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Diogo Valsassina: As saudades do pai, a morte de Francisco Adam e o afastamento da TV

Diogo Valsassina foi entrevistado por Daniel Oliveira no 'Alta Definição' e falou de vários temas, inclusive da morte do pai.

Vanessa Jesus
8 min leitura
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Diogo Valsassina foi entrevistado este sábado, dia 14 de novembro, por Daniel Oliveira no ‘Alta Definição’. O ator falou de vários temas, inclusive da morte do pai.

Gravações de ‘Terra Brava’

Aconteceu tudo e mais alguma coisa e depois da quarentena… Para começar, voltou tudo cheio de saudades, o que é bom. Voltou tudo com uma energia e uma pica desgraçada para gravar. Depois toda a gente queria dar abraços, mas não podia”, começou por dizer.

“Estávamos todos sem saber o que é que havíamos de fazer e como é que nos havíamos de nos comportar”, acrescentou.

Período afastado da televisão

Diogo Valsassina esteve seis anos afastado da televisão, um momento muito complicado. “Tentava ser uma pessoa muito positiva, o que era difícil. Depois chegou a uma altura em que pensei que não podia estar à espera. Os meus pais sabiam o que se estava a passar. Quando precisava de dinheiro pedia-lhes emprestado… Já vivia com a Ana Guiomar e nisso ela foi um apoio inacreditável. Não sei se existem muitas pessoas que conseguiriam aguentar o que ela aguentou”, disse.

Tentei sempre não ser amargo, mas depois chega a um ponto em que é quase impossível. Custava-me muito quando ligava a televisão e via outros a trabalhar, a fazer coisas que poderia ser eu a fazer, e perguntava ‘porque é que não sou eu?’. E principalmente com outra pessoa em casa, que é atriz e que nunca parou, felizmente, e por mérito próprio”, disse.

O facto de não conseguir trabalho fez com que questionasse o seu próprio talento e até o corpo. Foi chamado mais tarde para trabalhar na produção dos ‘Ídolos‘ e ‘Got Talent‘.

Dor com a morte do pai

O pai do ator faleceu de forma inesperada em julho do ano passado. “Sou um homem diferente do que era há um ano. Sinto uma tristeza às vezes gigante. Não sou um homem triste, mas se há um ano não me deixava afetar por tristezas e coisas más, hoje em dia deixo-as entrar de uma forma calma e controlada porque as coisas más fazem parte da vida, porque nós temos de aprender a lidar com elas e não vale a pena chutar para canto uma coisa que é má. Deixar as coisas más fazerem parte da minha vida sem me afetarem ao ponto de não conseguir fazer nada”, disse.

“É a dor mais terrível que senti até hoje e eu perdi pessoas relativamente cedo. Perdi o meu melhor amigo aos 18 anos – e foi um choque terrível para mim e para toda a gente deste país – que era o Francisco Adam. Foi o meu primeiro contacto com a morte de uma forma próxima, depois perdi os meus avôs, mas isto… Ninguém te prepara para isto. É muito difícil“, continuou.

Houve uma parte de mim que morreu quando o meu pai morreu, garantidamente. O Diogo infantil, sempre bem disposto, que estava sempre tudo bem, acabou, desapareceu. Esse Diogo eventualmente teria de desaparecer, mas não precisava de ser desta forma. Faço um esforço para nunca me lembrar das coisas más. Cada vez que penso no meu pai, penso em memórias boas. Claro que ao estar a pensar no meu pai, tenho sentimentos que não são bons, mesmo estando a pensar em coisas boas. Isto é tudo uma contradição. Mas faço um esforço“, acrescentou.

O que ficou por dizer é o quanto gostava dele e o quanto ele foi e é para mim. Não dizemos isso às pessoas vezes suficientes em vida, e depois quando elas já não estão ficas com esse sentimento de culpa. Porque é que eu não disse mais vezes, porque é que não fui mais vezes a casa? Porque às vezes somos parvos e damos as coisas como garantidas. E a verdade é que não são“, sublinhou.

Falou com o pai presencialmente uma semana antes da sua morte e por mensagem horas antes: “A última coisa que disse, escrita, ao meu pai foi: ‘feita a transferência’. Não te passa pela cabeça o que vai acontecer, porque se não, nunca teria sido feita a transferência. Teria sido tudo isso que acabei de dizer: és importante, eu amo-te“.

Dia da morte do pai

Por acaso levei o telemóvel. Começa a vibrar, vejo que é a minha mãe e não atendi. Entretanto houve uma pausa no programa e vi uma mensagem da minha mãe a dizer que o meu pai não se estava a sentir bem. Liguei logo à minha mãe, ela não atendeu, atendeu o meu irmão fora de si“, começou por contar Diogo Valsassina.

Foi de imediato para casa e o pai já estava a receber assistência. “Às vezes penso que quando cheguei o meu pai já estava no chão e eles estavam a tentar reanimá-lo, mas a minha mãe e o meu irmão viram tudo. Como é que tu vês um pai, um marido, um amigo de uma vida inteira assim e tu sem conseguires fazer nada. Deve ser uma dor terrível“, disse, revelando que a mãe foi viver com o casal nas semanas seguintes.

A morte de Francisco Adam

A morte de Francisco Adam, em 2006, durante as gravações dos ‘Morangos com Açúcar’ foi também muito marcante. O ator convidou Diogo Valsassina para ir a um estabelecimento noturno ter com ele, mas este recusou. Acabaram por combinar encontrar-se mais tarde na casa do namorado de Ana Guiomar. No entanto, Francisco Adam nunca mais chegou.

No dia seguinte, Diogo Valsassina tinha várias mensagens a perguntar se Francisco estava com ele. A produtora da TVI acabou por confirmar a trágica notícia.

O choque foi para toda a gente. Um puto de 22 anos que estava a explodir. Aquele gajo se fosse vivo hoje em dia, ninguém o segurava. Tenho a certeza disso“, disse Diogo Valsassina.

O funeral foi terrível ao ponto de estarmos do outro lado do muro do cemitério, já lá dentro, a escolher quem é que podia entrar. Com a morte do Chico, morreu a vontade de continuar a fazer aquilo. Já estava a fazer os ‘Morangos’ há um ano e meio e, de repente, todas as cenas que eram dele passaram para mim. Estava a gravar que nem um doido, cenas dele com a Diana Chaves, aquilo já não fazia sentido. Tenho memórias inacreditáveis que vou guardar para sempre“, rematou.

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