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António Pedro Cerdeira: “Veres a tua mãe transformar-se num cadáver à tua frente é complicado”

A Televisão
5 min leitura

António Pedro Cerdeira foi o convidado deste sábado do programa ‘Alta Definição’. O ator esteve à conversa com Daniel Oliveira.

Daniel Oliveira recebeu no ‘Alta Definição’, António Pedro Cerdeira. O ator abriu o coração para falar da sua vida pessoal e profissional.

Relação com os filhos

“Durante muitos anos vivi com o peso de ser pai separado”, começou por confessar António Pedro Cerdeira, que afirma viver hoje tranquilo com a distância a que vive dos dois filhos, Afonso e Lourenço.

“Sinto que eles têm orgulho em mim e fico muito feliz”, garante o ator, contando que tem com os filhos uma relação de grande cumplicidade, amizade e companheirismo.

Morte da mãe

“Os pai fazem-nos muita falta”, desabafa o ator,  que perdeu a mãe há cerca de um ano. A progenitora tinha 80 anos e a sua morte aconteceu repentinamente, após ter iniciado a quimioterapia para travar a leucemia com a qual lutava. “É uma saudade que fica, é um buraco que fica em ti. Eu acho que não se fica melhor pessoa. Ficas… mais pobre. Claro que as pessoas vivem em ti, mas ficas muito mais pobre.  Sentes-te mais só“, frisa.

“Foi um processo doloroso, porque foi repentino a mudança física (…) aprendes a viver. É uma parte de dor, mas a minha vida tem de seguir (…) são vários estágios de dor e de luto. É um processo solitário. Um processo solitário, que nunca se cura”, acrescenta o ator

Desde a morte da progenitor, o ator só conseguiu entrar três vezes na casa onde a mãe vivia. “Este é o primeiro trabalho que eu estou a fazer que ela não vê. Era a minha grande fã”, conta.

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A rápida e repentina decadência física da mãe foi o que mais o magoou. Tu veres uma pessoa [a tua mãe], de repente, a transforma-se num cadáver à tua frente é muito complicado“, diz.

Eu sai para vir trabalhar e sabia que era a última vez que a ia ver“, acrescenta, recordando o dia em que, a meio das gravações da novela que estava a fazer na altura, soube da morte da mãe. António Pedro Cerdeira optou por continuar a gravar e não tirou dias de descanso, a que tinha direito. “É um processo de cura que eu acho que nunca se cura”, atira.

Aos 21 anos, António Pedro Cerdeira teve de reconhecer o corpo do pai. Aos 49, o da mãe. “É uma imagem que tu guardas, mas o inconsciente encaminha-me para pensamentos positivos, mas há coisas que te ficam guardadas”, afirma.

“A minha mãe tinha uma grande forma de viver. Dos meus pais guardo essa força, a capacidade de luta interior. Foi isso que eles me deixaram. Gosto muito de lutar e de agarrar à vida”, garante.

Perda de amigos

No último ano e meio foram duros a nível de perdas. Perdeu a mãe, o amigo Pedro Lima e, mais recentemente, Maria João Abreu. António Pedro Cerdeira conta como reage à ausência das “suas pessoas”?

“Vivo com muita saudade das pessoas (…) a perda é sempre a perda. Acho que tu arranjas maneiras de a contornar de viver com ela, mas nunca fica sarada.Acho que ficamos realmente mais pobre enquanto seres humanos”, garante, visivelmente triste.

De Pedro Lima, recorda a “maneira bruta que ele tinha de chegar”. “Tenho saudades da gargalhada dele. Ainda me custa a aceitar. Juro-te que muitas vezes é como se ele estivesse vivo (…)”, diz. “Somos uma enorme caixinha de supresas. Passamos por tanto… somos mais frágeis do que parecemos”, acrescenta António Pedro Cerdeira.

Sobre Maria João Abreu, o ator garante: “Todos os dias tinha um sorriso e boa energia para te dar, para te transmitir. O exemplo dela é o que nos faz querer brilhar ainda mais, querer sorrir ainda mais, querer dignificar e honrar este projeto [“A Serra”] em nome dela, porque era uma pessoa que merecia isso. Esse sorriso, essa boa disposição, esse abraço que perdura em nós e que vai continuar, e que nós nos lembramos, é a marca que ela nos deixou e é o que vai mudar neste elenco, é ainda lutar mais”

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