Joana Bastos, fundadora das Senhoritas, foi uma das convidadas de Júlia Pinheiro, na SIC, esta segunda-feira, e recordou a ausência do pai, bem como uma vida amorosa marcada por uma relação abusiva e traições.
Uma vez que tinha outra família, a artista contou que estava muito pouco tempo com o seu pai: “Eu não passava um Natal com o meu pai, não passava um aniversário. Nada… basicamente, o meu pai estava comigo sempre que saía do trabalho, passava por minha casa para me dar um beijinho e eram esses momentos”.
“A minha mãe e o meu pai sempre se deram bem, pelo menos, à minha frente, foi sempre assim que correu, mas foi sempre um vazio. Eu acho que isso foi para o meu futuro também”, sublinhou Joana Bastos.
“Eu nasci e já não tinha o meu pai presente em casa, por isso, eu habituei-me àquela situação. A minha mãe não teve mais ninguém sequer. A minha mãe viveu para mim e, agora, para o meu filho. Eu acho que isto é amor”, comentou Joana Bastos, referindo que o pai já faleceu e que evita falar sobre ele com a mãe porque sabe “que lhe dói”.
“Fui uma sortuda porque a minha mãe apostou sempre em mim, no meu futuro. Se eu hoje estou na música, foi ela que se esforçou”, afirmou Joana Bastos, recordando que aprendeu a tocar violino, piano, cavaquinho e ainda andava no coro quando era mais nova.
Na sua vida amorosa, Joana Bastos acredita que a ausência do pai também teve alguma interferência: “Eu não falava muito também com medo de perder. Eu acho que isso refletiu-se muito dali, da parte do meu pai. Depois, eu consegui, com terapias e tudo mais, perceber de onde é que vinha”.
A relação com o primeiro namorado que teve, aos 20 anos, foi marcada por “muitas traições” que acabava por descobrir.
“Prestes a casar-me, acabei com a relação, porque já não aguentava mais. Fomos ver a quinta, estávamos a tratar de todos os pormenores, até que eu descubro que ele me trai com a minha melhor amiga, casada, com filhos”, relatou Joana Bastos.
“Foi assim um choque e posso dizer-lhe que foi mais por ela do que por ele, porque, por ele, já estava habituada. E acabei e parece que me livrei, foi uma sensação de alívio”, descreveu Joana Bastos, explicando que, na altura, idealizava o casamento com o primeiro namorado.
“A minha família é muito conservadora nesse aspeto, então, era aquele sonho, aquela fantasia: ‘Eu vou casar na igreja com o meu primeiro namorado. Vou ter uma família, vou ter filho com eles e pronto’. E o resto? Eu apercebi-me, depois, que não estava num bom caminho, claro”, contou Joana Bastos.
Mais tarde, Joana Bastos voltou a encontrar o amor, mas o relacionamento de cinco anos não correu como esperava.
“No primeiro meio ano, ele elevava-me a autoestima. Não me deixava sair com ele de qualquer maneira. Gostava que eu me arranjasse, que me produzisse”, lembrou a cantora, referindo que, quando decidiu começar um projeto musical com a prima, começaram os ciúmes.
“Desde partir-me o telemóvel em esplanadas, arrancar-me à força, invadir o meu local de trabalho, apontar-me uma arma no meu local de trabalho… Comecei a aperceber-me com murros no peito, com partir-me o carro, partir-me o espelho do carro… Depois, deixava-me bilhetes a pedir desculpa”, descreveu Joana Bastos.
“Estamos ali de tal maneira – e, lá está, se calhar, também o meu passado – naquela relação e, depois, vem aquela fase em que está tudo bem, que nós achamos que vai durar”, declarou Joana Bastos, apelando a que as pessoas percebam que a situação “não muda”.
“O apelo que eu faço é mesmo esse, é fugirem desse tipo de relação, porque não nos leva a lado nenhum. Felizmente, eu estou aqui para contar a história”, continuou.
“Tinha vergonha e medo. O meu pai ainda era vivo e, apesar de o meu pai não estar a 100% na minha vida, eu sei que ele poderia cometer uma loucura, ele ou qualquer outro elemento da minha família e eu não me sentia bem a arruinar a vida de alguém. Foi só uma pessoa, uma amiga que me conseguiu despertar para eu fazer a denúncia”, relembrou Joana Bastos, referindo que foi nessa altura que os abusos pararam.
Contudo, o ex-companheiro de Joana Bastos utilizou outra estratégia: “Vais engravidar, vais ter sempre uma ligação comigo”.
“Inicialmente, eu queria ser muito mãe e, lá está, eu estava completamente dentro daquilo, daquela história, mas, depois, foi complicado… porque eu passei a minha gravidez sozinha. Na minha gravidez, eu perdi o meu pai e, 15 dias depois, perco a minha avó. Ou seja, em nenhum desses momentos, ele estava presente”, declarou Joana Bastos, contando que também descobriu uma traição nessa altura.
“Aí, eu ganhei força e disse: ‘Não, já tenho alguém para proteger. Eu não vou permitir que alguém maltrate o que eu tenho aqui’. E foi aí que ganhei força e consegui seguir a minha vida. Não foi fácil”, comentou Joana Bastos.
“Tentou aproximar-se de mim pelo meu filho, mas não conseguiu, porque eu entre a relação de pai e filho nunca me irei meter porque não sou ninguém para fazer isso, mas, na minha vida, essa pessoa já não tem mais um lugar”, acrescentou Joana Bastos, afirmando que o ex-namorado “exigiu um teste de paternidade”, mas que, atualmente, “não está na vida do filho, por opção dele, nem considera filho”.
“A história repete-se, mas com a situação de que o meu pai sempre deu a cara e sempre esteve ao meu lado nas possibilidades dele”, rematou Joana Bastos.
O filho de Joana Bastos está prestes a completar quatro anos e foi há relativamente pouco tempo que lhe foi diagnosticado autismo leve. A criança não fala nem constrói frases, dizendo apenas algumas palavras soltas: “Fiquei em choque, mas é outro apelo que eu quero fazer, é que haja mais informação, porque cada vez há mais crianças autistas. As crianças são especiais, nós é que não sabemos lidar com elas. Nós não estamos preparados para estas crianças tão lindas, tão especiais, tão puras”.
“É o meu anjo, é o amor da minha vida. É tudo. É por ele que eu luto, é por ele que estou nas Senhoritas e é por ele que eu vou conseguir e ele vai estar ao meu lado”, concluiu Joana Bastos.
Veja aqui e aqui uma parte da conversa.
