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Rodrigo Guedes de Carvalho de luto: “Não entendo que tenhas partido assim”

Duarte Costa
3 min leitura
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Rodrigo Guedes de Carvalho perdeu um amigo de infância.

Rodrigo Guedes de Carvalho está de luto. O jornalista da SIC perdeu um amigo de infância, esta quarta-feira, e recordou-o de forma emocionada na rede social Facebook. “Não entendo ainda, meu querido Nuno Raposo de Magalhães Ortigão de Oliveira, que tenhas partido assim“, lê-se num longo texto que ali partilhou.

Leia aqui o desabafo de Rodrigo Guedes de Carvalho:

Hoje levantei-me muito cedo, como sempre, e longe de imaginar que em poucas horas me morreria um amigo.

Eu ia a guiar e a campainha das mensagens desata num gemido insistente, a pedir-me atenção que eu nunca dou de imediato, tão farto de saber o que querem as mensagens seguidas a gemer; vêm sopradas por mau vento. Nunca imaginei o nome que lá vinha.

Um amigo de infância e adolescência é um irmão que a gente transporta para sempre. Mete-se pelo meio a vida, mais as suas obrigações e distâncias, ou simples cansaços que nos dizem para adiar aquele almoço combinado. Mas os irmãos nem precisam disso. Os irmãos encheram tanto o copo na infância, que temos para esbanjar memórias que suportam ausência, memórias tão vívidas como ossos que rangem a crescer.

Temos hoje 57 anos e há linguagens que só nós sabíamos, palavras e caretas, parvas e imortais como dedadas numa janela tocada pelo vapor da chuva. Ainda ontem (ontem mesmo, caramba, como é possível) ainda ontem fiz uma longa viagem de carro sozinho, e levei para ouvir os discos que fizeram de mim quem sou, para bem e mal, e que descobrimos juntos.

E em quatro ou cinco canções lembrei-me, e num outro momento ri-me porque me vi fazer ao espelho o trejeito com que nos entendíamos quando entrava na sala alguém com «níveis elevados de azeite escorrido». Fiz a careta para o retrovisor a pensar que poucas pessoas, neste mundo que tive e tenho, saberiam que naquele momento estou a dizer «olha aí níveis elevados de azeite escorrido».

Não entendo ainda, meu querido Nuno Raposo de Magalhães Ortigão de Oliveira, que tenhas partido assim, porque me levas, sem autorização, este pedaço grande de nós, meninos, a imaginar o que seria sermos grandes. Acho que em grande parte é isto, ser adulto que não quero ser, tão farto de forrar toda a vida o coração para tentar suportar as perdas.

Não é hoje que consigo, nem sei quando ou se. Foste andando, eu hei de aparecer. Obrigado pelo amor da nossa amizade. Não há outra palavra.” (Rodrigo Guedes de Carvalho)

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HOJE LEVANTEI-ME muito cedo, como sempre, e longe de imaginar que em poucas horas me morreria um amigo. Eu ia a guiar e…

Posted by Rodrigo Guedes de Carvalho on Wednesday, April 28, 2021