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Fernando Póvoas sobre ter conduzido até ao hospital: “É de uma negligência que me envergonha”

Fernando Póvoas sentia uma "dor terrível" no peito.

Ana Ramos
4 min leitura
SIC

Fernando Póvoas teve um enfarte do miocárdio há cerca de um mês e esteve, esta terça-feira, no programa de Júlia Pinheiro, na SIC, para falar sobre o sucedido.

A 13 de maio, o médico acordou com uma forte dor no peito, que lhe deu também “peso nos dois braços”. Tentou procurar aspirinas para poder tomar, já que evitam a formação de coágulos, mas não encontrou.

“Pensei duas vezes… o meu pai morreu de enfarte e morreu de enfarte porque ficou à minha espera e uma hora e meia depois. Não vou esperar por ninguém. Deixei um papel a dizer: ‘Fui para o hospital’. Meti-me no carro e fui a tossir e a respirar fundo pelo caminho a pensar: ‘O que é que me vai acontecer’”, contou Fernando Póvoas.

Cerca de 10 minutos depois, estava no Hospital de São João, no Porto, e parou “a 50 metros da porta de urgência”, sob o olhar dos seguranças: “Pensaram que eu ia trabalhar”.

“Como pessoa, não se deve fazer; como médico, é muito mais grave, porque sabe que não deve fazer. É de uma negligência que me envergonha perante si, perante o povo português, mas que é importante dizer que eu portei-me mal”, admitiu Fernando Póvoas.

“Nunca ninguém com um enfarte deve conduzir, porque a paragem cardíaca ou fibrilação auricular é uma das situações mais comuns que pode acontecer. E eu pensei nisso. Eu ia a uma velocidade moderada, mas nada justifica”, apelou.

“Sabia que tinha de ser rápido. De certa maneira, estava a ser egoísta, porque podia acontecer-me de ter uma paragem cardíaca, bater em qualquer lado… se morria, a culpa foi minha porque eu é que fiz para isso; agora, podia matar alguém e, aí, eu não posso ser tão egoísta. Não pensei nisso nessa altura”, confessou Fernando Póvoas.

Fernando Póvoas alertou que “a primeira coisa que se deve fazer é chamar o INEM, porque eles têm medicamentos próprios para pôr de urgência”: “Mas eu fiquei na dúvida entre eles encontrarem a minha casa, chegarem aqui”. “Mas, mesmo assim, nada justifica”, continuou.

“Fui um bocadinho egoísta, que é uma coisa que me incomoda”, revelou.

“Não quis acordar ninguém porque tinha de conversar, tinha de explicar o que tinha… não havia tempo! O facto é que, uma hora e um quarto depois de ter estado no hospital, estava no bloco operatório a fazer o cateterismo”, sublinhou.

“Às vezes, dizemos mal do Serviço Nacional de Saúde e, se não estivesse no Serviço Nacional de Saúde, não estava cá a falar consigo. Das coisas que mais me fez sentir e que mais me faz vir as lágrimas aos olhos é a maneira como tratam as pessoas… tratavam toda a gente com um carinho… independentemente da sua condição social, eram todos iguais. Acho que a gente tem de ter mais respeito, nós e o Estado, porque eles ganham tão pouco para o muito que fazem”, lamentou Fernando Póvoas.

O médico contou que teve uma obstrução na artéria coronária de 95%: “Foi mesmo na hora certa… 100% era morte súbita”.

Veja aqui uma parte da conversa.

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