Vidal

49 anos
DIRECTORA DO DEPARTAMENTO DE QUALIDADE DA FÁBRICA TÊXTIL DA MUVV

Sofia Sá da Bandeira

Comecei como operária de máquinas, passei por vários departamentos e agora sou a diretora de Qualidade. Sou boa a coordenar e a liderar equipas. O pessoal respeita-me. Sou muito empenhada e rigorosa no meu trabalho. Não tolero injustiças e sou uma defensora dos trabalhadores.

Nasci numa família humilde. Os meus pais tinham uma tasca nas Taipas e comecei a trabalhar cedo – por opção. Na verdade, nunca passei di culda- des. Eles foram essenciais na minha vida, sobretudo pelos valores que me transmitiram: o esforço, a dignidade, o respeito e a verdade.

Sou uma mãe dedicada mas dou liberdade aos meus lhos. A Joana tem 22 anos e o Tomás tem 16. Por enquanto são miúdos responsáveis que nunca me deram chatices.
Sou casada com o Fausto há 25 anos e foi na fábrica que o conheci. A nossa relação já passou por altos e baixos e houve uma altura (há cinco anos) em que ponderámos o divórcio. Estávamos muito empenhados na carreira e esquecemo-nos de nós enquanto casal. Conversámos e mudámos a nossa atitude. Reacendemos a chama da paixão e hoje em dia namoramos sem- pre que podemos.

Sou uma pessoa ativa e faço caminhadas com as minhas amigas.

Joana Vidal

22 anos ARQUEÓLOGA/ESTAGIÁRIA DA CÂMARA MUNICIPAL – PELOURO DA CULTURA

Inês Monteiro

Quem não achou piada à minha opção foi a dona Anabela, a minha mãe. Sempre fui uma espécie de prodígio na escola e ela tinha para mim as- pirações pro ssionais economicamente mais rentáveis, como Direito ou Gestão.

Em vez disso, segui a minha paixão e ela agora desespera pelo meu futuro. Somos uma família muito unida e prova disso é o apoio que temos dado ao meu irmão, que sofreu uma lesão e não consegue fazer o que mais gosta, desporto. Sou uma pessoa dinâmica e ativa e além de andar por aí a es- cavar, também trabalho em todo o tipo de atividades culturais ao serviço da câmara. O meu ponto fraco? Sou uma romântica incorrigível e acredito que estou destinada a viver um grande amor. Mas também sou lha do meu tempo e não vou car à espera do cavaleiro andante. Por isso, uso as novas tecnologias, há que dar uma ajudinha ao destino e, havendo tanta gente no mundo, com as aplicações de encontros com certeza que encontro o “tal”.

 

Tomas Vidal

17 anos ESTUDANTE / DESPORTISTA

Andrei Maxinese

Tudo porque um idiota qualquer vai lmar a queda, publicá-la na internet e vou tornar-me o palhaço da minha escola. O trauma psicológico causado por esta lesão vai tornar-se maior que o físico. Aliás, quando os médicos disserem que a minha incapacidade física está curada e que posso voltar a correr… Não vou conseguir. Vou continuar a sentir dores no joelho.

Para me ajudar, os meus pais vão convencer-me a ter consultas com uma psicóloga, a Mónica. A princípio, vou estar muito reticente, mas a Mónica vai quebrar as minhas barreiras e curar-me. Ela vai transformar o impossí- vel em vontade de correr e ganhar medalhas.

Quando descobrir a academia da Maria em Lisboa, vou arranjar a desculpa perfeita para me mudar para a capital. Para os meus pais, vou mudar-me para treinar com uma ex-maratonista de topo.

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Amante da tecnologia e apaixonado pela caixinha mágica desde miúdo. pedro.vendeira@atelevisao.com
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