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Mãe de rapper assassinado abre o coração: “Eles voltaram para trás, mas fugiram”

Íris Neto
6 min leitura

Filomena Mota, mãe do rapper Mota Jr., deu uma entrevista exclusiva a Júlia Pinheiro, que foi transmitida no programa de Júlia desta quarta-feira, 3 de junho.

Recorde-se que o rapper foi raptado e assassinado. O corpo foi encontrado numa zona de mato em Sesimbra.

A mãe do jovem recorda o percurso do filho e carateriza-o como um “rapaz alegre, muito amigo do seu amigo” e também “muito sociável”.

David Mota tinha 15 anos quando foi viver para Londres devido ao facto de o pai ter adoecido. “Para o David foi muito complicada a adaptação a Londres […] Enervava-se porque não conseguia falar, mas passado uns tempos já começou a falar inglês, calão”, confessou.

O cantor desenvolveu o gosto pela música em Londres. “Ele começou com aqueles vídeos mais polémicos, como faziam os americanos, achava que dava porque ninguém fazia isso”, revelou a progenitora.

Entretanto, David Mota começou a cantar em crioulo. “Ele sabe crioulo por causa de um amigo dele que é de Cabo Verde”, salientando que o filho “aprendia línguas com imensa facilidade”.

A mãe sempre apoiou o sonho de Mota Jr. “Era um jovem muito irreverente, com ideias fixas, muitos planos e muitos sonhos”, confessou. “Ele dizia que era mesmo isto que queria: cantar e mostrar a sua música”, acrescentou.

O rapper desapareceu no dia 14 de março

O rapper desapareceu na noite de 14 de março à porta de casa. A mãe recorda o último dia em que esteve com o filho. “Esteve na parte da tarde com uns amigos. Subiu com um amigo que jantou connosco e saiu às 23:30 para levar esse amigo a casa e depois tinha outras coisas que ia fazer”, revelou.

“Depois disso tudo acontecer, eu sei que ele foi a Oeiras buscar uma rapariga e aí é que está o mistério. Nunca vi aquela rapariga”, confessou.

A mãe do jovem confidenciou a Júlia Pinheiro que recebeu um telefonema de uma vizinha às 2 horas da madrugada a perguntar se estava tudo bem com o David e quando chegou ao quarto já não o encontrou.

Na porta do prédio foram encontrados alguns pertences do cantor: o chapéu, o telemóvel e os chinelos, junto a várias gotas de sangue. Entretanto, a família chamou a polícia que disse que não poderia fazer nada porque não tinha a certeza de que as pingas de sangue no chão fossem do cantor. Pouco tempo depois de a polícia sair de casa do músico, o telefone tocou. Do outro lado da linha estava uma rapariga, que teria assistido ao rapto.

“Vinha a entrar com o David e estavam dois homens encapuzados e começaram a agredir o David e mandaram-me embora”, disse a jovem à irmã do rapper, afirmando que chamou um Uber e foi para casa.

David tinha consigo a chave de casa e a mãe tinha receio de que os criminosos pudessem regressar porque considera que no dia do rapto os assaltantes iriam subir para dar continuidade ao assalto.  “Eles voltaram para trás, mas como a minha vizinha apareceu fugiram”, revelou.

A mãe considera que os vídeos do filho poderiam despertar as atenções de pessoas mal intencionadas. “Os vídeos do David, ele tem muito ouro. Ele fazia questão [de mostrar]. Havia dinheiro porque o David ia lançar um novo CD em abril. Tinha de pagar os produtores, drones, etc”, salientou.

Dias depois do desaparecimento, a mãe e a irmã do rapper foram  à Polícia Judiciária prestar declarações. Foi nesse exato momento que os assaltantes aproveitaram para entrar em casa e roubarem ouro e dinheiro de Mota Jr.

Eles entraram. Foram diretos ao quarto David. Levaram todo o ouro que ele tinha lá. O guarda-fato tem 6 portas, só estava aberta a última porta e a gaveta onde havia o dinheiro”, acrescentou.

A mãe de David confidenciou a Júlia Pinheiro que a família tencionava mudar de casa em breve porque o músico já não se sentia seguro a viver naquele local.

“Íamos  mudar de casa porque ele dizia-me: ‘se há tanta gente que gosta de mim e sabe que moro aqui, quem me quiser fazer mal também consegue chegar a mim. Há muita gente que sabe que moro aqui. É perigoso’”, afirmou.

A mãe confessou ainda que não existiram pedidos de resgate ou de dinheiro. “Eu não estou a imaginar sequer nunca mais ver o meu filho. Era a minha alegria. Não consigo imaginar isso. Não sei como vou aguentar isso”, concluiu.