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António Bravo foi para a Austrália para fugir de relação tóxica: “Deixei de existir”

A solução, segundo António Bravo, era ir embora para “o mais longe possível”.

Ana Ramos
5 min leitura
SIC

António Bravo esteve, esta segunda-feira, no programa de Júlia Pinheiro, na SIC, onde falou sobre uma relação tóxica que viveu e que o fez emigrar para o outro lado do mundo.

Depois de ter passado uma adolescência em que se “sentia atraído por homens” e, “ao mesmo tempo, por mulheres”, António Bravo apaixonou-se perdidamente por um homem e teve a noção de que “envolve sentimentos, não é só uma coisa física”.

“Apaixonei-me muito. Correu bem no princípio. Entrei ali de rompante, ‘bora viver isto e estou nem aí para o que vão achar. Em três dias, contei aos meus pais. (…) Eu via estrelas. Acho que não me sentia feliz há tanto tempo. Pela primeira vez, não precisava de capa nenhuma. Estava a começar a viver a minha verdade”, começou por contar, referindo que chegou a viver com este homem.

“Quando começou, era uma paixão assolapada e os amigos da pessoa diziam: ‘Nunca o vimos assim’. E, de repente, a pessoa com quem eu estava era mais velha e veio com uma bagagem de trás que não quis lagar lá atrás e que não era muito boa”, contou, referindo-se a “adições, personalidade complicada”.

António Bravo confessou que só soube da adição a drogas mais tarde, mas que achou que tinha o papel de salvá-lo daquele mundo negro em que estava. “É a tal coisa: Hoje é assim, mas amanhã vai ser diferente e comigo vai ser diferente. Chega a um ponto em que mentalizamo-nos daquilo, sabia que ia ser muito complicado, mas não ia desistir. Já tinha visto tantos a desistir daquela pessoa que eu não queria ser mais um”, recordou, sublinhando que a personalidade de cuidador já “é de família”.

“Deixei de viver para mim para viver para aquela pessoa, é como se me tivesse anulado. (…) Estava muito vidrado naquilo e deixei de existir durante muito tempo”, sublinhou, indicando que, aos 27 anos, “estava com a cabeça feita numa papa”, num “misto de emoções”.

“Houve um dia em que entrei numa depressão profunda e rebentei. É chegar a um ponto em que acordamos e, literalmente, pensamos: ‘Isto já não faz sentido estar aqui, já não me reconheço a mim próprio’. Desta vez, já nem me apetecia estar com os meus amigos, não conseguia estar feliz”, contou.

António Bravo confessou que chegou a pensar em tirar a sua própria vida, mas que foi um pensamento “muito rápido”: “’António, esquece! Tens 27 anos, és um puto, tens uma vida pela frente! Consegues dar a volta, isto não vai acabar contigo’. No dia a seguir, fui inscrever-me no ginásio, fui gastar energia”.

A solução, segundo António Bravo, era ir embora para “o mais longe possível”. Foi então trabalhar para o Algarve com o propósito de “ganhar dinheiro para ir para a Austrália”. “Foi um corte em que tive de me reestruturar, reaprender a lidar com as emoções outra vez. O peso que senti quando entrei no avião, para mim, foi um recomeço, mas a saber que era só um passo, mas a saber que tinha muitos mais para dar”, declarou.

António Bravo lembrou que a família foi um dos “maiores apologistas” a que tomasse esta decisão: “Tive mesmo de ir. Às vezes, acho que é o mais fácil e o mais importante fugir e começarmos do zero, com pessoas novas à nossa volta, sem pensarmos tanto sobre o que deixámos para trás”.

Foram dois anos que passou na Austrália, a trabalhar num hotel e a servir às mesas num restaurante. “Foi a melhor coisa que eu podia ter feito na minha vida, não só porque me ajudou a curar este percalço na minha vida, mas a sair da minha zona de conforto”, explicou, acrescentando que estava “muito feliz” e podia viajar “imenso” e redescobrir-se.

“Não eram precisas máscaras. Ali estava mesmo a viver para mim. A partir dali, comecei a pôr-me em primeiro”, confidenciou.

Quando também lá chegou a Covid-19, António Bravo fez as malas e, no dia seguinte, já estava em terras lusas: “Lá tinha a minha vida estruturada, ainda tinha mais planos para mim naquele sítio e, do dia para a noite, a coisa mudou. Mas ainda bem que mudou”.

Veja uma parte da entrevista aqui.

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