fbpx

Emídio Rangel explica os motivos que o levaram a recusar o «Big Brother»

A Televisão
4 min leitura

Rangel

Emídio Rangel é o nome do homem que aparece ligado ao nascimento da TSF e da SIC. O antigo diretor de programas do primeiro canal privado português desmistifica o que o levou a trazer tantos profissionais da rádio para a estação de Carnaxide e ainda as razões que levaram a SIC a não apostar no Big Brother.

«Fui convidado pelo Dr. Pinto Balsemão, e na altura fiz o convite aos meus camaradas da TSF, que me aconselharam a aceitar», começa por o antigo diretor de programas do canal, que assume que se o projeto não fosse liderado por si podia ter trazido outras consequências para a rádio. «Era uma novo desafio, mas também poderia ajudar a rádio, porque se eu não estivesse à frente do novo canal a sangria de profissionais seria muito maior», diz Rangel que elogia a histórica emissora: «Nós tínhamos o tom certo da informação que se pretendia e qual novo operador iria buscar muitos dos nossos jornalistas. Eu próprio fui buscar alguma gente da TSF para o desafio da SIC, mas não foi uma hemorragia, não foi 80% a 90%, como seria previsível», relata em entrevista ao jornal I.

O antigo diretor de programas da SIC e grande responsável pelo nascimento do canal de Francisco Pinto Balsemão garante que quando chegou a Carnaxide a ideia era «muito pouca coisa» não passando de «meia dúzia de folhas dactilografadas com uma espécie de declaração de intenções». «Não havia projeto de informação e o mesmo se sucedia em relação à programação», reforça.

Na SIC desde a sua criação Rangel aceitou o convite do dono do grupo Impresa mas foi anos mais tarde que o responsável viu a TVI ultrapassar a estação de Carnaxide com a recusa do canal em comprar o primeiro reality show que acabaria por representar para a estação de Queluz de Baixo o ataque à liderança. «Aconteceu porque apareceram esse novos formatos. A SIC podia ter feito isso em exclusivo, mas eu considerei que aquele formato não era rentável no modelo da SIC», conta o antigo jornalista que admite que a compra e o engavetamento do formato seriam a melhor opção: «Nós devíamos ter comprado para pormos na gaveta e ganharmos algum tempo para poder arranjar alguma coisa que pudesse contrabalançar isso.»

«Para mim, o Big Brother não era exibível na SIC porque afetaria a credibilidade do resto da estação. Mas os meus argumentos não foram ouvidos pelo Dr. Francisco Balsemão porque isso implicava um milhão, mas os acionistas da SIC, só viam dividendos, e essa cegueira levou-nos a largar mão desse expediente e a perder a liderança com custos acrescidos para os acionistas», afirma o jornalista que em 2001 acabaria por regressar à RTP1.

Questionado se voltaria a fazer tudo igual e colocaria no ar o Big Brother então apresentado por Teresa Guilherme na TVI, Emídio Rangel  foi peremptório: « Não, teria exatamente a mesma coisa. Adivinhava-se o sucesso do Big Brother, mas aquilo era fazer caminho para trás. Quando a SIC começou foi tendo formatos populares, simples e baratos, mas depois foi sempre melhorando de qualidade e complexidade, e quando estava numa fase não se admitia voltar com tudo atras em termos de relação com o espectador», conclui.

Siga-me:
Redactor.