fbpx

Lia Gama revela infância de violência: “Era verdadeiramente agredida”

Renata Cunha
3 min leitura
Reprodução SIC

Lia Gama foi a grande entrevistada do programa ‘Alta Definição’ deste sábado, no qual falou sobre a sua difícil infância passada com o pai e a madrasta.

O início da vida da atriz foi marcada por maus tratos frequentes. Considerada um “bombo da festa”, a artista começou por revelar que “viveu sem afetos”, algo muito traumatizante para uma criança.

Questionada se alguma vez se sentiu amada pelo seu pai, Lia Gama respondeu rapidamente: “Não, nada. Era sim paizinho, não paizinho. Admirava-lhe algumas coisas. A forma como ele se comportava, saía para a rua, de chapéu. Tinha um ar digníssimo. A minha madrasta tentava sempre manter muito as aparências daquela pequena burguesia de comerciantes muito aprumados”.

Numa conversa emocionada com Daniel Oliveira, a atriz descreveu vários momentos que a marcaram até hoje: “Lembro-me de uma vez estar no topo da mesa e ele a olhar para mim com um ar indignado: ‘Estás cada vez mais parecida com a tua mãe’. E eu nem sou parecida com a minha mãe fisicamente”, desabafou.

“Era um empecilho. Era rebelde, era profundamente rebelde. Não aceitava aquilo. Nunca me acomodei. Eles sabiam isso. Quanto mais me batiam, menos eu chorava, agrediam-me e eu não chorava”, lembrou à medida que descreve esses anos de sofrimento.

“A violência exercida sobre as crianças sempre existiu. Era tão agredida fisicamente que as vizinhas fizeram uma carta anónima para o Tribunal de Menores a queixarem-se de uma criança. Eles foram julgados e absolvidos. Fui interrogada várias vezes, fizeram-me vários exames no Instituto de Medicina Legal e eu nunca os denunciei”, disse.

“Era com cinto, era com verdasca de marmeleiro, era de toda a maneira e feitio. Era verdadeiramente agredida. É horrível que ninguém está dentro das casas das pessoas e não sabe o que se passa”, revelou, frisando que, apesar da violência, “nunca teve vocação para vítima”.

Farta da situação que vivia, Lia Gama saiu de casa aos 13 anos. “Arranjei um trabalho e respondi a um anúncio para um cabeleireiro”, afirmou, referindo que o pai mostrou-se contra essa decisão e, por isso, bateu-lhe pela última vez antes de sair.

Lia acabou por revelar que o pai, antes de morrer, ainda lhe pediu desculpas. “Antes de morrer disse-me que não tinha sido um bom pai. (…) [Mas] Se tivesse sido um bom pai, eu não era aquilo que sou hoje”, rematou a atriz, de lágrimas nos olhos.