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“Se houver uma possibilidade não deixo escapar Hollywood”

A Televisão
12 min leitura

Ficou surpreendida com o convite do DN para esta entrevista, mas não se negou. Para quem pensa que as mulheres bonitas têm pouco para dizer, a actriz é a prova do contrário. Durante mais de duas horas não se calou e nunca evitou qualquer pergunta, nem corou mesmo quando a questão era mais íntima ou provocatória. Quando terminou, foi estudar as dezoito cenas da personagem Vitória que seriam gravadas nos dias a seguir.

Quando posou para a revista GQ em 2006, afirmou que não se importava de fazer uma cena íntima com José Sócrates. Ainda era capaz?

Já não. O que aconteceu é que levaram a conversa para a política e eu tinha de nomear alguém. Falei no Sócrates por ser um político com bom ar. Acho que continua com bom ar, mas só isso.

Preocupa-se com a política nacional?

Tenho pouco tempo para estar bem informada sobre o que se passa no nosso país político. As campanhas eleitorais aborrecem-me, mas estou atenta para poder decidir em quem voto.

Não tem uma opção partidária definida?

Acho que na minha geração não existe uma cor partidária, mas uma preferência por um candidato. Se simpatizamos com ele pelas suas ideias e pelo que nos transmite, então vota-se na pessoa.

Sabe em quem vota nas próximas eleições?

Sem muitas certezas.

Vota à esquerda ou à direita?

Voto ao centro.

Hoje há muitos partidos ao centro…

Votarei PSD ou PS.

Qual é a sua posição no conflito entre os professores e a ministra da Educação?

É muito desagradável o que se passa, porque há um número gigantesco de professores que contestam, mas eu estou mais para o lado da ministra, porque acho extremamente necessário que seja feita uma avaliação aos professores. E avaliação não pode ser, como sempre foi, por anos de carreira, mas por qualidade nas aulas e na dedicação.

Então apoia a actual política do Governo e a actuação do primeiro-ministro?

Nalgumas coisas age bem, como é o caso das grandes preocupações ambientais, mas há muita coisa que nos escapa na cultura. O pior para mim é ao nível autárquico, designadamente na Câmara de Lisboa, que devido ao grande défice gigante aposta pouco nas coisas importantes da cultura. Quanto ao país, acho que há uma tentativa de fazer alguma coisa, mas nós temos muito a ideia de que os políticos vão para o poder e nada fazem, situação que considero ultrapassada, porque há uma vontade, mas existem muitos problemas internos que são difíceis de se corrigir.

Acredita então que Portugal tem solução?

É óbvio que acredito, aliás sou muito optimista na minha vida e também o sou nas questões políticas. Para mim, o fundamental é a energia e acreditar que se pode mudar, que Portugal tem solução sim.

Mas precisávamos de um Barack Obama?

Acho que Portugal precisa de um candidato com ambição, que acredite que as coisas são possíveis e não se acomode, porque nós temos tudo para crescer como país e como pessoas. O modo como as mudanças estão a ser feitas não levam a nada. Repare-se no que se passa na educação, onde ao tentar fazer-se uma mudança está tudo contra e adia-se logo para o ano as alterações. A mudança não pode ser levada de ânimo leve e desistir se não corre bem.

É calculista, organizada ou vive o dia-a-dia?

O que vai surgindo eu vou agarrando e nesse momento estabeleço objectivos. Mas vou saboreando a vida apesar de andar muito à deriva, embora não se possa dizer que não lutei pelo que quero. Eu não queria ser actriz, fiz um casting porque a L’ Agence Talents insistiu. Correu bem e já que ali estava disse: agora tenho de fazer bem feito. Então tentei aprender com todas as pessoas e fazer formação e neste momento o meu objectivo é tornar-me uma das melhores actrizes portuguesas.

A concorrência é muito grande nas novelas!

É, mas não me assusta, porque há um filtro muito grande e os espectadores não consomem tudo o que é apresentado. A partir do momento em que temos ferramentas para chegar mais além e surpreender, o que faço é agarrar as possibilidades.

Acha que tem essas ferramentas?

Estou a desenvolvê-las e a treinar-me muito. No final de 2007 abdiquei de entrar numa novela, porque havia oportunidade de fazer teatro e cinema e achei que precisava de ter outro tipo de experiências.

Hollywood é o sonho?

Eu vou ganhando confiança. Quando houve a proposta da SIC, pensei: será que valho tudo isto? Senti uma pressão muito grande e não queria decepcionar. Então quis provar e as coisas aconteceram. Hollywood não é ainda um objectivo, mas se houver uma possibilidade não a deixarei escapar.

E tem algum realizador preferido?

Woody Allen. Pode ser que leia esta entrevista…

Há uns anos era impensável estar de cuecas e ‘soutien’na rua

Sente muita pressão sexual por parte dos homens?

Mais ou menos. De vez em quando sou surpreendida por determinadas pessoas que já conhecia, mas das quais jamais me passaria pela cabeça que viesse a fazer parte do seu imaginário. Homens que eu achava bonitos e atraentes e que jamais pensaria que alguma vez fossem olhar para mim e de vez em quando sei de um ou outro comentário deles que até me surpreende! Nesse aspecto, sim. Sinto que é com o meu jeito simples e descontraído que os cativo, porque a maioria das mulheres a partir do momento em que são eleitas bonitas têm uma necessidade de estar sempre belas. E como eu não o faço – os homens não procuram só uma mulher bonita, com uma boa pose, porque acaba por ser muito artificial -, mostro-lhes um outro lado que os seduz. Mas acho que isso só acontece com aqueles homens que têm mais contacto comigo.

Não é bem assim. Só no jornal tive meia dúzia de colegas que se ofereceu para ajudar na entrevista…

Isso deve-se muito à campanha fortíssima comigo em lingerie que encheu as ruas de Lisboa e que me põe numa situação de uma mulher sensual. Tive uma grande exposição física e esse meu lado passou a ser mais falado.

Essa exposição é real?

Sim, completamente. É tudo verdadeiro.

Que deve ter provocado mais torcicolos na população masculina deste país que qualquer outra!

E fico muito feliz por isso, porque tem sido com estes passos que vou valorizando a minha carreira. Conseguir agarrar uma campanha como a da lingerie da Triumph foi bom para as duas partes, a marca abriu muitas lojas com a associação da minha imagem e eu passei a ser considerada uma das mulheres mais bonitas de Portugal! Agora, que tudo isto aconteceu, que continue. Porque eu não desgosto.

Quer dizer que não pára por aqui? Continua a provocar?

Eu acho que o que provoca é o facto de eu ganhar confiança e sentir-me à vontade para fazer outras coisas sem problema.

Então quando a Playboy tiver, este ano, uma edição portuguesa vai posar nua?

Nunca pus isso em causa, mas nunca o ponderei. Há uns anos também diria que nunca iria fazer uma campanha em que andasse de cuecas e soutien nas ruas de Lisboa e, no entanto, já a fiz! Há uns anos, dir-lhe-ia que era incapaz de fazer uma cena em que estou só com uma cuequinha, sentada em cima de um colega actor, a fazer determinados movimentos, e fiz. Portanto, aprendemos a saber dizer que não se pode dizer nunca. Mas não está nos meus planos.

As fotografias que fez para a GQ já eram bem ousadas!

Já eram, mas mesmo assim nunca existiu um nu, só havia que transmitir alguma sensualidade. Esse foi o primeiro passo de exposição física em que eu, com enorme receio de poder cair no exagero, fiz tudo muito contido na primeira sessão fotográfica. Tivemos de fazer uma segunda porque percebi que as mais ousadas é que estavam melhores. E não estavam nada ousadas, nem estava feio.

Nas cenas do filme Contrato notava-se que se bronzeia por completo. Faz topless?

Não, é maquilhagem e tenho uma tez escura. Normalmente não faço topless, porque não fico muito à vontade. Já o fiz quando não está ninguém por perto, escondidinha naquelas praias da costa alentejana. Aí sim, tiro para evitar as marcas.

Essas cenas foram muito eróticas. É complicado?

Revelou-se bem mais simples do que o que estava à espera. Eu tenho um grande à vontade, mas uma coisa é fotografarem-me em lingerie, de que resulta uma imagem estática, numa sessão em que se está num ambiente de trabalho e onde aos poucos e poucos nos libertamos e ficamos totalmente à vontade. Além de que sabemos que estamos defendidas no que sai da produção.

No cinema é bem diferente?

É. No caso de uma cena onde se faz amor, além da exposição física, dos movimentos, dos ruídos, dos barulhos e por aí fora, era quase como se estivesse a mostrar como é que eu sou na intimidade e isso perturbava-me e deixava-me pouco à vontade. Eu expliquei ao Nicolau Breyner que não era a pessoa ideal para o fazer, porque não tinha à-vontade e não sabia se o conseguia fazer, mas ele pediu-me confiança e comprometeu-se que seriam planos em contraluz e nunca seria um nu explícito.

Das fotos em lingerie qual foi a que mais gostou?

Na primeira campanha gostei muito de uma em que eu estava com lingerie preta e com os cabelos ao vento, porque era uma imagem muito forte. Nesta última campanha, de mulheres reais em atitudes naturais, gostei da dos ursinhos e de uma em que estou a fazer torradas e as deixo queimar. Pela minha expressão conta- -se uma história e parece que estou mesmo a comunicar.

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