Paula Neves recorda relacionamento violento: “Foram meses em que eu senti medo”

"Foi a única vez na minha vida em que senti medo", contou Paula Neves.

4 min leitura
Instagram

Paula Neves foi uma das convidadas de Júlia Pinheiro, na SIC, esta segunda-feira, e revelou que sofreu violência doméstica na sua primeira relação.

Aos 13 anos, a atriz começou a namorar com um rapaz de 18 e, cerca de um ano depois, “a violência aconteceu no fim do namoro: “Nunca, por nenhum momento, eu confundi violência com amor. Nunca! Eu quis terminar o namoro e ele achou que a maneira de me convencer era através da violência e da obrigação e eu não permiti”.

“Estive seis meses a levar tareia com ele a achar que era assim que me convencia a estarmos juntos”, contou Paula Neves, referindo que esse rapaz tinha “muita autonomia”: “Ele entrava pela escola a dentro, saía da escola, fazia-me esperas à porta, apanhava-me a meio do caminho”.

“Foram meses em que eu senti medo. Foi a única vez na minha vida em que senti medo, mas senti medo e olha que sentir medo é uma coisa muito estranha, é um sentimento muito, muito fora, que acho que o comum dos mortais não tem acesso a ele e ainda bem, porque sentir medo é horrível”, sublinhou Paula Neves.

“Ainda por cima aquilo acontece numa altura em que eu estou a querer provar aos meus pais a minha grande independência e a minha autonomia e a minha capacidade para lidar sozinha com a vida e o primeiro impacto que eu tenho é isto. Vou dizer aos meus pais? Não vou”, continuou a atriz, contando que só disse aos pais quando percebeu que “não conseguia resolver sozinha, a coisa estava a escalar muito em violência profunda”.

“Eu qualquer dia morro e então, tive de lhes dizer e, quando lhes disse, a situação parou. Até hoje, não sei o que é que eles fizeram, mas sei que resolveram”, recordou Paula Neves.

Paula Neves afirmou que, durante “muitos anos”, ficou com “uma insegurança brutal, uma ansiedade brutal”: “Eu tive anos pesadelos constantes em que eu tinha de me defender e os meus murros saíam como se eu estivesse debaixo de água. Não tinha força para me defender. E deixou-me com um sexto sentido para homens violentos, para pessoas violentas. Eu topo à légua. Tenho facilidade para perceber sinais e percebi exatamente o que eu não quero para a minha vida”.

“Consoante as décadas”, Paula Neves ia tentando resolver o assunto “de uma maneira diferente”: “Até aos 20 foi com medo, a interiorizar, a esconder, a sonhar, a perceber como é que lido com isto”. “Aos 20, pensei: ‘Tenho de falar! Isto é demasiado importante para não falar’. E perdi a vergonha da vítima e falei e dei a cara e fiz campanhas contra a violência no namoro e falei mil vezes da história até aos 30”, descreveu.

“Aos 30, pensei: ‘Chega! Não vou deixar que isto me defina e não quero que esta bandeira esteja presa às minhas costas’. Então, arrumei o assunto e, portanto, sinto que já é uma coisa um bocadinho mais resolvida”, rematou Paula Neves.

Paula Neves confessou que sempre acreditou no amor e, por isso, teve “vários namoros até encontrar o Ricardo”, com quem é casada há 18 anos.

Veja aqui uma parte da conversa.

Caso tenha conhecimento de uma situação de violência doméstica, pode contactar:

APAV – 116 006
SOS Criança – 116 111
SOS Mulher – 808 200 175
SOS Voz Amiga – 800 209 899
SOS Voz Adolescente – 800 202 484
UMAR – Centro de Cultura e Intervenção Feminista – 218 873 005

Relacionado:
Exit mobile version