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João Manzarra partilha longo e emotivo desabafo sobre os tempos de pandemia

Duarte Costa
3 min leitura
Instagram

O apresentador da SIC utilizou a rede social Instagram para partilhar um longo desabafo, numa altura em que o todo o mundo vive uma situação fora do normal, provocada pela pandemia do novo coronavírus.

“A sociedade contemporânea diz que somos o que consumimos. É a satisfação dos desejos que ela própria cria que vai definir o nosso lugar. O que nos determina e valoriza é uma lista interminável de objetos que inclui o que vestimos, a música que ouvimos, o carro que temos, onde jantamos, etc. O consumo é condição para uma vida feliz, ao mesmo tempo que a impossibilita, uma vez que a cada ‘ter’ nasce um novo ‘querer’. Basta olhar para a quantidade de roupa que temos no armário. Quanto durou a alegria da última t-shirt?”, escreveu.

“Ontem uma amiga partilhava o orgulho que passou a sentir do trabalho do namorado. Embora ele se apresente no posto diariamente, onde lida, como sempre, com centenas de pessoas, em época de contágio, o risco de infeção aumenta e ganha, curiosamente, um novo estatuto. Trabalha na caixa de um supermercado”, continuou.

“Sem sair do mesmo sítio escalou para um novo lugar, onde o seu trabalho, contrariando o olhar da sociedade de consumo, não só importa como é reconhecido. A função pouco mudou, a principal diferença não reside no risco aumentado, mas na tomada de consciência de que faz parte de uma obra maior: alimentar a comunidade. O trabalho é humanizado e sai do estritamente funcional. Reconhecemos a necessidade”, acrescentou ainda João Manzarra.

“Estamos a constatar que com esta crise valorizamos o melhor de cada um, seja em que área for. Elevamos carteiros e pessoal de limpeza. Médicos e enfermeiros são aplaudidos como nunca. Os impedidos de exercer a sua actividade oferecem o que podem. O César cedeu as suas redes sociais para promover pequenas empresas, o Bruno o seu tempo para entreter o serão de milhares de pessoas e o Zé a sua cozinha para alimentar o bairro. Diversos artistas disponibilizam os seus trabalhos, nasce entreajuda nos vizinhos que não se conhecem, grandes marcas abrandam a produção de desejo e viram a estratégia para a solidariedade”, lê-se também no mesmo texto.

Por fim, o profissional da SIC concluiu desta forma: “O que está a definir na sociedade é o que estamos a dar. Quem muito tem sem nada para oferecer, perde valor. Neste curto pedaço de existência eu sou o que dou. A escuridão revela-se uma excelente oportunidade para fazer brilhar a comunidade. Agora é esperar que esta amostra de vida, onde celebramos o melhor de cada um, nos contamine”.