O lapso no nome de Carvalho da Silva deu do que falar numa das emissões da semana passada do Jornal da Noite. O erro foi logo parar Ă s redes sociais e o falatĂłrio surgiu. É na sua crĂłnica O PaĂs e o Mundo na revista TV Mais desta semana que Rodrigo Guedes de Carvalho escreveu sobre a situação.
Eis o comentário do pivô dessa emissão:
Manuel Carvalho da Silva merece-me uma palavra na hora em que abandona o palco mediático (por agora…). Atravessou, literalmente, toda a minha vida profissional. (…) Na hora da despedida, nĂŁo queria deixar de lhe prestar homenagem. Jornalistas e sujeitos da notĂcia sĂŁo vistos, erradamente, como pessoas que se movem em posições antagĂłnicas. NĂŁo Ă©, nem deve ser verdade. Como nĂŁo Ă©, felizmente, entre polĂticos que defendem a esquerda ou a direita. Podem e devem respeitar-se mutuamente.
E quis o destino jornalĂstico, tao imprevisĂvel como tantas vezes irĂłnico, que no dia em que eu apresentava o “Jornal da Noite” que se concentrava, precisamente, na despedida de Carvalho da Silva, o PaĂs fosse confrontado com uma gaffe absolutamente embaraçosa para todos, a começar pela SIC, naturalmente. Uma das frases, de rodapĂ©, com um erro no nome do lĂder da CGTP. Precisamente o erro mais temido: aquele que, com a simples falta de uma letra, transforma um dos seus apelidos numa das obscenidades mais estrondosas da lĂngua portuguesa. Demorámos alguns segundos a dar pelo erro, apĂłs o que a situação foi normalizada. Logo a seguir ao “Jornal”, prevendo que Carvalho da Silva estivesse bastante atarefado nos trabalhos do congresso, pedi a um dos nossos repĂłrteres no local que lhe apresentasse, em nome da direcção de Informação da SIC, as nossas mais humildes desculpas pelo lapso que faz corar. O que reafirmo. Mal eu sabia, como vim a perceber pouco depois, que já havia nas chamadas redes sociais da Internet um enorme “pagode” com a nossa gralha, difundida e reencaminhada atĂ© Ă exaustĂŁo, com os inevitáveis comentários a perceito. E aqui Ă© que entramos num terreno que, está visto, nĂŁo tem emenda no PaĂs. Acontecem passos em falso, gralhas, pontapĂ©s na gramática, muitas mais vezes do que seria aconselhável, em todos os canais, a todas as horas. Desses atropelos Ă LĂngua Portuguesa, com ou sem acordo ortográfico, raramente vejo qualquer reacção. Mas bastou o picantezinho de uma asneirola para a malta da Internet desatar em histeria. E julgava eu que seriam difsões e comentários de crianças e adolescentes, para quem há sempre uma excitaçãozinha de transgressĂŁo com escatologias ou obscenidades. Pensava eu que sĂł criançolas se conseguem divertir a dizer ou a escutar “chichi” ou “cocó”, ou com o eclodir de gases ou arrotos. Mas nĂŁo. Pela simples amostra do que me deram a ver, para me mostrarem a “dimensĂŁo” que a nossa gaffe já ganhara, nĂŁo falta por ali gente adulta (alegadamente adulta) a partilhar risinhos e faces coradas com o erro da SIC. Vejamos: a gaffe Ă© lamentável? Claro que Ă©. Merecem desculpa os telespectadores que se possam sentir ofendidos pela visĂŁo da palavra, merece desculpas o prĂłprio Carvalho da Silva, que viu o seu nome mal escrito, da pior forma que pode vir mal escrito? Claro que sim. Apresento a todos, as nossas desculpas. Mas agora, se me perdoam, passemos Ă frente, que há coisas bem mais importantes. E acrescento: um dia marque mesa num restaurante que desconhecia, pelo telefone. O gerente reconheceu-me a voz, pelos vistos, porque quando chegámos Ă imponente sala lá estava um enorme letreiro na nossa mesa, que anunciava, orgulhoso, o meu nome, e que toda a gente que chegou antes de nĂłs teve oportunidade de ver. Com um simples senĂŁo: exactamente da mesma forma, uma letrinha faltava no Carvalho do meu nome. Por experiĂŞncia prĂłpria, sei que nĂŁo Ă© agradável, como sei que Ă© maior o embaraço de quem escreve a gaffe do que o do visado