fbpx

Maria das Dores justifica a razão de ter mandado matar o marido

Vanessa Jesus
5 min leitura

A antiga socialite, Maria das Dores, falou abertamente em entrevista a Cristina Ferreira dos motivos que a mandaram matar o marido, o empresário Paulo Cruz, em 2007.

Maria das Dores encontra-se detida no Estabelecimento Prisional por ter encomendado a morte do marido. Condenada a 23 anos de prisão, justificou a razão de ter pedido a dois homens para acabar com a vida de Paulo. “Foi depois de muita, muita, coisa. Muitos episódios de maus-tratos verbais (…) Era tratada como ‘não tens braço. Pesas 100 quilos’”, justificou Maria das Dores.

Maria das Dores começou por recordar o momento em que conheceu o pai do seu filho. “Quando o conheci foi uma paixão avassaladora (…) Idolatrava-o (…) Nós davamo-nos muito bem. Eu era casada. Contrariamente ao que se diz, eu tinha uma vida. Trabalhava num banco (…) Não cometi este crime por dinheiro. Cometi este crime por ciúme e por me sentir com a auto-estima completamente em baixo. Porque eu era, simplesmente, maltratada”, garante.

“Comecei a sentir que estava gorda (…) Fui-me apercebendo do afastamento… rejeição em termos íntimos, porque lhe fazia confusão o braço [que teve de amputar por consequência de uma acidente de viação, onde Paulo Cruz ia a conduzir]”, acrescenta.

Foi neste momento que falou do assassinato. Maria das Dores atraiu o empresário a um apartamento na Avenida António Augusto de Aguiar, que tinha sido arrendado pela família para se mudar do Lumiar para o centro da cidade. Quando chegou, dois homens deram-lhe duas pancadas na cabeça que acabaram por ser fatais.

“A Maria mandou matar o seu marido”, disse-lhe Cristina Ferreira. “Sim (…) Não pensei. Foi da noite para o dia. Foi depois de muita muita coisa. Muitos episódios de maus-tratos verbais. De me chamar ‘Maria gorda’, de dizer: ‘Olha aquela tão gira’. Depois de tantas coisas feias. E de eu cada vez me sentir mais pequenina. Quando toda a vida me senti uma mulher segura, uma mulher bonita. Sentia-me uma mulher segura, mesmo com apenas um metro e cinquenta e três centímetros. Era tratada como ‘não tens braço. Pesas 100 quilos’”, respondeu.

“Disse só [ao motorista] que queria que lhe batessem. E ele perguntou: ‘mas bater como?’ e eu disse: ‘quero que o Paulo morra. Quero que o meu marido morra’. Disse isso”, confessa. “Não consegui nunca ver. Acho que queria entrar parta evitar. Porque, no fundo, telefonei e acabei por ir lá bater à porta. Não sei. Acho que estava a tomar anfetaminas que me tinham trazido do Brasil, para emagrecer, e deu-me um clique na cabeça. Arrependi-me logo. De repente, disse aquilo e, depois, quando estava a caminho do Campo Grande telefonei (…) Voltei para lá, comecei a bater à porta, chamei os bombeiros, a polícia, bati à porta da porteira”, recorda.

Depois de começar “a pensar em tudo”, hoje mostra-se arrependida. “Aquilo foi um momento que eu tive. Comecei a pensar em tudo. Fiquei sem um braço. Ele não esteve no velório da minha mãe. Pensei em tudo. ‘Vais-me pedir o divórcio. Vais ficar com o Duarte (filho mais novo). Eu, se calhar, vou ficar sem nada. Eu não posso ficar sem o Duarte’. Eu sabia que ele me ia pedir o divórcio. Eu não queria. Não sei explicar. Estou tão arrependida”, disse, afirmando que merece que tudo de mal lhe aconteça.

“Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. É o que sei. E eu fi-lo. Portanto, tudo de mal que me aconteça é pouco. Tenho de pedir perdão às pessoas que vitimizei. Agora, não sou uma psicopata nem ando para aí a pensar em matar pessoas. Acho que a paixão que tinha por ele tocou o ódio, naquele dia. Tínhamos estado em Nova Iorque e as coisas tinham corrido tão mal. Ele tratou-me tão mal em dezembro, isto foi em Janeiro”, acrescenta.

Maria das Dores está presa desde 2008. Em janeiro do ano passado, 10 anos depois de ter sido presa, Maria das Dores foi recompensada com a primeira saída precária onde lhe foi permitido passar três dias em liberdade.