fbpx

Lia Gama recorda momentos de violência às mãos do pai e da madrasta: “Levava duas vezes, era o bobo da festa”

A Televisão
5 min leitura

Lia Gama esteve à conversa com Daniel Oliveira no programa ‘Alta Definição’, neste sábado, dia 29 de outubro.

Lia Gama foi convidada de Daniel Oliveira no programa ‘Alta Definição’, na SIC. A atriz, de 78 anos, falou sobre a família, dos amores e sobre a profissão.

Um dos temas abordados foi a difícil relação da artista com o pai. “Eu sou aquilo que sou porque tracei o meu caminho. Sou o que sou penso que a mim o devo”, começou por dizer Lia Gama. “Com quatro anos fui viver com o meu pai e com a minha madrasta. Não tenho memórias gratificantes, não tenho. Até ao princípio da adolescência lembro-me de muito pouco, ou se calhar não me quero lembrar”, acrescentou.

Questionada pelo apresentador sobre o motivo pelo qual foi viver com o progenitor e a madrasta após a separação dos pais, a atriz explicou: “No fundo os meus pais nunca viveram propriamente juntos (…) O meu pai era um valdevinos.”

“Houve alturas em que não se sentiu desejada?”, perguntou Daniel Oliveira. “Até recomeçar a relacionar-me com a minha mãe, já tarde, não tinha ideia disso. Tinha umas saudades infinitas da minha mãe. Mas quando a reencontrei foi uma desilusão. Coitada da minha mãe, sofreu imenso, era uma mulher sofridíssima. A minha mãe ficou com o meu irmão, foi uma lutadora à maneira dela. Se calhar achou que eu ficava melhor acolhida com o meu pai, com menos dificuldades. A minha madrasta dizia-me muitas vezes ‘ninguém te quer’. Não foi uma infância feliz, não”, disse Lia Gama.

Logo a seguir, a atriz falou sobre o pesadelo que viveu, em parte devido à má relação com a madrasta. “Eles davam-se muito bem. Um dizia mata, outro dizia esfola. Eu levava duas vezes por coisas que às vezes nem tinha feito. Era o bobo da festa. O meu pai era mais violento do que ela. Vivi sem afetos, o que é péssimo para uma criança. Por isso sou como sou: sou muito insegura, não parecendo. Digo tudo o que tenho a dizer”, contou.

“Acreditava no amor do seu pai por si?”, questionou Daniel Oliveira. “Não, nada!”, garantiu Lia Gama. “Sentia que era um empecilho. A minha madrasta dizia que gostava mais de rapazes, que tinha preferido ficar com o meu irmão. Eu era rebelde, nunca me acomodei. Quanto mais me batiam, menos eu chorava.”

De seguida, a atriz revelou alguns episódios que a deixaram com marcas para o resto da vida. “Eu era tão agredida, fisicamente, que as vizinhas fizeram uma carta anónima para o tribunal de menores. Eles foram julgados e absolvidos. Eu fui interrogada, várias vezes, fiz vários exames no instituto de medicina legal e eu nunca os denunciei. Lembro-me de uma vez ter levado uma sova monumental porque tinha passado para a terceira classe, tinha uns livros novos e uma pasta nova, eu tive de sair, deixei tudo em cima da cama e o cãozinho destruiu aquilo tudo. Meti tudo na pasta, que era nova, fechei-a à chave. Um dia, a minha madrasta chegou a casa, descobre a pasta fechada, abriu-a e descobriu aquele preparo. Levei com cinto, verdasca de marmeleiro, era de toda a maneira. Só me lembro da minha madrasta dizer: ‘não lhe batas na cabeça’.”

Lia Gama revelou que ainda que o pai lhe pediu várias vezes desculpa. “Antes de morrer, ele disse-me que realmente não tinha sido bom pai. Eu disse-lhe que ele podia ir em paz, porque se ele tivesse sido bom pai eu não era aquilo que sou. Atriz, por exemplo.”

Por fim, Daniel Oliveira terminou a conversa com uma questão: “Quando olha para o seu futuro o que é que vê?” Lia Gama respondeu com sinceridade: “É curto. Vejo amanhã. Só não queria doenças, não queria estar doente. Queria morrer rápido, não era devagarinho. Era depressa”.

Leia também: Lia Gama recorda novela: “Chorei tanto… só consegui recuperar a cabeça e a saúde dois meses depois”

Siga-me:
Redactor.