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«Totalmente Demais»: Mesa Redonda com Marina Ruy Barbosa, Felipe Simas, Paulo Rocha e Humberto Martins

David Soldado
11 min leitura

Esta é a semana de estreia da novela Totalmente Demais em Portugal e o A Televisão esteve à conversa com quatro dos atores em maior destaque na história. São eles Marina Ruy Barbosa, Felipe Simas, Paulo Rocha e Humberto Martins. Numa mesa redonda entre a imprensa e os atores, a conversa ficou pautada pela animação e entusiasmo vivido com este projeto televisivo. 

Totalmente Demais – A História e o Porquê dos portugueses não poderem perder a novela

Marina Ruy Barbosa: Esta novela é um conta de fadas e uma trama que trata de assuntos muito sérios, mas de uma forma leve. Fala sobre a transformação e sobre o acreditar nos sonhos e na superação também. Logo no início da história, a minha personagem Elisa sofre de assédio do padrasto, personagem de Paulo Rocha, e foge para a cidade em busca de um futuro melhor. É esta a sua grande motivação. Durante a trama, a Elisa vai-se transformando e superando todos os seus medos. Esta novela faz-nos ter pensamentos bons, faz-nos acreditar, faz-nos ter esperança e, portanto, é uma novela boa.

Paulo Rocha: No estado em que o Brasil se encontra, é importante passar esta mensagem de esperança e de transformação e superação das dificuldades. A ligação entre todos os setores envolvidos nesta novela é tão coesa e toda a gente está para o mesmo lado. Tem uma assinatura específica e não tem falhas porque cada um não tem de trabalhar num tom diferente ou mesmo os tons que são diferentes nos diferentes núcleos da novela falam a mesma voz e estes são ingredientes mais que suficientes para Totalmente Demais ser digna de ser vista.

Marina: É uma novela que está a atingir vários públicos diferentes. É uma novela que tem os ingredientes certos e o seu drama está a chamar a atenção de públicos diferentes.

Humberto Martins: A referência da novela é popular. Ela é um ingrediente da vida do ser humano que assiste. É um retrato vivo daquilo que a vida lá está passando. A importância não só da minha personagem como das outras personagens vem dessa directriz da identificação do público com o ser humano único. Os autores impressionaram-me. São novos, mas mostraram-me uma noção muito grande de construção de personagem que o público identifica-se mais por não serem personagens estabelecidos. Todos eles têm os seus momentos de vilania, de doçura e de encantamento.

Perfil e Construção das personagens:

Marina: A Elisa é uma mocinha que vai sofrer durante a trama e então eu tinha um certo medo de como iria ser a minha execução e de como o público iria chegar à personagem: «Ah! Que garota chata essa personagem». Mas as pessoas entenderam os conflitos e entenderam o que ela estava passando. Ela passa por muita coisa que a vai transformando.

Felipe Simas: É muito bacano ver o amadurecimento do Jonatas. A personagem Dr. Germano oferece-lhe uma oportunidade de querer ser alguém na vida e diz-lhe: “Oh! No início isto vai ser mais difícil, vai ganhar menos. Olhe para o seu futuro que não pode ser na rua. Tem de ser onde alguém possa cuidar de você, possa crescer e onde possa trabalhar com disciplina e respeitando os outros”. E o Jonatas enxerga isso do Dr. Germano. Vê nele como um pai, uma figura paterna, respeitando muito o limite dele e aos poucos ganha a sua confiança.Acho que o amadurecimento de Jonatas é uma doçura e é bonito de se ver.

Humberto: [Lidar com as emoções devido à morte da sua filha] foi um factor muito complicado. Acho que na vida real, ele não estaria tão conformado como o Germano começou. Na novela há a inclusão desta personagem que precisava de ser dura e de ser um pilar de sustentabilidade para um desabafo à vida. É uma personagem que é um homem muito trabalhador e que veio de baixo assim como o Jonatas. É, por isso, que ele entende muito bem a personagem do Felipe [Simas] porque entende que essa é a única forma do ser humano chegar a algum lugar na vida. Ele segura isso tanto que às vezes eu queria fazer cenas emocionadas sobre a Elisa [personagem de Marina Ruy Barbosa] e o diretor falava «Humberto, não! O limite de emoção desse personagem vai até ali naquele pedaço onde você faz». Mas eu não seria dessa forma. Acho que não seria em dois anos que me ia resolver [Nota: Na novela, a sua filha morreu há dois anos], a minha vida ia acabar em termos de felicidade interna e de contemplatividade. Eu tenho a certeza que eu iria desvair de muitas coisas, talvez até abandonar o lugar onde morasse. Eu não iria ser tão duro quanto o Germano.

Paulo: É sempre um desafio fazeres personagens com as quais não te identificas nem pela lógica nem pela forma de pensar. Só que nós temos de perceber que a nossa função enquanto atores é fazer a representação da realidade e esses comportamentos desviantes e essas posturas menos corretas de acordo com o convencionado pela sociedade, no caso da nossa sociedade ocidental, são igualmente importantes serem demonstrados. Eu pessoalmente gosto de fazer personagens que têm esse tipo de comportamento, o que permite explorar um lado diferente. Para mim, ele [a personagem Dino] vive num micromundo que é aquele barco, na beira da estrada, uma zona rural, onde na verdade ele é um rei déspota daquele micromundo que não tem respiração para o resto da sociedade. Então, as leis e as referências daquelas pessoas que viveram ali condicionam, de alguma forma, o padrão comportamental dele. Foi muito prazeroso [preparar esta personagem].

O Sucesso de Totalmente Demais no Brasil

Marina: Quando a gente começou a preparar a novela, a gente já tinha visto que era uma história gostosa e que o texto era bom. Os autores têm um bom gosto na hora de escrever e de tratar todos os assuntos de uma forma muito inteligente. Então, claro, que a gente acreditava neste sucesso. Pelo menos para mim, a produção está muito melhor do que esperava e surpreendeu-me muito positivamente. Nas redes sociais, vemos o quanto o pessoal está dentro da história e é uma torcida muito forte entre o público. É uma novela que faz as pessoas repensarem sobre como agir.

Humberto: Eu não ligo às audiências. Eu não baseio em números. Isso não é um problema meu, mas sim da empresa. Todo o mundo comemora, eu comemoro junto claro porque todos estão vendo que está a dar certo mas isso não me diz respeito. Eu não ligo a isso. Quero fazer o meu trabalho e estar presente para fazer o melhor que poder.

Marina: Eu já fiz novelas que não tinham tanta audiência assim, mas acho que isso não pode ser um factor desanimador. Todo o trabalho que fazemos é importante porque aprendemos, mas de vez em quando fico sabendo das nossas audiências e isso é bom. Dá orgulho saber que estamos a fazer uma coisa que está a ser bom para todo o mundo e está todo o mundo feliz no trabalho. E também é bacano para a empresa. Dá uma sensação de que “está tudo bem!».

Intercâmbio entre atores brasileiros e portugueses

Humberto: É muito fácil trabalhar com o Paulo [Rocha]. Ele ajuda muito. Dá uma aula para a gente fazer a cena e então ele insiste em você para ter aquelas reacções e sentir aquilo. O processo fica mais intenso e profundo.

Marina: Acho incrível. É bom porque a gente aprende. A gente troca e experimenta. O Paulo veio [para o Brasil] muito disponível para aprender e também para ensinar e isso é muito bom.

Futuros projetos na ficção portuguesa

Humberto: Gostava de participar, mas a TV Globo parece que não me deixa nem fazer os meus projetos de teatro [risos]. Mas eu quero muito. Porque não? Gostaria muito sim, se houver convites podem contar comigo.

Marina: Eu tenho muita vontade de ir a Portugal como turista e conhecer tudo. E trabalhar, claro, seria uma oportunidade incrível.

Filipe: Tenho vontade de ir. Tenho um grande mestre que foi meu professor de teatro na faculdade e está em Portugal agora a trabalhar. Era uma oportunidade e pretendo conhecer Beja.

Paulo: Tenho saudades. A verdade é que já tive alguns convites bastante interessantes, mas por questões de agenda não tem sido possível conciliar. A curto/médio prazo talvez seja possível tornar isso real.

 

 

Redactor.