fbpx

Quem Quer Namorar com o Agricultor: João Bettencourt lutou contra um cancro raro

Renata Cunha
5 min leitura
SIC

Com apenas 21 anos, João Bettencourt já passou por grandes adversidades na sua vida. O jovem, que reside na Graciosa, nos Açores, perdeu a mãe vítima de um cancro, a madrinha devido a uma doença oncológica e lutou ele próprio também contra um cancro.

Foi com 13 anos que o pesadelo do agricultor começou quando a sua mãe foi diagnosticada com cancro do colo do útero. Em declarações à revista TV7 Dias, Manuel Santos, tio materno de João, revelou que a irmã “não aceitou muito bem a doença, foi-se muito abaixo, só queria estar na cama”.

Lúcia, a mãe do agricultor acabou por morrer, quando João tinha 1o anos, devido a uma negligência médica. “Inicialmente passaram-lhe 36 sessões de radioterapia e, ao fim de 30, disseram-lhe que já estava curada”, revelou uma fonte próxima da família, quando questionada sobre o porquê de terem acusado o Instituto Português de Oncologia de Lisboa, onde a mãe do jovem foi tratada.

“Ao fim de seis meses voltou tudo de novo”, continuou a fonte. Já no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, acabaram por recorrer à quimioterapia “mas as complicações deram cabo dela”. Começou com uma anemia, depois os intestinos deixaram de funcionar. Depois de dois de anos de luta, a mãe de João não conseguiu lutar mais.

Quatro anos mais tarde e ainda em sofrimento, João foi confrontado com a morte da sua madrinha que considerava uma segunda mãe.

Durante todos esses anos, quem esteve ao lado de João foi a sua madrasta, Mária Benjamim, que garantiu que, apesar da dificuldade, “o João sempre soube dar a volta à situação”. “Mas nós sempre o apoiamos. A vida tem sido um pouco madrasta para ele, mas conseguiu superar e hoje está bem resolvido com isso”, confessou.

Com a morte das mulheres da sua vida, João Bettencourt precisou de mais força ainda. Aos 18 anos, recebeu o diagnóstico que ninguém quer: também ele tinha cancro. Segunda a madrasta do jovem, o diagnóstico não foi fácil de obter porque existiu negligência médica: “Se tivesse sido diagnosticado mais cedo, não tinha chegado a tanto e, provavelmente, nem tinha feito quimioterapia”.

Segundo Rúben Silva, amigo do agricultor, foi depois de um acidente ligeiro que as coisas complicaram para João. “Ele estava mais ou menos bem e, desde que levou um baque de uma vaca, começou-se a queixar das costas”. A madrasta confessou que foram mais de 22 vezes as consultas de urgência mas os médicos afirmavam que se tratava de dores musculares.

Cansados das falsas informações e da variada medicação receitada ao jovem, o seu pai, Tonecas, decidiu ir às urgências do Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira onde acabaram por revelar que havia ali algo de má formação no corpo. “O doutor pediu os resultados e soubemos na hora que era um tumor no rim esquerdo, mas não sabíamos a gravidade da situação”, afirmou a madrasta.

O cancro de João era afinal um cancro raro e, por isso, o jovem teve de ser operado, em Coimbra, para retirar um rim e um tumor de 20 centímetros com mais de quatro quilos.

A operação correu bem mas o agricultor teve de ficar em Coimbra cerca de 9 meses para realizar quimioterapia. “Nós estivemos sempre com ele, alugámos uma casa e chegamos todos inclusive a passar o Natal lá com ele”, confessou Mária Benjamim.

Segundo o agricultor, a cirurgia foi dolorosa mas o pior foram os tratamentos: “Passado uma semana, quando o cabelo começou a cair, eu já não me conhecia, mas passado um mês perdi muita massa muscular, emagreci muito, perdi muita força e houve dias em que disse que nunca ia fazer o que fazia”.

Apesar disso, o jovem reconheceu que a sua madrasta foi o maior pilar na fase mais complicada da sua vida, tendo deixado os seus filhos, durante três meses, para cuidar do agricultor.

Atualmente, João Bettencourt já não faz tratamentos, realizando consultas de quatro em quatro meses. O agricultor regressou à sua vida normal e começa, sempre, o dia bem cedo a tratar dos animais e da ordenha da manhã.