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Miguel Raposo sobre luto de Maria João Abreu: “Estava a entrar numa fase já de grande tristeza”

O ator destacou a importância de fazer terapia.

Ana Ramos
5 min leitura
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Miguel Raposo foi um dos convidados de Júlia Pinheiro no programa desta terça-feira, na SIC, e falou sobre o processo de luto da morte da mãe, Maria João Abreu.

O ator contou que pensa “muito” na mãe antes das estreias em palco: “Eu não sou uma pessoa muito de rituais. Gosto de estar com as pessoas, gosto de ir para estar com as pessoas, a falar. Faz-me bem estar com as pessoas, mas, desde que não tenho a minha mãe a aparecer nas minhas estreias que penso”.

“É uma coisa que naturalmente me surge, sobretudo, nas estreias. Não é todos os dias dos espetáculos, mas, nas estreias, é um conforto pensar nela e, sobretudo, saber que ela está comigo, dentro de mim, que vive comigo”, continuou Miguel Raposo. “Lembrar-me dela e do carinho dela é uma coisa que me ajuda muito”, sublinhou.

“Era uma pessoa que me dava muita felicidade em saber que estava lá para me ver. Primeiro, tinha uma gargalhada, havia uma reação que era muito dela que, normalmente, as pessoas sabia que ela estava, identificava-se. Isso dá-nos uma força maravilhosa”, recordou Miguel Raposo.

Maria João Abreu faleceu a 13 de maio de 2021, vítima de um aneurisma cerebral, e Miguel Raposo explicou que, logo a seguir, “houve um período de luto que é muito complicado de se fazer”: “Sobretudo quando se está a trabalhar tanto como eu estava, foi uma coisa que nunca soube gerir”.

“Acredito que nunca se saiba gerir bem este tipo de situações. Muito provavelmente, também não disse que não queria trabalhar, porque refugiei-me muito no trabalho também, mas é necessário, de facto, um tempo. E estive, certamente, em perigo. Não tive tempo para perceber que estava em perigo e, quando de repente, estava a entrar numa fase já de grande tristeza, de uma tristeza profunda”, confessou Miguel Raposo.

De seguida, Miguel Raposo destacou a importância da saúde mental: “É muito frágil, tal como o nosso corpo”. “Temos a facilidade de perceber que, se temos um braço partido, temos de ir ao médico. Com a saúde mental, infelizmente, ainda não”, afirmou.

“Fiz terapia e foi mesmo o que me salvou, claro que me salvou também o carinho e amor de tanta gente, da família e dos amigos, mas, às vezes, a ajuda de um profissional é indispensável. A saúde mental merece o acompanhamento médico que qualquer outro tipo de maleita física também mereça”, comentou Miguel Raposo.

“Estava com Covid e não parei nunca de trabalhar depois, ou seja, não tive um tempo para parar para respirar, para pensar sobre mim, para perceber como é que eu estou. E, às tantas, estava a trabalhar e estava mal”, revelou Miguel Raposo.

“Enquanto ator, tinha esta ferramenta e esta capacidade de, quando entrava, ter de estar a fingir e reagir, mas, quando saía, eu não estava presente, não estava em mim, não estava comigo, não estava com os outros. Só chorava à noite e estar vivo não era bom. Não era bom estar vivo, não havia prazer em estar vivo”, relatou Miguel Raposo.

“Há tanta gente que passa por isto e que não faz ideia de como se reagir e de que a resposta imediata tem de ser exatamente igual à de que, se torcermos um pé ou se fizermos um golpe na cara, no pescoço, na mão ou no peito: médico. E resultou mesmo. E, se não fosse isso, as coisas não teriam sido as mesmas e eu não estaria aqui da mesma maneira que estou hoje”, rematou Miguel Raposo.

Veja aqui uma parte da conversa.