Nel Monteiro recorda infância: “Os nossos brinquedos era o trabalho”

3 min leitura

Foi para o ar este sábado, dia 4 de julho, mais um ‘Alta Definição’, na SIC. Daniel Oliveira entrevistou Nel Monteiro que recordou a sua infância marcada pela pobreza e a paixão que tem pela música. 

“Às vezes tínhamos que andar a pedir”, começou por contar, referindo que a mãe era doente e, por isso, viveu praticamente sem ela.  “Fui criado praticamente só com sopa. Nunca tive brinquedos nem nada. Os nossos brinquedos era o trabalho, mas os meus colegas também”, acrescentou, recordando ainda que não tinha acesso a água nem a luz.

Tinha o sonho de um dia “ser condutor” e com 13/14 anos já conduzia tratores nas vinhas onde trabalhava. Em 1993 o pai faleceu. “Enterrei o meu pai com urgência porque [depois] embarquei para o Luxembrugo para fazer um espetáculo”, disse, recordando que nunca mostrou tristeza durante o espetáculo, mas no fim contou aos que assistiam que tinha enterrado o pai naquele dia.

A progenitora faleceu mais tarde. “Penso nela porque a minha mãe para me dar a vida, a sua vida perdeu. E é verdade. A minha mãe deu a vida dela pela minha. Quando cheguei ao pé dela, doente no hospital, pensava que lhe ia dar uma grande alegria, mas dei-lhe uma grande tristeza. Quando lhe disse que estava feliz porque tinha sido aprovado para o serviço militar – era no tempo da Guerra Colonial… Ela já tinha problemas mentais e depois deixou de comer”, partilhou.

“Até que morreu com desgosto porque pensava que eu ia morrer na guerra. Não morri na guerra, mas ela morreu”, disse, recordando que o tempo na tropa foi muito duro. Após ter feito serviço militar, trabalhou como empregado de mesa e de seguida na música.

Sobre os rumores de estar com problemas económicos, garante que nunca pediu dinheiro a ninguém, mas o contrário já lhe aconteceu.

“Nunca pedi dinheiro a ninguém. Já emprestei dinheiro e fiquei sem ele. Há artistas de nome que me devem dinheiro, que eu não digo quem é, mas se não me pagam, entretanto, divulgo o nome deles porque se custa a vida a eles a mim também me custa”, contou. Sobre se há competição entre artistas, responde: “Para mim somos todos iguais, cada um tem o seu estilo, o seu público, a sua área… andamos todos a dar o nosso melhor”.

“Os cantores populares, ditos pimbas, somos nós que salvamos tanta gente. É na hora da verdade, quando alguém precisa de um medicamento caríssimo, de uma operação no estrangeiro, uma ambulância para os bombeiros, qualquer coisa, somos nós que vamos ajudar a custo zero…Se tenho 30 espetáculos por ano, sou capaz de ter uns 20 de borla”, rematou

Exit mobile version