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Gilmário Vemba recorda infância num meio de crime: “Eu não compreendo como é que era feliz com tão pouco”

O humorista recordou a infância passada num bairro em Luanda, na Angola, num meio de crime, onde os assaltos e tiros nas ruas eram frequentes.

A Televisão
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Gilmário Vemba foi o rosto do “Alta Definição”, deste sábado, dia 20, apresentado por Daniel Oliveira, na SIC. Na conversa, o humorista recordou a infância passada num bairro em Luanda, na Angola, num meio de crime, onde os assaltos e tiros nas ruas eram frequentes.

Ao recordar o seu passado, Gilmário Vemba assume: “Eu não compreendo como é que era feliz com tão pouco”. “Hoje eu consigo olhar à volta e dizer: ‘eu não tive brinquedos’. Era puto, ia atrás de qualquer coisa para transformar de brinquedo. Era fazer bonecos com lodo que apanhávamos na rua, era reaproveitar pedaços de outros brinquedos que já estavam para o lixo”, desabafa.

O comediante conta que, em 1992, “quando houve confrontos pela primeira vez em Luanda”, chegou a passar fome. “Aí faltou comida. Foram 15 dias de muito pânico. O confronto não demorou assim tanto tempo, mas o ambiente de pânico durou mais tempo. As pessoas não saiam para comprar nada, nem para vender… Comíamos o que havia”, afirma.

“Tenho a memória muito presente, ir para baixo das mesas, ouvir os tiros, os gritos das pessoas e não sabíamos se aquilo…, pessoas a tentarem fugir e depois quando acabou perceber quem morreu… Aí sim faltou comida, tranquilidade, segurança. Um puto de sete não sabe o que está a acontecer, é o pânico”, relembra.

Gilmário Vemba revela que cresceu “num bairro muito perigoso” e que conviveu com a criminalidade desde muito cedo. “Eu vi várias pessoas a serem assaltadas, a serem baleadas. Lembro-me de vir da escola e ver. Quando estamos neste ambiente durante muito tempo, acabamos por normalizar. E não te podes lamentar, era o dia a dia”, refere.

Apesar de estar exposto àquela realidade, Gilmario Vemba conta que não se tornou uma pessoa fria nem alheia ao sofrimento do outro. “Saí a tempo. Às vezes acontecem coisas que nos forçam a sair. Eu acredito que se não nos tivesse acontecido um assalto terrível e em que os meus pais percebessem que não era seguro estar ali, nós íamos continuar a viver lá e se calhar tornar-me-ia mais frio e menos empático”, diz.

 

 

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