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Sofia Arruda assediada por “pessoa com poder” em televisão

A Televisão
7 min leitura
SIC

Sofia Arruda é a convidada do ‘Alta Definição’, da SIC deste sábado, 17 de abril. A atriz abriu o coração para falar da sua vida pessoal e profissional.

Numa conversa emotiva com Daniel Oliveira, Sofia Arruda abriu o coração no programa ‘Alta Definição’, da SIC. A atriz revelou que sofreu de assédio por parte de uma “pessoa com poder” em televisão.

Tudo aconteceu durante as gravações de uma novela. “De repente puxam-te o tapete e deixas de ter trabalho. Aconteceu comigo. Estive dois anos sem trabalhar. No meu caso em específico foi uma situação muito delicada. Eu sabia porque não estava a ser escolhida”, começa por explicar.

Nunca falei disto. Foi uma aproximação menos profissional por parte de uma pessoa com muito poder dentro de uma estação de televisão, de uma produtora, que queria uma atenção que não era profissional da minha parte. Tentou que houvesse ali mais alguma coisa. No início não percebi o que é que se estava a passar, achei que era uma questão profissional porque a primeira abordagem foi essa, vamos almoçar e falar do projeto. Esse almoço nunca chegou a acontecer, e ainda bem, porque claramente não era essa a intenção, falar do projeto”, frisa.

Sofia Arruda, Daniel Oliveira

Sofia Arruda diz que tentou sempre “manter as coisas o mais profissional possível”, explicando que a referida pessoa tinha alguns gestos que não eram os mais adequados. “Uma mão, um cumprimento que ficava no sítio que não era suposto. Um beijo que me deixava um bocadinho constrangida, mas às tantas tu pensas que se calhar a pessoa é assim, muito afetuosa, e ficas a sorrir timidamente e afastas-te. Mas depois disso ia passando para intervenções mais diretas, de dizer que estava bonita, que me tinha visto não sei onde”, refere.

A atriz vai mais longe e revela que a pessoa em questão tentou por diversas vezes marcar jantares que não eram de trabalho, que sempre recusou. Num dia, enquanto estava a ser maquilhada para as gravações de uma novela, o assédio subiu de tom e foi alvo de um ultimato. “Eu estava na maquilhagem, e a pessoa chegou, agarrou-me no braço e disse: ‘É a tua última decisão?’, e eu disse sim, e ele respondeu-me: ‘Então tu nunca mais vais trabalhar aqui”, revela Sofia Arruda.

“Não sei quanto tempo fiquei ali sentada, mas a maquilhadora começou-me a maquilhar o braço porque fiquei com os dedos dele marcados, mas a verdade é que assim que o projeto acabou, o meu nome era proposto [para outros projetos] e eu estive 5, 6, 7 anos sem trabalhar naquela estação”, diz ainda a jovem atriz.

E não ficou por aqui. “Sei que fui vítima, mas sentia-me culpada porque pensava se em algum momento tinha dado a entender alguma coisa. Mas tinha a certeza que não tinha dado, que nunca tinha permitido qualquer tipo de aproximação que não fosse profissional dentro do local de trabalho”, afirmou. “Não sabia o que fazer, não podia apresentar queixa, sendo que as mensagens que tinha eram profissionais”, explicou ainda Sofia Arruda.

Outro dos temas de conversa foi a relação com os pais — que se separaram quando Sofia Arruda tinha quatros anos — e a grande ausência do progenitor.

O meu pai não morreu, o meu pai decidiu não aparecer. Em miúda pensava muitas vezes porque é que o meu pai não quer ser meu pai? Será que não sou boa filha? O que posso fazer para ser boa filha? Não encontras essas razões, não sei o motivo”, contou, referindo que continua afastada do pai.

“Pensei muitas vezes que a culpa podia ser minha, mas não podia fazer mais nada, não podia obrigar aquela pessoa a gostar de mim ou a estar comigo. Claro que agora olho para trás e sei que não tenho culpa nenhuma”, continuou Sofia Arruda.

Aos 12 anos, o pai apareceu de surpresa. “Chorei, depois o meu avô falou comigo e disse que eu é que decidia o que é que queria fazer. Aceitei falar com ele. O que me custou mais na altura foi olhar para uma pessoa que toda a gente diz que é o teu pai e tu não reconheceres. Não sentes aquela pessoa como teu pai, não consegues dizer ‘olá pai’”, recordou.

Mais tarde a mãe juntou-se a outro homem, com quem teve mais uma filha, a irmã mais nova da atriz. Apesar da situação, Sofia Arruda tinha uma grande proximidade com o pai da irmã e um dia encheu-se de coragem e fez uma questão pertinente.

“O pai dela viveu alguns anos connosco e eu gostava muito dele. Foi quase uma tentativa de ter um segundo pai. Houve um dia em que me enchi de coragem e perguntei-lhe se o podia chamar de pai e ele disse-me que não. Acho que foi o não mais duro que recebi em toda a minha vida. Claro que ele justificou e disse que eu tinha um pai que estava vivo e que não faria sentido eu chamar pai a outra pessoa. Mas claro que a partir do não, não ouvi mais nada. Só pensas, porquê? Não há ninguém que queira ser meu pai?”, relatou Sofia Arruda.

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