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‘Estamos Aqui’: Ações solidárias dos portugueses ajudam quem mais precisa

Íris Neto
9 min leitura

O programa “Estamos Aqui” dá a conhecer os heróis sem bata que não baixam os braços e que, de forma voluntária, ajudam a comunidade a minimizar os impactos do isolamento e o sofrimento dos mais desprotegidos devido à Covid-19.

O programa deste sábado, apresentado por Alexandra Lencastre, traz-nos várias histórias emocionantes de gestos solidários espalhados pelo país.

A primeira iniciativa solidária retratada hoje no programa é referente à Casa do Povo de Ribeira de Neiva, em Braga, onde as visitas estão proibidas há várias semanas para a proteção de todos.

Para afastar o isolamento, há outras formas de animar quem lá está, sendo que os familiares podem receber visitas à varanda.

Sameiro Fernandes, familiar de uma das utentes, afirma que “é bom acima de tudo ela sentir que não está só. Continuamos a estar presentes. Fazemos aquilo que podemos” salientou.

Isolina Fernandes, utente do lar, não esconde a alegria por ver a família, no entanto, realça que fica triste “por vê-las pelas costas”.

Entretanto, outros idosos receberam mensagens dos familiares através da internet.

Paulo Guimarães, responsável pelo Marketing da instituição, afirma que tem “noção da ponte que se cria através dos meios de comunicação. É uma forma de conectá-los à família e que mais contribuiu para o seu bem-estar neste momento”, referiu.

O lar procura várias estratégias para animar os utentes e a música ao vivo foi uma das soluções encontradas.

Estas pessoas precisam de alguém que as anime. Escolhemos animar à distância”, afirmou Valter São Martinho, músico.

Dois amigos lisboetas decidiram juntar-se para ajudarem quem mais precisa

Após esta história, foi a vez de conhecer o trabalho realizado no Centro Recreativo Coruchéus, em Alvalade, por Vítor e Sandro Silva.

Os dois amigos, em conjunto com outros voluntários, decidiram ajudar quem mais precisa, fazendo as compras necessárias e as respetivas entregas.

Sandro Silva realça que “conseguir ajudar alguém que precise vale mais do que qualquer ordenado”.

Vítor Silva evidencia o papel de Sandro: “Ele está lá para tudo. Não há dinheiro que pague este tipo de coisas”, salientou.

Sandro Silva foi surpreendido pelos seus alunos e não conteve as lágrimas.

Este voluntário sente que tem um papel a desempenhar. Junta-se aos muitos que não se cansam de dizer: “Estamos aqui”.

“Se posso fazer a diferença, então vou marcar esta diferença”, concluiu.

Projeto Bombêuticos nasceu em Vila Nova de Gaia para entregar medicamentos a quem mais precisa

Por sua vez, em Vila Nova de Gaia há um movimento denominado “Bombêuticos”, que nasceu da necessidade de travar a pandemia através da parceria entre a Farmácia de São Paio e os Bombeiros Voluntários dos Carvalhos.

Através deste movimento, os voluntários entregam os medicamentos em casa de quem mais precisa e o combustível é pago por cada um deles.

Ricardo Santos (Comandante dos Bombeiros Voluntários dos Carvalhos) e José Nicolau (Farmacêutico) decidiram unir esforços para meter em prática o movimento.

O comandante afirma que este é um trabalho comum em prol dos outros.

José Nicolau afirmou ainda que “ser farmacêutico é uma missão. Quando se faz aquilo que se gosta não cansa. Quando acontecem estas coisas, mais do que nunca as pessoas precisam de nós”.

Os responsáveis pela iniciativa deixam uma palavra de esperança: “A gratidão das pessoas, das famílias que estão por trás fazem-nos continuar. É tão bom ajudar os outros”.

Miguel Ângelo começou a produzir álcool no Alentejo

Miguel Ângelo Nuno, da destilaria Black Pig Alentejo, decidiu modificar o foco do seu negócio para ajudar quem mais precisa.

O empresário, que se dedicava à produção de Gin, Medronho e Rum, passou a produzir álcool e gel desinfetante.

A Câmara Municipal de Santiago do Cacém ajuda o material a chegar às várias entidades. O objetivo deste projeto é doar todo o álcool para fins médicos e de desinfeção. Assim que o material está pronto é entregue às instituições sinalizadas.

Fizemos donativos nos lares de terceira idade, cruz vermelha e bombeiros e o município está a fazer a distribuição”, reforça Miguel Ângelo.

Álvaro Beijinha, presidente da câmara municipal, afirma que o jovem empresário “é um exemplo a seguir. Temos de agradecer ao Miguel que está a fazê-lo de forma totalmente gratuita”, reforçou.

Miguel Ângelo também foi surpreendido pela família que decidiu escrever-lhe uma carta.

É mais simples fazer desinfetante do que gerir emoções”, brincou.

“Eu acho que estamos a viver uma guerra que não escolhemos, mas é a nossa. Todos nós temos o nosso papel e espero que isto origine uma revolução de atitude. Fiquem seguros e obrigada”, concluiu.

Teresa e Isabel Ponte criaram o projeto “Porto Solidário”

Teresa e Isabel Ponte, irmãs, decidiram criar o projeto “Porto Solidário” para prestar auxilio a quem tem coragem de pedir ajuda. A iniciativa começou através de um grupo no Facebook.

Elsa Neves é um desses exemplos. Com três filhos estava com dificuldades alimentares e decidiu pedir ajuda. “Um bocadinho de cada vez vamos ultrapassando e tenho a agradecer tudo o que fazem pelos meus filhos”, salientou

Além de ajudarem através do Porto Solidário, as irmãs juntaram-se a uma iniciativa já existente “A Porta Solidária”, projeto da Igreja da Nossa Senhora da Conceição.

O Padre Rubens Marques afirma que “aquilo que os move são as pessoas e as suas necessidades. Neste caso servimos com comida e com roupa”.

“Temos alimentação e resposta do banco de roupa. Passámos de 160 para 400 refeições, no entanto, a par das necessidades têm aparecido quem doa bens essenciais”, afirma.

As irmãs confessam que aquilo que as move é ajudar os outros. “Essa empatia com o outro e a capacidade de ver que os outros precisam e que eu posso rapidamente estar nesse lugar é isso que nos move”, afirmou.

Voluntários em Castelo de Paiva começaram a produzir material para enfrentar a pandemia

Maria do Carmo Bernardes teve a ideia de lançar um desafio a várias pessoas com o intuito de produzirem material para quem está na linha da frente do combate à Covid-19.

O material é preparado no centro de operações e distribuído nas respetivas casas.

“São as pontes que unem pessoas a pessoas e são essas pontes que queremos manter para sempre”, afirmam as responsáveis pelo projeto.

Iniciativa Pão Solidário voltou a dar frutos

A iniciativa pão solidário, que nasceu da junção de três amigos – Ruben, António e Miquelina – está a crescer.

Passaram da produção de pão para a sopa e depois para a distribuição de cabazes de bens essenciais.

Rúben Marques e a equipa decidiu deslocar-se a Alcácer do Sal e com a ajuda de um emigrante na Suíça mudaram a vida de António e Teresa, um casal que vive com imensas dificuldades.

A equipa levou vários sacos com bens alimentares e com a ajuda deste emigrante conseguiram comprar um carro novo a António, que não tinha forma de deslocar-se para adquirir bens alimentares essenciais.

“São pessoas que viveram uma vida muito infeliz, muito humilde e merecem ter uma explosão de sentimos para saber que existem motivos para sorrir”, afirmou Ruben.

Parece que foi um anjo do céu que caiu para me ajudar em muita coisa”, afirmou o casal, que ficou visivelmente emocionado com este gesto.

“Hoje saímos daqui com um pouco de mais conforto no nosso coração. O Pão Solidário só tem sentido porque existem pessoas de bom coração que ajudam”, afirmam os responsáveis.

Estes pequenos gestos de todos estes voluntários tornam o combate a esta pandemia um bocadinho mais leve e trazem a esperança de que melhores dias virão.