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O sofrimento de Ana Marques durante gravidez de risco: “Não me sentia viva”

Renata Cunha
4 min leitura

Ana Marques partilhou esta terça-feira, no programa ‘Júlia’, o seu testemunho sobre a gravidez de risco que teve de enfrentar. A mãe das gémeas, Francisca e Laura, esteve 33 dias internada na maternidade Alfredo da Costa.

Entre a vida e a morte, a apresentadora de televisão sofreu de pré-eclâmpsia, uma doença que consiste na falência de um rim. Ao mesmo tempo, as bebés ameaçavam nascer com apenas seis meses e meio.

“Fui à maternidade Alfredo da Costa e já não saí mais. Tinha contracções que não sentia, não eram dolorosas”, desabafou a autora do livro “As minhas gémeas”.

Num discurso emocionado, Ana Marques relembrou o momento em que teve de deixar tudo para trás: “Entrar na maternidade Alfredo da Costa é entrar na prisão, não que seja um sítio mau, mas é habituares a um novo mundo. Agora o teu mundo é aquilo, são aquelas pessoas, aquelas rotinas, aquela comida…”

A mãe das gémeas sonhou, muitas vezes, o “parto ideal” mas com o internamento só queria que salvassem as suas filhas. “O mais importante, para mim, era perceber se as miúdas estavam a evoluir bem”, acrescentou.

Na entrevista com Júlia Pinheiro, Ana Marques confessou também que se sentiu diminuída por não conseguir ser um “abrigo” para as filhas. O sentimento de fragilidade e de incapacidade invadiram-na durante o período em que esteve internada.

Quando, finalmente, as bebés estavam prontas para nascer, Ana Marques “tremia, tremia, tremia”. “Só me lembro de dizer à anestesista para vir para a minha beira para me contar a sua vida toda”, desabafou.

Com o nascimento de Francisca e Laura, o pesadelo parecia ter terminado mas Ana Marques contou que teve de enfrentar mais uma dura batalha: “Fui para os cuidados intensivos, por causa do fígado…estava com valores que indicavam que podia entrar em coma a qualquer momento. Não me lembrava quantos dias tinham passado, ouvia vozes mas não sentia nada….”

A recuperação foi feita aos poucos enquanto as bebés evoluíam significamente. No entanto, Ana Marques não escondeu o momento em que fraquejou e chorou: “Quando estou na cama, algaliada, cheia de tubos e, de repente, estão duas auxiliares a darem-me banho, muito calmamente. Sentia um abandono, não me sentia viva, sentia uma total incapacidade para esta nova fase”.

O ano seguinte foi marcado por uma depressão pós-parto. “Um internamento prolongado é uma coisa que psicologicamente mói muito, tem sequelas”, disse Ana Marques.

Apesar desta fase menos positiva, a apresentadora encontrou no seu livro uma oportunidade de testemunhar os dias de internamento e de conhecer histórias de outras mulheres que a ajudaram muito. Ana Marques aproveitou, ainda, para deixar um conselho: “Não subestimem aquelas mulheres em que as coisas não correram tão bem na gravidez”.

Hoje em dia, Francisca e Laura têm nove anos. Depois de ultrapassado todo o sofrimento causado pela gravidez de risco, Ana Marques não podia estar mais feliz com “aqueles seres” que gerou. “São super companheiras, muito argumentativas, muito curiosas. Não são gémeas, são duas irmãs a crescerem ao mesmo tempo”, revelou de forma emocionada.